Escolha a escola do seu filho

Perspectivas para 2021

O próximo ano chegará sem respostas claras com relação à pandemia. O Correio ouviu especialistas, pais e alunos para saber que cuidados tomar

Tainá Seixas
Augusto Fernandes
postado em 10/12/2020 06:00 / atualizado em 11/12/2020 13:51
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

A falta de uma resposta a curto prazo contra a covid-19 no Brasil deve prolongar os efeitos da pandemia até meados de 2021, o que vai impactar no início do próximo ano letivo no Distrito Federal. Assim, a tendência é que o ensino remoto siga em vigor no calendário escolar e que a volta das atividades presenciais ocorra de forma escalonada, com o rodízio de estudantes nos colégios e a adoção de outras medidas de prevenção à disseminação do coronavírus.


Para quem tem filhos, a preocupação diante desse cenário é de como as escolas conseguirão garantir a segurança de crianças e adolescentes. Tão importante quanto isso, os pais refletem sobre o que os colégios farão para acolher os alunos de volta, caso da cafeicultora Cristiane Zancanaro, 43 anos, mãe de Felipe, 7, Bruno, 10, e Luca, 13, que estão em séries distintas do ensino fundamental.


No último mês, os três começaram o processo de retorno à escola, mas ainda encontram dificuldades para se adaptar novamente à velha rotina. Segundo a mãe, o esquema de rodízio acaba por confundir os meninos, que já tinham conseguido se adaptar às aulas virtuais e agora têm de se dividir entre ir para o colégio e ficar em casa. Como em 2021 também será assim, ela diz que o suporte da instituição de ensino será fundamental para que ninguém saia prejudicado.

Bruno, Felipe e Luca, filhos de Cristiane Zancanaro, já voltaram a participar das atividades presenciais na escola em que estudam
Bruno, Felipe e Luca, filhos de Cristiane Zancanaro, já voltaram a participar das atividades presenciais na escola em que estudam (foto: Arquivo pessoal)


“Acredito que será importante a escola ter uma preocupação com esse aspecto mais emocional. É essencial fazer um acompanhamento nesse sentido, seja dentro da grade horária, seja com atividades fora de aula. Às vezes, as crianças só precisam de um pouco de atenção para se sentirem mais acolhidas, e isso faz toda a diferença”, opina.


De acordo com Adjanira Borges, mestre em educação pela Universidade Católica de Brasília, “o professor tem de ser sensível à altura de fazer uma boa revisão dos pontos mais relevantes do conteúdo de 2020 e, depois, introduzir o conteúdo de 2021”. “A partir dessa avaliação diagnóstica, o professor saberá em quais aspectos o aluno tem alguma defasagem e poderá melhorar isso. Se as escolas não tiverem essa consciência, o aluno pode acumular um monte de matérias e não conseguir assimilar nada.”

Mudanças

As alterações induzidas pela pandemia também mostraram um caminho diferente para as instituições de ensino seguirem daqui para a frente. Mãe de Gabriel Borja, 10, a jornalista Fabiana Borja, 43, acredita que isso pode ser um ponto positivo para o filho, que está no 4º ano do ensino fundamental. “A pandemia forçou mudanças necessárias, e não podemos retroceder. A educação nunca mais vai ser a mesma coisa, e quem insistir em voltar para o ponto de onde parou, cometerá um grande erro”, comenta.


Para Fabiana, a partir de agora, escola e família terão de andar de mãos dadas cada vez mais. “Muitos pais foram convidados a participar do processo de aprendizagem dos filhos como nunca participaram, e acho que a escola não pode perder a oportunidade de mantê-los ativos na educação desses jovens, de mostrar que eles precisam participar verdadeiramente.”

Entrevista


Ângela Mathylde Soares, professora, pedagoga, psicopedagoga, psicanalista. É conselheira nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP)

Ângela Mathylde Soares
Ângela Mathylde Soares (foto: Reprodução)

As escolas devem oferecer acolhimento psicológico para estudantes e professores?
Isso já existe. Para os professores, são as aulas de capacitação, de informação e reuniões, com coordenação. Com as crianças, a mesma coisa. Chegada na escola, acolhimentos, conhecer o professor, isso tudo já existia. A questão é: mediante essa novidade, precisa haver uma acolhida mais sistematizada? Se houver professor fatigado porque está trabalhando três vezes mais? Porque uma coisa é você ir e dar a sua aula, outra, é preparar, gravar aula, se ficou bom, ou não ficou bom, se grava de novo, se vai pesquisar. Toda essa situação requer muito envolvimento.

Qual o legado da pandemia?
A educação realmente não será a mesma. A educação agora está repensando essa questão da aprendizagem. Ela é para todos, mas a aprendizagem é individualizada. A forma como eu aprendo não é a forma como você aprende e, nesse momento, as pessoas, os laboratórios, os pesquisadores têm batido muito nisso, em uma necessidade de uma metodologia individualizada para cada um. Então, a pandemia trouxe um repensar, uma reflexão sobre o que é escola para todos e o que é a aprendizagem de cada um.

  • Ângela Mathylde Soares
    Ângela Mathylde Soares Foto: Reprodução
  • Bruno, Felipe e Luca, filhos de Cristiane Zancanaro, já voltaram a participar das atividades presenciais na escola em que estudam
    Bruno, Felipe e Luca, filhos de Cristiane Zancanaro, já voltaram a participar das atividades presenciais na escola em que estudam Foto: Arquivo pessoal
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