Eu, Estudante

Literatura

O mundo encantado do cordel e da literatura infantil na Feira do Livro

A linguagem do gênero, oficinas, palestras e bate-papos com autores preenchem a programação da mostra

A diversidade de linguagens na literatura está presente em toda a programação da Feira do Livro de Brasília. Das oficinas de poesia às rodas de conversas e saraus, do cordel aos quadrinhos, todos ganharam representação. No estande Coletivo Celeiro Literário, bate-papos, palestras e oficinas de poesia ocupam a programação. No espaço Quadradinho Autoral, a poeta Onã Silva mostra uma coleção de cordel inspirada na combinação entre educação, saúde e cultura popular e na Casa do Cordel, o público poderá descobrir como é produzida a ilustração para esse gênero literário. No Encontro com autores, Nyedja Gennari conversa com outros escritores e com o público sobre a produção de livros infantis e as técnicas da contação de histórias.

Para Onã Silva, o cordel é uma linguagem ideal para criar proximidade com o leitor e investir em ações pedagógicas. Na feira, ela apresenta Que cordelim lindim, Cuidar e rimar é só começar, Que perrengue será que tou com dengue e A viagem fantástica pela história da enfermagem, que contam as origens da profissão da antiguidade até os dias de hoje por meio de fatos históricos, personalidades e muita ilustração.

Há mais de três décadas, Onã leva os temas de saúde para a literatura de cordel com muito humor. "É uma linguagem excelente para a comunicação, tem efeitos educativos quase instantâneos. Conto uma história e, nos dois versos finais, fecho com uma orientação em saúde. Então trabalho a literatura, a cultura popular e a educação e saúde como um fechamento", detalha a poeta que é também enfermeira e gosta de se intitular de "poetisa do cuidar".

Xilogravuras, talhas e cordéis se misturam no estande Casa do Cordel, que oferece exposições de trabalhos e aulas livres sobre o processo de produção com o artista plástico e professor Valdério Costa. No espaço, o público poderá visitar uma exposição com obras do mestre cearense Abraão Batista e de seu filho Hamurabi Batista. Durante as aulas, que ocorrem ao longo da feira, Valdério vai apresentar todos os passos da criação de uma xilogravura. "É um gênero literário muito antigo, muito tradicional que veio por meio dos portugueses, provavelmente com influência árabe, e se tornou popular", explica o artista. "E a literatura de cordel tem uma importância fundamental, porque é um gênero literário. Embora as pessoas associem a uma coisa meio folclorizante, é um gênero literário, tem que entender muito de poesia para escrever, tem que estudar muito para fazer a métrica certa."

No espaço dedicado ao encontro com os autores, Nyedja Gennari comanda hoje uma roda de conversa na qual vai falar sobre o livro O mundo azul de Samuel, lançado durante a pandemia. Destinada às crianças, a publicação apresenta um personagem diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Da mesma roda de conversa participam Flávia Ribas, autora de As cores de Tó, e Kaiser Schwarcz, de O pomo dourado.

Na narrativa criada por Nyedja, Samuel sobe em um cometa e visita mundos particulares, cada um responsável por uma característica do personagem. "Por ser contadora de histórias, eu tinha muita vontade de contar uma história que explicasse o que era o autismo na linguagem das crianças. E não encontrava uma literatura que falasse sobre isso", conta a autora. "Samuel viaja num cometa e vai para diversos lugares que são os estereótipos. Assim ele justifica algumas características dele e o jeito que cada autista tem de reagir ao mundo."

 

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