Escotismo

Conheça o movimento escoteiro que contribui na formação de jovens brasilienses

Com a pandemia de covid-19, as atividades que eram feitas ao ar livre tiveram que ser reinventadas para serem desempenhadas de forma on-line

Júlia Mano*
postado em 04/05/2021 16:30 / atualizado em 05/05/2021 13:42
O movimento escoteiro em Brasília engaja mais de mil jovens atualmente
 -  (crédito: Rayassa Farias/ Escoteiros do Brasil)
O movimento escoteiro em Brasília engaja mais de mil jovens atualmente - (crédito: Rayassa Farias/ Escoteiros do Brasil)

O movimento escoteiro no Distrito Federal começou em 1958, antes mesmo da inauguração da cidade. Atualmente, tem 1043 membros divididos em 65 grupos espalhados pelo DF que realizam diversas atividades com o objetivo de desenvolvimento pessoal de cada participante. Antes da pandemia de covid-19, elas eram realizadas ao ar livre, mas, em 2020, os encontros migraram para as plataformas on-line Google Meet, Microsoft Teams e Zoom. Além disso, o movimento faz parte do segmento educacional denominado educação não formal.

 

O grupo foi fundado em 1907 pelo ex-general Robert Baden-Powell, após o seu afastamento do exército inglês. Com isso, ele aproveitou técnicas aprendidas durante o seu período militar que seriam úteis no desenvolvimento dos jovens, para que assim pudesse criar um movimento de educação. Apesar disso, o escotismo não tem características militares, por escolha própria de Robert.


Em abril de 1910 foi quando o movimento de escoteiros chegou ao Brasil, e em novembro de 1924 foi criada a União dos Escoteiros do Brasil (UEB). A associação é sem fins lucrativos, de caráter educacional, cultural, beneficente e filantrópico.


Educação não formal

O escotismo é considerado uma forma de educação não formal. Isso porque as atividades ocorrem fora do sistema tradicional de ensino, ou seja, apresentam uma dinâmica diferente das aulas expositivas e não exigem métodos avaliativos.


Aliado a isso, as práticas devem acontecer de forma organizada, voltadas à valorização de emoções e motivações e, também, contribuir de maneira complementar para a formação do jovem, não substituindo o espaço formal das salas de aula. Outros exemplos de locais de educação não sistêmica são museus, planetários, bibliotecas e zoológicos.

 

A União dos Escoteiros do Brasil tem um plano educacional que serve de base para o preparo das atividades que os jovens vão desempenhar, eles precisam se desenvolver e isso acontece por meio de desafios propostos que estimulam os jovens a se superarem de acordo com diferentes etapas do crescimento.

 

Além disso, o movimento tem como missão a de contribuir com a educação por meio de um sistema de valores que se baseia na Promessa e na Lei Escoteira. Os valores são: diversidade – no que tange o respeito às diferenças e a defesa dos direitos humanos –; honestidade; excelência; democracia; inclusão; inovação – é estimulada a capacidade de implementar novas ideias e a busca por soluções criativas para o êxito e constantes atualizações da organização –; compromisso; sustentabilidade; cooperação; transparência; e unidade – por meio da harmonia nas ações para fortalecer a identidade unificada do escotismo brasileiro.


Para Adriana Frony, 49 anos, presidente dos escoteiros da região do Distrito Federal, o movimento contribui para a formação do indivíduo, pois o jovem vai aprender a pensar primeiro no outro, a fazer boas ações, a colaborar e contribuir com a comunidade em que vive. “Por meio do respeito à natureza, em respeito ao outro, a gente consegue, sim, fazer dessa pessoa, um cidadão diferente”, declara.

 

Maria Elisa Marra, 19, é escoteira desde 2014. A menina também é estudante de matemática na Universidade de Brasília (UnB). “São inúmeras as questões onde o escotismo contribuiu e ainda contribui na minha vida. Em questão de conhecimentos, eu precisava pesquisar sobre assuntos variados para conquistar os distintivos.”, avalia.

 

A estudante compartilha que desde que entrou para o movimento adquiriu mais conhecimentos culturais. Ela teve contato com outros estados do Brasil e outros países através de pesquisas e convivência com pessoas desses locais.


Para Maria Elisa, outra questão que, por meio do escotismo, conseguiu desenvolver foi o espírito de liderança e o trabalho em equipe. “Hoje eu sei trabalhar com pessoas diversas, antes eu só conseguia com quem estava ali na minha zona de conforto”, declara.


“A forma como eu enxergo o mundo mudou muito também, então hoje eu vejo tudo com mais cautela, mais empatia, compaixão, dou muito mais valor à natureza e a aprecio mais. Fora as habilidades que aprendi como nós, primeiros socorros e entre outras coisas”, conclui Maria Elisa.


Reinvenção na pandemia

De acordo com a presidente dos escoteiros do Distrito Federal, Adriana Frony, em 2020, o movimento adotou o escotismo remoto semelhante ao ensino remoto adotado pelas escolas. Com isso, foram feitas atividades e eventos através de plataformas de reunião on-line para que o programa educativo continuasse sendo desenvolvido.


Uma delas foi o Jamboree Nacional Online, o evento é um acampamento nacional e, mesmo de forma remota, foi feito a abertura, atividades, festas e encerramento.


Em 2020, foi criado o campeonato escoteiro de jogos on-line, Scout e-Sports League, onde teve competições de League of Legends, Fortinite, Gartic, Stop, Overwatch, entre outros. “Foi uma atividade incrível, com abertura; a competição em si com transmissão ao vivo e com direito a premiação. A primeira edição desse evento já passou, mas teve tanto sucesso, que mês que vem já teremos a segunda edição e acredito, que mesmo acabando a pandemia, esse evento continuará”, declara Maria Elisa.


Nesse período, também aconteceu o Hackathon Escoteiro. O evento tem como proposta a de promover a criação de projetos por parte dos participantes. Na última edição, que aconteceu de maneira remota, os escoteiros tinham que propor soluções para o consumo consciente e criar tecnologias sustentáveis.


Com duração de dois dias, as equipes puderam se reunir para montar os projetos, tiveram consultorias e capacitações de especialistas de empresas de comunicação, marketing, finanças, TI, meio ambiente e entre outras.


Esses três eventos foram de nível nacional organizados pela União dos Escoteiros do Brasil. Além disso, alguns dos grupos regionais continuaram a fazer as atividades que eram desempenhadas antes da pandemia com a mesma regularidade, mas de maneira on-line. De acordo com a presidente dos escoteiros do DF, a região conseguiu desenvolver e participar de 15 grandes atividades.


“Quando essa pandemia acabar e a gente puder novamente se reunir, temos uma demanda imensa represada. De abraços, atividades presenciais, acampamentos locais, regionais, nacionais e internacionais. Temos uma vontade grande de se reencontrar, de sentar ao redor da fogueira, de poder contar nossos causos, inclusive desse período de isolamento, de cantar as nossas cantigas, fazer os jogos e realizar as nossas boas ações, porque é isso que move o escoteiro”, conclui Adriana.


*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo

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