Eu, Estudante

Retomada presencial

Alunos do ensino médio voltam às escolas particulares nesta segunda

Estudantes da educação profissional e da EJA também estarão autorizados a retornar às salas de aula. Cerca de 9 mil alunos do ensino médio devem retornar

A partir desta segunda-feira (26/10), começa a última etapa do calendário de retomada da rede particular do Distrito Federal. Poderão voltar às salas de aula estudantes do ensino médio e profissional, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O retorno deve ser orientando por protocolos de segurança e ocorre de maneira escalonada e não obrigatória. Alunos, professores e gestores se mobilizam para retornar. Parte deles, no entanto, ainda não se sente segura.


O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Álvaro Domingues, estima que devem voltar às escolas cerca de 9 mil alunos do ensino médio, dos 28 mil matriculados. O retorno do ensino médio e profissional fará com que a quantidade de estudantes frequentando as escolas chegue perto de 45 mil, considerando que turmas de ensinos infantil e fundamental retornaram ao formato presencial.

 

“Sabemos que essa faixa etária tem mais autonomia, podendo não apenas permanecer com o ensino remoto, como também incorporar uma conduta responsável na convivência”, projeta.

Testagem para professores


O diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimento Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep), Rodrigo de Paula, avalia que a retomada tem sido bem-sucedida apesar de algumas intercorrências. Na semana passada, o sindicato contabilizava 10 casos de professores contaminados por covid-19. O Sinproep, em parceria com laboratórios de Brasília, tem ofertado testes da doença a educadores de escolas particulares desde quinta-feira (22/10). “Nós adquirimos 5 mil testes. Se precisar, vamos comprar mais”, garante o diretor.

"Voltando por melhor desempenho na sala de aula"


Pedro Dionísio de Souza, 17 anos, aluno do 3° ano do ensino médio do Colégio Presbiteriano Mackenzie, decidiu voltar à escola, pois sente que o deslocamento e a rotina são favoráveis ao desempenho escolar. “Como eu prefiro o regime presencial e tenho a opção de readotá-lo, acredito que será melhor para mim”, afirma. Ele e os pais acreditam que a escola estará segura e preparada.


Arquivo Pessoal - O estudante do 3° ano do ensino médio Pedro Dionísio considera que o retorno fará bem para seu desempenho na escola

 

Para Matheus Melo, 17, o rendimento escolas também pesou na decisão de voltar ao ensino presencial. “Não me adaptei muito bem à perspectiva remota de aulas. Minha concentração não é a mesma, chega a ser zero em determinadas matérias. Em sala de aula, consigo me concentrar e acompanhar o ritmo dos professores”, conta o aluno do Colégio Marista Champagnat. Matheus ainda tem receios pelo fato de a pandemia de covid-19 ainda não ter chegado ao fim, mas crê que, tomando os devidos cuidados, será possível tornar o ambiente da sala de aula seguro.

"Ainda não é hora de retornar"


Decidida a permanecer em casa, a estudante Cecília Rocha Barbosa, 17, do 3° ano do Colégio Objetivo do Guará, teme pegar a covid-19 e, consequentemente, contaminar alguém do grupo de risco. “Na teoria, sempre parecer ser mais fácil e muito prático (o cumprimento das normas de segurança), mas acho bastante difícil a diminuição total do risco de contaminação”, afirma.


Arquivo Pessoal - A estudante Cecília Rocha Barbosa teme voltar à escola e se contaminar com o novo coronavírus

 

“O ano está no fim e não acho que vale à pena me expor ao risco de contaminação”, pondera a estudante Mirian Ferreira, 15, que está no 3° ano do ensino médio do Colégio Olimpo do DF. Ela ressalta que não retornará na segunda-feira pois teme contrair a covid-19 e passar para a família. Assim, ela permanecerá em casa, mas o aprendizado não será problema, pois diz estar completamente adaptada às aulas on-line.


Arquivo Pessoal - Mirian Ferreira, que está no 3° ano do ensino médio, acredita que não vale a pena se expor ao risco de se contaminar

 
O que dizem professores e gestores


Rodrigo Pavan é professor de história e coordenador do ensino médio do Colégio Único Educacional, que abre as portas na segunda-feira. Ele conta que a escola está se preparando “da melhor forma possível e com muita responsabilidade” com a aplicação dos protocolos de segurança. Cerca de 30% dos alunos têm intenção de retornar, o restante permanecerá no ensino remoto.


Arquivo Pessoal - Rodrigo Pavan, coordenador do ensino médio do colégio Único, destaca que 30% dos estudantes demonstraram interesse em retornar

 

No Colégio Marista de Brasília, cerca de 200 alunos de ensino devem voltar às salas de aula, o que corresponde a 30% do total. Matheus Kaiser, coordenador do ensino médio, explica que nem todos retornarão ao mesmo tempo: as turmas serão divididas em grupos que se revezam em sala de aula. “O modelo remoto continua existindo muito forte e seriamente, mas nem todos os estudante se adaptam e isso varia principalmente de acordo com a idade”, pondera.


Arquivo Pessoal - O coordenador do ensino médio do Colégio Marista de Brasília, Matheus Kaiser, ressalta que o número de estudantes que querem voltar pode chegar a 200

Canal para denunciar irregularidades


União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) lançou a campanha ‘Escola sem covid!’, que incentiva alunos a denunciarem casos de descumprimento de protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS) no momento de retomada. Estudantes, tanto da rede pública quanto particular, podem denunciar no portal ou pelo número de WhatsApp (11) 9 9959-1792. “A gente tem uma equipe de advogados que têm recebido essas denúncias e entrado com ações judiciais pelo fechamento ou cumprimento das medidas de proteção”, afirma a presidente da Ubes, Rozana Barroso.

Transparência e biossegurança priorizadas


“A preocupação dos pais está muito relacionada ao efetivo cumprimento dos protocolos de biossegurança e à saúde dos filhos e da comunidade acadêmica em geral”, explica Samuel Paulo, consultor jurídico da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) por meio de vídeo. “Na primeira etapa, houve relatos de casos de contaminação e dificuldades de acesso à informação (sobre casos de contaminação). Agora, com a ampliação, se torna mais urgente o efetivo cumprimento e o aprimoramento dos protocolos.”


*Estagiário sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa