As aulas virtuais só continuarão no próximo ano caso o Ministério da Educação homologue uma resolução aprovada em outubro pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que autorizou a oferta do ensino pela internet por parte de escolas públicas e privadas até o fim do ano que vem. Até o início desta semana, a pasta ainda não havia se decidido sobre o texto, apesar de o CNE ter pedido urgência há mais de dois meses.
De todo modo, o diretor do Colégio Marista da Asa Sul, Rony Ahlfeldt, baseou-se no parecer do conselho para definir os planos para 2021 e explica como a instituição traçou uma estratégia considerando justamente o bem-estar dos alunos. Como haverá uma escala alternada de quais dias os estudantes devem ir à escola e quais eles devem ficar em casa, uma equipe de apoio específica para ajudar os jovens a se adaptar a essa separação foi formada.
“Vamos tratar 2020 e 2021 como se fossem um ano só. O que entendermos que não for essencial para os estudantes, vamos retirar do currículo. O que ficar de aprendizagem não cumprida em 2020, trabalharemos em 2021 como atividade de contraturno. O aluno vai ter uma série de metodologias para resgatar esses pontos”, afirma.
Segundo ele, a excepcionalidade causada pela pandemia modificou a relação da escola com alunos e família, e isso é o que mais vai pesar para as decisões do colégio daqui em diante. “Aprendemos a estreitar o diálogo e, principalmente, a trabalhar melhor com as tecnologias educacionais, empoderando alunos e professores. Sem dúvidas, isso mudou a nossa percepção sobre o processo avaliativo. Cada vez mais, vamos abrir mão dos métodos mais tradicionais”, garante.
Opção
A arquiteta Caroline Baylo, 28 anos, mãe de Henrique, 14, que estuda no Leonardo da Vinci da Asa Sul, considera importante reforçar o conteúdo dos estudantes, visto que o período longe do ambiente escolar impactou no aprendizado dos jovens. O adolescente, por exemplo, sentiu bastante dificuldade em matemática. “A promessa da escola dele é fazer um teste com os estudantes, logo no início das aulas, para identificar o que realmente foi absorvido. Isso é importante, pois o aprendizado durante a pandemia não foi uma coisa uniforme. Portanto, acho fundamental a escola compreender a demanda individual de cada aluno.”
Arthur Sanjad, 14 anos, que cursa o 9º ano do ensino fundamental no Marista João Paulo II, espera que as mudanças no processo educacional forçadas pela pandemia façam com que os professores pensem em métodos diferentes de transmitir conhecimento.
“Não podemos dar um passo para atrás. Na minha opinião, os professores terão de trazer novas metodologias para as aulas, para que os estudantes tenham diferentes perspectivas para um mesmo assunto”, diz.
Para ele, como deve demorar para que a rotina das escolas volte ao normal, essa mudança de comportamento se torna imprescindível. “Presencialmente, é muito mais fácil para o aluno aprender. Como ainda estaremos longe, acho que necessitaremos desse apoio para não perder tanto conteúdo.”
Balanço
Álvaro Domingues, do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF), avalia que a retomada do ensino presencial no segundo semestre deste ano mostrou a competência das escolas privadas para manter a segurança da comunidade escolar. Com isso, o número de estudantes que frequentam presencialmente as aulas aumentou no fim do ano.
“Esse, provavelmente, vai ser o principal desafio das escolas. Estabelecer aquele limite de um contingente escolar, de um número de estudantes na escola que seja adequado do ponto de vista de profilaxia, de segurança sanitária, e do número que deve ficar em casa, com rodízio, com mais de um tipo de configuração pedagógica”, considera Álvaro, que reforça as três principais premissas para o momento: distanciamento, uso de máscaras, a limpeza das mãos.
"Aprendemos a estreitar o diálogo e, principalmente, a trabalhar melhor
com as tecnologias educacionais, empoderando alunos e professores”
Rony Ahlfeldt,
diretor do colégio Marista Asa Sul