ARTIGO

Novo Ensino Médio concede protagonismo aos jovens

EuEstudante
postado em 24/02/2022 19:28 / atualizado em 24/02/2022 19:29
 (crédito: EuEstudante)
(crédito: EuEstudante)

Moisés Domingues*

O Ensino Médio tem passado, nos últimos anos, por uma grande transformação no Brasil. É uma mudança muito positiva e esperada por educadores e estudantes, já que o Novo Ensino Médio permitirá maior protagonismo do nosso aluno. Caberá a ele escolher quais os itinerários formativos deseja percorrer para aprofundar ou ampliar seu conhecimento e, assim, desenvolver habilidades para tomar decisões e agir de modo responsável nas mais diversas situações, seja na escola ou na comunidade, além de se preparar para a sua formação profissional futura.


Há anos, o Brasil discute uma proposta capaz de tornar as escolas mais conectadas com a realidade da vida de um jovem em pleno século 21. Finalmente, em 2017, o governo federal, por meio da Lei nº 13.415/2017, definiu as regras para o Novo Ensino Médio e assume uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com um núcleo comum obrigatório para todas as escolas do País.


Ao optar pela criação de dois a inúmeros itinerários formativos desde o primeiro ano do Ensino Médio, sempre contemplando as áreas de conhecimento, as escolas passam a oferecer aos alunos a oportunidade de escolher parte das disciplinas que desejam cursar e que podem lhes dar maior preparo. Não apenas para o vestibular. O objetivo é proporcionar formação mais ampliada a esses jovens, além de uma visão de mundo mais aprofundada.


O Ensino Médio é uma fase de formação muito importante dos nossos jovens. É o momento em que eles começam a entrar no mundo adulto, se tornam cidadãos de fato. E para que essa transformação de vida aconteça, os jovens têm a necessidade de serem ainda mais plurais para enfrentarem as especificidades que o mercado de trabalho e a sociedade cada vez mais exigem de todos nós.


O protagonismo agora é dos alunos. São eles que vão selecionar, diante das ofertas curriculares das escolas, as habilidades, as atitudes e os objetos de conhecimento que desejam desenvolver e mobilizar durante o Ensino Médio, tendo garantida para todos a carga horária da Formação Geral Básica prevista na BNCC.


Os componentes curriculares eletivos ou opcionais, a metodologia transdisciplinar e os projetos integradores elaborados a partir de eixos estruturantes proporcionarão, desde o primeiro semestre do Ensino Médio, o desenvolvimento de habilidades específicas nesses jovens. O modelo anterior, que investia apenas em aquisição de conteúdo, está sendo substituído por um modelo voltado para o desenvolvimento real de competências.


Na questão da formação para a prática de uma cidadania global responsável, com os itinerários de conhecimento abre-se também uma porta para a realização de projetos de vida (autoconhecimento), de voluntariado e de ações sociais que são de extrema importância quando defendemos que a sociedade precisa, mais e mais, de pessoas que olhem para o próximo com ideais de efetivo comprometimento social.


As mudanças trazem também maior período do aluno nas escolas, pois a carga horária obrigatória de 2,4 mil horas nos três anos passa para 3 mil horas, na fase de implantação, com perspectivas de chegar ao tempo integral com 1.400 horas anuais. Isso terá impacto positivo nesse período de desenvolvimento de competências desses jovens, pois permitirá que eles tenham mais tempo para o desenvolvimento de projetos formativos melhor elaborados e mais consistentes.


A educação brasileira e a formação dos nossos jovens não podem estar distantes da realidade do País, e as mudanças no Novo Ensino Médio são bem-vindas justamente porque permitem fazer uma pequena revolução na forma como professores, educadores e alunos se relacionam. Permite a efetiva instalação de uma interdisciplinaridade e um trabalho conjunto muito mais colaborativo para a melhor formação desses jovens.

 

*Professor e diretor de Ensino do Colégio Miguel de Cervantes, em São Paulo

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