Nesta quinta-feira (11/2), comemora-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) visa incentivar a participação feminina na área da ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
O estudo Las brechas de género en la producción científica Iberoamericana (As brechas de gênero na produção científica Iberoamericana, em espanhol) da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), divulgado em 2018, revelou que o país com mais mulheres assinando artigos científicos é o Brasil. 72% das produções das instituições brasileiras têm ao menos uma autora.
No entanto, o Science Report (Relatório de Ciências, em inglês) da Unesco, lançado em novembro de 2015, expôs a desigualdade na área da pesquisa quando se fala em gênero. Enquanto homens representam 72% dos pesquisadores, mulheres ficam com uma fatia de 28%. O número varia de acordo com a região, no Caribe, Ásia Central e América Latina a proporção sobe para 44%.
Já o Cracking the code: Girls’ and women’s education in science, technology, engineering and mathematics (Quebrando o código: Educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática para meninas e mulheres), estudo da Unesco publicado em 2017, mostra que somente cerca de 30% de todas as estudantes mulheres escolhem uma formação relacionada à ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
O estudo também indica que as meninas aparentam perder o interesse na área por volta da adolescência, mas é na educação superior que fica mais evidente. Contrariando a tendência, a pesquisadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Sabin Ticiane Henriques Santa Rita, decidiu deixar sua marca na ciência.
Em 2008, quando fazia iniciação científica na faculdade de biomedicina em Aracaju (SE), teve o primeiro contato com o desenvolvimento da pesquisa e, na Universidade de Brasília (UnB), fez mestrado e doutorado. Já formada e atuando no laboratório recebeu prêmios internacionais no desenvolvimento de um teste que diferencia zika, dengue e chikungunya e, quanto ao coronavírus, desenvolveu um exame que teve larga produção diária.
Ticiane conta que a principal inspiração para seguir na área de pesquisa é outra mulher, a mãe. “Ela é professora e sempre estudou bastante. Eu sempre via isso nela, de correr atrás e investigar um determinado fato. Esse meu lado mais curioso veio dela, apesar de não trabalhar diretamente com pesquisa”, lembra.
Como uma mulher nordestina, já sofreu preconceito durante a formação na UnB, mas não impediu que seguisse trilhando carreira nessa área. “Sei que a gente ainda tem muito caminho a percorrer, mas essa é uma data que merece ser comemorada pelo tanto de mulheres incríveis que temos na ciência”, ressalta. A pesquisadora considera que comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é importante como uma forma de mostrar representatividade feminina na ciência.
*Estagiário sob a supervisão da editora Ana Sá