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EDUCAÇÃO

Novo ensino médio se adapta melhor ao EAD, aponta especialista

Escolas têm até 2022 para promoverem adaptação, mas algumas instituições já se adiantam para aplicar o modelo no próximo ano

As alterações aprovadas na Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 2018 trouxeram uma série de mudanças para o ensino médio em todo o país. E, embora ninguém pudesse supor os desafios que a pandemia do novo coronavírus causaria ao sistema educacional como um todo, as mudanças acabaram por auxiliar nas adaptações necessárias durante o período, especialmente em relação ao ensino à distância.

"O novo ensino médio é mais flexível e melhor se adaptada a essas modalidades apresentadas, mais que o modelo tradicional", explicou a especialista em Educação, Andreza Costa Sampaio de Lima. Ela é coordenadora pedagógica do Colégio Presbiteriano Mackenzie e participou de uma live realizada pelo Correio em que explicou as principais inovações no currículo dos anos finais da educação básica.

Durante o desenvolvimento do chamado projeto de vida, por exemplo, "os colégios terão um pouco mais de autonomia, de flexibilidade, para criar o projeto de vida junto ao aluno". Essa parte do conteúdo diz respeito a uma espécie de roteiro educacional individualizado, que deve buscar o foco nos objetivos de cada estudante.

"O diferencial é que os estudantes poderão escolher, conforme o seu interesse, aprofundar e ampliar aprendizagem em uma área de conhecimento ou em uma formação técnica”, ressaltou.

Motivação

Tudo isso foi motivado por uma profunda transformação social. "A escola precisa sair da condição de transmissora de conhecimento e técnica, apenas, para a transformação e formação integral do indivíduo para a cidadania. De proporcionar ao estudante o protagonismo do seu processo de escolarização e do seu processo de vida em relação ao estudo e ao trabalho", argumentou.

Foram as exigências por uma juventude mais criativa, que vá além da excelência técnica e curricular que levaram à elaboração e aprovação das transformações no currículo. "Fez-se necessário um espaço para o desenvolvimento das competências para chegar ao mercado de trabalho com capacidade de gestão e de gerenciar problemas, de produzir mais e melhor, de forma inovadora", lembrou.

Formação integral

Um dos destaques, segundo Andreza, é o foco na formação integral dos alunos, que visa, não só o aprendizado teórico dos conteúdos, mas a preparação dos jovens para o mercado de trabalho e para lidar com outras áreas da própria vida. "Sabemos que este é um caminho importante para as transformações que o mundo precisa. Nossos esforços são para que os alunos sejam, antes de mais nada, cidadãos felizes e conscientes", reforçou.

Segundo a coordenadora do Mackenzie, as principais mudanças foram: a ampliação do tempo mínimo de atividades realizadas pelo aluno na escola, que deve passar de 800 para 1 mil horas anuais; uma organização curricular mais flexível, com uma base nacional comum curricular; e a previsão de trilhas formativas, nas quais os estudantes podem escolher em que áreas referem aprofundar os estudos.

"[Esse modelo traz] diferentes possibilidades de escolha aos estudantes, e tem como objetivo aproximar as escolas da realidade dos estudantes de hoje, com contextos, projetos e sonhos diferentes", enfatizou.

Inovação na forma de avaliar

Apesar de todas essas mudanças, o novo ensino médio não exclui a possibilidade de que os alunos aprendam o conhecimento técnico ou acadêmico, mas oferece a ele uma forma diferente de fazer isso, como colocou Andreza. "A formação geral básica é um conjunto de competências e habilidades bem conhecidas que aprofundam e consolidam os aprendizados essenciais, já os itinerários formativos são o conjunto de situações e atividades educativas", detalhou.

Tudo isso, segundo a coordenara, é fruto de um movimento que começou antes mesmo da aprovação das mudanças na LDB, com o modelo de avaliação formulado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "O Enem é um processo avaliativo embasado nas habilidades e competências. Ao propor, em suas provas, a aplicação de itens em que o tema, que estava no campo abstrato, tivesse uma aplicação prática", colocou.

Ela lembra que esse modelo de avaliação dos conhecimentos, até então pouco difundido no país, chegou a criar dificuldades para muitos estudantes que não conseguiam encontrar a aplicabilidade prática das matérias aprendidas em sala de aula. “Em um passado não muito distante, apenas o currículo era sinal ou garantia do sucesso. Hoje, com a inserção da internet na rotina diária, isso já não é mais o suficiente. Espera-se que a juventude, além de ter uma boa formação acadêmica, um ótimo currículo, seja inovadora, criativa, faça propostas de intervenção frente ao problema e saiba trabalhar em equipe ou sob pressão”, complementou.

Assista à live na íntegra:

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