Diálogo: a chave para a readaptação

A psicóloga escolar Carolina Bauchspiess, que atua na Comunidade de Aprendizagem e na Escola Classe 3 do Paranoá, explica que as famílias e as escolas precisarão de paciência e de muita conversa para esse novo contexto de readaptação, desta vez, uma preparação à volta as aulas presencial

Tainá Seixas
Mariana Niederauer
postado em 10/12/2020 08:50 / atualizado em 10/12/2020 08:53
 (crédito:  Fernando Lopes/CB/D.A Press)
(crédito: Fernando Lopes/CB/D.A Press)

A educação se transformou no decorrer deste ano e, para acompanhar as mudanças, é importante que pais, filhos e a escola alinhem as experiências e expectativas, para que esta evolução ocorra de forma fluida, defendem especialistas.

A psicóloga escolar Carolina Bauchspiess, que atua na Comunidade de Aprendizagem e na Escola Classe 3 do Paranoá, explica que as famílias e as escolas precisarão de paciência e de muita conversa para esse novo contexto de readaptação, desta vez, uma preparação à volta as aulas presencial. “O diálogo vai ser essencial nesse momento, não só dos pais com os filhos, mas das escolas também. Estamos passando por um marco histórico. Toda a significação desse momento será muito importante”, afirma.

“Não tem como as escolas chegarem e já começarem com conteúdo, será um momento de reencontro, em que a escuta se tornará fundamental, já que cada família terá vivido uma história”, acrescenta. “O ensino remoto não é uma escolha, é uma necessidade desse momento que está posto. As crianças devem estar morrendo de saudades umas das outras”, observa a psicóloga. Por isso, as famílias deverão não só orientar sobre os protocolos sanitários a serem seguidos, mas, também, permitir o contato, as brincadeiras, para que elas possam matar a saudade de maneira segura.

O diálogo pode começar com perguntas sobre as expectativas delas e o que elas já estão sabendo sobre a retomada das aulas. “O adulto tem o papel de auxiliar a criança com vocabulário também. Nessa conversa aberta, ela pode falar sobre os receios e os responsáveis, ir nomeando algumas coisas — medo, saudade, animação. A gente aprende a se conhecer a partir das outras pessoas que convivem com a gente”, orienta Carolina.

Exemplo

Fernanda Simões, 46 anos, além de mãe da Luma que cursa o 9º ano, é professora. Desta forma, ela consegue analisar os dois lados dessa equação, e reitera a importância da comunicação aberta entre pais e filhos para uma maior absorção do conteúdo educacional.

“É fundamental o diálogo e a proximidade. Não afrontar, não ficar contra. A gente detectou muitas dificuldades no ensino, na aprendizagem, em função de pais e mães nem saberem o que está acontecendo com os filhos”, avalia a professora. Ela relata que Luma se adaptou bem à nova realidade, apesar do momento adverso. Contudo, garante que o diálogo entre as duas e o fato de ter estabelecido um exemplo a ser seguido desde cedo foram elementos cruciais para que a menina mantivesse as responsabilidades escolares em dia.

“Por ser professora, eu consegui criar nela essa questão da responsabilidade e da importância que é o estudo para a vida. Até porque ela sempre me viu estudando muito, me viu sempre lendo muito, me viu como um exemplo”, avalia.

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