A retomada do ano letivo em 2021 se aproxima e, com isso, pais e responsáveis redobram a atenção na escolha da escola das crianças e adolescentes. A chegada da pandemia do novo coronavírus mudou a realidade dos estudantes e as adaptações iniciadas em 2020 vão continuar no próximo ano. Especialistas alertam: além dos cuidados que já eram necessários na hora da matrícula, opções de formas de ensino híbridas e medidas de segurança sanitária se somam aos pré-requisitos para a escolha.
No caso da administradora Andréa Moreira, 46 anos, o carinho dado pelos profissionais da escola fez toda a diferença para matricular o filho dela, Briand Moreira, 6. A família se mudou de São Paulo para Brasília no início do ano e encarou o desafio de encontrar um local onde o menino pudesse estudar.
“Eu estava com muito receio no começo, porque ele deixava os amigos que conhecia desde os 2 anos de idade. Ele deixou toda uma pequena vida para trás, mas se adaptou super bem e gosta muito da escola. Todo mundo o conhece pelo nome, desde a portaria até a sala”, detalha Andréa.
Briand foi matriculado em um colégio da Asa Sul, com turmas em período integral até o ensino médio. O leque de opções de atividades extracurriculares no contraturno também influenciou na decisão.
Com a chegada da pandemia, no entanto, as aulas de futebol e dança, que ele fazia na escola à tarde, foram suspensas. “Eu quero que ele volte integralmente ao colégio. Eu trabalho o dia inteiro, meu marido também e, lá, ele tem toda uma programação de atividades.” Para 2021, Briand também vai participar das aulas de robótica. “A gente precisa contar com a escola o dia inteiro e, ter atividades no contraturno que prendem a atenção e são produtivas, faz a diferença”, afirma a mãe.
Valores
Especialistas lembram que a escolha do local para os filhos exige tempo e dedicação. A diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Acedriana Vicente Vogel, destaca alguns pontos de atenção para os pais: “Pondere o alinhamento dos valores da escola aos princípios da família, se for uma instituição confessional, por exemplo, procure saber os limites da condução religiosa no dia a dia do trabalho escolar”.
“Avalie o investimento e as entregas planejadas para o trabalho remoto e o presencial, pois, como será um ano atípico, é importante refletir sobre as hipóteses mapeadas pela escola para equilibrar essas duas alternativas”, destaca a especialista.
Ela orienta ainda aos pais a verificarem as proposições de interação entre alunos, professores, e a dinâmica de trabalho. Outro alerta é em relação às adaptações diante da pandemia.
“Entenda quais são as formas de acompanhamento da aprendizagem, bem como quais ferramentas a escola disponibilizará ao ensino híbrido e colaborativo, identificando como será mapeado o que o estudante já sabe e como esse diagnóstico servirá de insumo à intervenção pedagógica”, resume Acedriana.
Critérios
Saiba que pontos levar em consideração na hora de escolher a escola do seu filho
Projeto pedagógico
É importante conhecer o projeto pedagógico e a estrutura. Visto isso, o pai precisa acreditar no projeto.
Credenciamento
Os pais devem se certificar de que a escola é credenciada junto ao Conselho de Educação do DF, principalmente, para o ano em que o aluno será matriculado. Uma escola pode ter creche e pré-escola, por exemplo, mas ensino médio não foi autorizado.
Contrato
É fundamental que os pais tenham real conhecimento do contrato escolar. Se não dão a devida importância, podem ter problemas na hora de pagar mensalidade, transferir aluno etc. Atividades complementares estão inclusas na mensalidade, por exemplo, ou são despesa extra?
Inclusão
Cheque se a escola tem recuperação paralela e final e se existe um plano de atendimento individual no caso de crianças com necessidades especiais. Observe se é educação inclusiva.
Pandemia
As escolas devem contar com um plano eficaz de retorno e protocolos sanitários estabelecidos para o ensino presencial. Fisicamente, as unidades devem estar preparadas para fazer o distanciamento social dentro de sala de aula e nos espaços comuns.
Ensino remoto
É fundamental ter estruturas prontas para proporcionar um ensino híbrido, que contemple as famílias que necessitam da escola para deixarem seus filhos e aqueles que optarem por ficar no ensino remoto.
Fonte: Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos das
Escolas Públicas e Privadas do Distrito Federal (Aspa-DF)
Planejamento financeiro
Entre todas as despesas de fim do ano, uma das que mais preocupa os pais é a mensalidade escolar. Como muitos tiveram redução de jornada e, consequentemente, redução salarial, será preciso jogo de cintura para equilibrar as contas. O presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), César Bergo, sugere a negociação direta com a direção dos colégios, e muita pesquisa de preços na hora da compra do material escolar.
“Um dos setores mais atingidos pela pandemia foi o de escolas. Muitas reduziram o que podiam de despesa para se manter durante este ano, mas essas idas e vindas, com abre e fecha, prejudicam o planejamento dessas unidades”, avalia. Ele aconselha que as instituições revejam prioridades na lista de materiais para baratear custos.
“Entra em cena o grande recurso que é gastar sola de sapato, fazendo pesquisas em sebos, por exemplo, para encontrar livros mais baratos. As pessoas têm de ter responsabilidade e não deixar para a última hora. É preciso começar agora”, alerta o economista. “Neste momento, vale a conversa com o diretor, sim. É jogar aberto e pedir desconto, porque, de repente, existe a perspectiva de uma melhora no futuro.”
Descontos
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF) observa que a implementação do modelo de ensino remoto emergencial impôs gastos não previstos, com novas ferramentas de tecnologia e treinamento dos professores.
A presidente da entidade, Ana Elisa Dumont, lembra, no entanto, que as escolas têm autonomia para dar descontos conforme acharem conveniente. “Elas podem negociar com o consumidor e as famílias, mas sempre atentas à planilha de custos, para não inviabilizar o negócio. Escolas que a gente viu dando descontos exacerbados tiveram como fim a falência”, alerta. “Tem de ter cuidado. Ouça os clientes e verifique a melhor forma de isso ser feito.”
Como o processo de matrículas e rematrículas começou, muitos pais já estão pechinchando. “Esses pedidos de desconto não são exclusivos em virtude da pandemia. Vinha há alguns anos e é uma prática quase restrita ao Distrito Federal. Em estados do Sul, por exemplo, isso não acontece”, afirma a presidente. Ainda não é possível, no entanto, fazer um panorama de quanto as escolas serão capazes de reajustar. “Não dá para padronizar desconto, porque os reajustes são diferentes, assim como as propostas pedagógicas de cada uma”, finaliza.
O que diz a lei
A Lei nº 9.970/1999 determina que o valor anual ou semestral das mensalidades devem ter como base a última parcela da anuidade ou da semestralidade legalmente fixada no ano anterior, multiplicada pelo número de parcelas do período letivo. A orientação do Sinepe/DF é de que as instituições sigam a norma. “Contudo, não existe um índice pré-determinado, pois as escolas têm autonomia para ajustar as mensalidades de acordo com a sua proposta pedagógica e planilha de custos, documento em que os gestores especificam e justificam os gastos para que a instituição esteja com saúde para fornecer o serviço”, informou a entidade, em nota oficial.