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PANDEMIA

Escolas do DF recorrem à internet para realizar festivais de fim de ano

Eventos de despedida ganham novos formatos e ajudam a engajar alunos e educadores

Escolas de todo o país, sejam elas públicas ou privadas, precisaram se adaptar ao novo contexto do isolamento social. O desafio diário dos profissionais de educação ganhou uma nova configuração: é preciso estar presente, mesmo estando longe. Pensando nisso, alguns educadores e diretores do Distrito Federal redesenharam os tradicionais festivais escolares de fim de ano. Eventos que antes reuniam pais, alunos e funcionários em calorosas confraternizações em clima de despedida, dessa vez acontecerão de uma forma diferente, mas sem perder o espírito de celebração e acolhimento.

‘Na corda bamba’

“Durante a pandemia, houve uma diminuição do envolvimento dos alunos. Muitos não têm acesso a internet, mas não podemos abandonar nunca os interessados. Mesmo que não tenhamos atingido a participação de antes, que era de no mínimo 200 alunos, não deixamos de atender. Agora, temos em torno de 50 alunos participantes”, conta a coordenadora da Educação Integral do Centro de Ensino Fundamental 12 (CEF 12) de Taguatinga, Giovanna Alves Figueiredo. “Todos os anos trabalhamos o nosso festival com base em um tema. Esse ano o tema será 'na corda bamba', porque representa exatamente o tempo que estamos vivendo. Não temos certeza de nada”, explica.

A professora estava acostumada a organizar eventos que convidavam todas as famílias ao teatro para prestigiarem o que os alunos haviam aprendido ao longo do ano na educação em tempo integral. Agora, com a modalidade remota, a premissa é a mesma, mas com algumas diferenças. As apresentações serão transmitidas em uma live no YouTube, e os ensaios estão ocorrendo on-line, com cada aluno em sua casa imitando os movimentos dos professores de dança. No final, todos os vídeos gravados pelos estudantes serão reunidos para formar um grande espetáculo em 10 de dezembro, às 19h.

“O festival cultural representa para nós um trabalho que vem sendo construído há anos. A educação em tempo integral dá ao aluno a oportunidade de aprender sobre dança, música, arte e esporte”, conta a coordenadora. “Esse evento virtual significa superação. Somos capazes de atingir nossos alunos, mesmo que distantes. O importante é nunca desistir e acreditar no que se faz. A única forma de transformar as pessoas é pela educação, eu acredito nisso”, completa.

“É uma experiência nova e divertida”, narra a aluna a Emannuelly Cardoso, do 9º ano. Ela começou a fazer aulas de dança de rua on-line durante a pandemia e tem participado dos ensaios para o festival. A jovem afirma que a atividade tem contribuído de forma positiva para o seu bem-estar físico e mental: “Ajuda a manter a saúde, além de ser algo que distrai e não nos deixa ficar tão abalados devido a situação atual. Nos tira um pouco dessa realidade louca que estamos vivendo”.

Live natalina

No Centro de Ensino Castelo Encantado (Cence), a tradicional cantata de Natal, que antes reunia cerca de 500 pessoas, ganhará um novo formato este ano. Agora, será uma live natalina que irá finalizar o período letivo com chave de ouro: “Por se tratar de uma data festiva que traz na nossa memória tantas coisas que ficam esquecidas e no fim do ano são lembradas, como amor ao próximo, paz, harmonia, família e solidariedade, esse evento não poderia deixar de acontecer, mesmo num contexto de pandemia”, defende a diretora e mantenedora do colégio, Maria do Rosário, ou “Tia Rosa”, como é conhecida pelos pais e pelos pequenos.

O evento marcado para 5 de dezembro contará com apresentações musicais dos alunos e sorteios de presentes e panetones para os convidados. Além disso, uma participante mais que especial completará a programação da live natalina. A cantora Brícia Helen, representante de Brasília no The Voice Brasil em 2015, é mãe de uma das alunas da escola e também se apresentará cantando algumas músicas.

“Tivemos de encontrar uma maneira de continuar realizando nossas atividades de fim de ano e, para isso, nos reinventar e usar as redes sociais. Como fizemos uma live no Dia das Mães e foi um sucesso, com participação de mais de 100 pessoas, optamos por fazer a live natalina. Nossa escola sempre preza por trabalhar em parceria com as famílias em todos os eventos e, agora, não poderia ser diferente, mesmo de forma remota”, conta a diretora, que completa: “As crianças sentem fadiga e cansaço da rotina, o que é normal após tanto tempo em casa. Por isso, temos o cuidado de sempre propor coisas diferentes para estimulá-las”.

*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão