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Volta às aulas

Volta presencial da educação infantil pode custar até R$ 6,6 bilhões

Segundo estudo feito pela Fipe, a pedido da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o cenário mais econômico aponta que o retorno das creches e pré-escolas brasileiras custará cerca de $5,5 bilhões

Com a implementação das medidas de segurança sanitária, a reabertura de creches e pré-escolas da rede pública poderá custar até R$ 6,6 bilhões ao país. Esse valor corresponde a finalização do 2º semestre de 2020 (60 dias letivos) e representa mais de 15% do que o governo gastou com a educação infantil em 2019.

 Em um cenário mais econômico, o retorno pode custar R$ 5,5 bilhões, sendo R$ 859 por aluno. Atualmente, o Brasil tem 6,4 milhões de crianças de até seis anos matriculadas em escolas públicas. Os valores foram apontados pelo estudo “Custo da Abertura de Creches e Pré-escolas Públicas no Contexto da Covid-19”, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) em parceria com União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Para fazer o cálculo, o levantamento foi feito com base no protocolo sanitário da FMCSV e no Censo Escolar 2019, considerando crianças de um até seis anos. O estudo analisou todos os gastos adicionais como máscaras, itens de higienização, testagem e monitoramento da saúde e até mesmo contratação de novos professores, auxiliares e profissionais da limpeza para repor pessoas do grupo de risco. Alimentação, segurança e folha de pagamento dos professores regulares, por exemplo, não estão contemplados no cálculo do estudo.

Os custos foram analisados de acordo com cinco cenários de turnos para reabertura. Na proposta mais cara, em que os alunos vão à escola em período integral com dois turnos de quatro horas, cada um deles custaria cerca de R$ 1.038 durante 60 dias. Na mais barata hipótese, meio período com um turno de quatro horas, cada estudante custaria em torno R$ 859. Veja a tabela: 

Fipe / Reprodução - Custos totais da reabertura (60 dias): totais e por escola

Prós e contras

No Brasil, alunos da educação infantil estão sem aulas desde março e, na maioria dos municípios, ainda não há data para a retomada. O estudo lista os impactos econômicos do fechamento das escolas, como por exemplo, os potenciais riscos sobre a saúde dos estudantes: desnutrição, obesidade, violência doméstica, entre outros.

Por outro lado, a reabertura pode causar o aumento de casos entre crianças e professores, como ocorreu no Amazonas, em que após o retorno das atividades, em 10 de agosto, houve aumento de 18% das infecções de profissionais de educação por covid-19.

Planilha inteligente calcula gastos de cada município

Junto ao levantamento, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal preparou uma planilha inteligente que calcula automaticamente o valor da retomada de cada rede com base nos próprios dados, podendo assim, ter uma estimativa mais próxima de cada município. A ferramenta pode ajudar também as instituições de ensino particular que estão se preparando para o retorno.

Assim como o estudo, a planilha traz cinco cenários de retomada e os custos variam de acordo com cada um deles.

 

 *Estagiária sob a supervisão de Ana Sá.