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Transição ao ensino médio

O ingresso na última etapa da educação básica é repleto de anseios e de expectativas. Analisar o modelo pedagógico é importante

Mariana Machado
Augusto Fernandes
postado em 10/12/2020 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O ingresso no ensino médio oferece aos jovens o desafio de encarar a conclusão da educação básica e os últimos anos escolares. A fase de transição do 9º ano do ensino fundamental para a nova etapa é cercada de sentimentos de ansiedade, receios e expectativas, especialmente, quando acompanhado da mudança de colégio. Especialistas aconselham o diálogo entre família e escola para facilitar o processo de adaptação.


“O primeiro momento é explicar o que é o ensino médio. Com o modelo remoto, talvez seja preciso ainda mais cuidado, como aplicar atividades de interação para dar um sentimento de pertencimento ao aluno”, avalia o especialista em educação básica Cleyton Hércules Gontijo, professor do Departamento de Planejamento e Administração da Universidade de Brasília (UnB).


Ele destaca a importância de uma compatibilidade entre o modelo pedagógico oferecido e o estilo de aprendizado do estudante. “Às vezes, a instituição acha que olimpíadas e competições são elementos de estímulo, mas, para alguns, isso gera estresse e frustrações que impedem o sucesso escolar. Os pais precisam estar atentos para ver se o estilo do estudante combina com aquela escola, porque não vale a pena insistir em algo que não é compatível.”


Para a vendedora Daniela Silva, 36 anos, a escola precisa ter o cuidado de fazer com que a passagem da filha Letícia Souza, 14, prestes a iniciar o 1º ano do ensino médio, pela última etapa do ensino básico, seja um processo sem traumas ou decepções. “Espero que o colégio seja um facilitador e que tenha profissionais treinados a orientar os estudantes a se decidirem sobre o que eles vão querer para o futuro, sobretudo, porque esse é o momento mais importante para a vida de um adolescente”, opina.


Para a jovem, outro ponto importante é que a escola apresente à família um planejamento para todo o ano letivo, principalmente, por conta da pandemia da covid-19, para que os estudantes saibam, desde o início, como os conteúdos serão aplicados e o que o colégio prevê como metodologias de ensino.


“Se a escola ficar só com as aulas on-line, é preciso pensar até que ponto isso é favorável, pois muitos alunos sofrem com as plataformas virtuais e têm perdas no aprendizado. Dessa forma, creio que o colégio não pode deixar de lado o reforço com esses estudantes, afinal, esta é uma transição entre ensinos crucial para nossas vidas. Portanto, se a instituição quer que todos cheguem realmente preparados para o ensino médio, tem de garantir que vai oferecer os meios necessários para os que estão com mais dificuldade”, observa.


A reflexão de Letícia pesou para a família definir onde ela vai estudar em 2021. Entre sair do colégio em que está atualmente, em Taguatinga, no qual ela tem um amparo reforçado de professores e colaboradores, e ir para outra instituição com um perfil totalmente distinto, a adolescente optou por não trocar de escola.


“Foi uma escolha difícil, mas que serviu para me ajudar com o processo de amadurecimento que a entrada no ensino médio traz. Vou enfrentar muitos desafios, mas creio que isso é o que torna a vida uma coisa divertida. Todo o meu esforço nos próximos três anos será recompensado lá na frente. Essa experiência pode me garantir muitos resultados favoráveis no futuro”, prevê.

Revisão

Com a perspectiva de começar o próximo ano letivo ainda diante das limitações impostas pela covid-19, instituições de ensino se preparam para trabalhar revisões de conteúdo no contraturno. É o caso do colégio Seriös, na Asa Sul. “Vamos entrar em 2021 com a preocupação de ressignificar conteúdos, pré-requisito para que os alunos possam cursar o novo ano com maior tranquilidade”, destaca o diretor pedagógico Nei Vieira.


Ele explica que, como a escola utilizava ferramentas de tecnologia, a adaptação ao ensino híbrido ocorreu com facilidade. “Os meninos passaram a ter aulas gravadas, lives e conteúdo disponível em plataforma on-line. Colocamos as coisas de forma gradativa, e os estudantes de ensino médio rapidamente se acostumaram.”
A escola também vem trabalhando formas de amenizar a pressão sentida pelos adolescentes quanto às provas de vestibular. Equipes de pedagogos e psicólogos conversam com as turmas e, em casos necessários, agendam sessões individuais com alunos e familiares.


“Tem hora que vale a pena parar a aula e se dedicar a ouvir os anseios dos alunos e o que os preocupa. Por meio de aulas e resolução de provas, eles vão vendo que, apesar do distanciamento, o conteúdo foi bem simulado e esse é um grande diferencial”, afirma.

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