Carta aberta

Unicef pede a prefeitos que priorizem reabertura segura das escolas

Em carta aberta aos gestores eleitos nos municípios brasileiros nas eleições de 2020, entidade reforça dificuldades da educação na pandemia

EuEstudante
postado em 07/01/2021 12:58
 (crédito: Étienne Godiard/Unsplash)
(crédito: Étienne Godiard/Unsplash)

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) parabeniza as prefeitas e os prefeitos eleitos para governar os 5.568 municípios brasileiros. Por meio de carta aberta assinada pela representante da entidade Florence Bauer, o Fundo afirma que sabe dos “intensos desafios” que virão no novo ciclo iniciado em 1º de janeiro de 2021. Porém, pedem que os políticos deem prioridade absoluta à educação e à reabertura segura das escolas.

Confira a carta aberta na íntegra:

O longo tempo de fechamento da maioria das escolas e o isolamento social têm impactado profundamente a aprendizagem, a saúde mental e a proteção de crianças e adolescentes.

Apesar dos esforços para organizar atividades remotas para continuidade das aprendizagens, milhões de crianças e adolescentes não foram alcançados e perderam o vínculo com a escola. Elas e eles correm o risco de abandonar a educação definitivamente. Isso vai aprofundar ainda mais as desigualdades e impactar uma geração inteira.


 

As escolas desempenham um papel primordial na vida de meninas, meninos e suas famílias. Elas proveem, primeiramente, uma educação essencial para que crianças e adolescentes desenvolvam o seu pleno potencial, exerçam a cidadania e se preparem para o mundo do trabalho.

Mas há muito mais: as escolas também oferecem oportunidades para o desenvolvimento de competências de interação social e são essenciais à proteção contra diferentes formas de violência - incluindo a violência doméstica, que aumentou na pandemia. Além disso, um número considerável de crianças e adolescentes depende da merenda escolar para sua segurança alimentar.

Muitas famílias, muitos professores e outros profissionais de educação estão preocupados com o risco de contaminação com o coronavírus nas escolas. O UNICEF compartilha dessa preocupação. No entanto, a experiência em muitos países demonstra que a reabertura das escolas não causou um aumento das infecções.

Por tudo isso, dizemos: as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em qualquer emergência ou crise humanitária. É fundamental empreender todos os esforços necessários para que as escolas de educação básica reabram no início deste ano escolar, em segurança. É um momento-chave que não podemos deixar passar.

A forma da reabertura tem de ser adaptada à situação local e pode incluir elementos de educação híbrida, uma mistura de educação presencial e a distância, rodízio de estudantes em grupos pequenos, etc. - como sugerido nos protocolos que estão à disposição. É imprescindível envolver professores, demais profissionais da educação, estudantes, seus familiares e a comunidade escolar nessa decisão.

Diante deste cenário desafiador, o Unicef reafirma seu compromisso de trabalhar, junto com os governos e os educadores, na garantia dos direitos de crianças e adolescentes, e se coloca à disposição para apoiar todos os municípios brasileiros. No site do Unicef, há uma página com protocolos e orientações para a reabertura segura das escolas.

Além de dar início ao novo ano letivo, é essencial ir atrás de cada menina, cada menino que não conseguiu se manter aprendendo na pandemia. Antes da covid-19, já estavam fora da escola 1,5 milhão de crianças e adolescentes. Cada dia sem esse vínculo escolar aumenta o risco de abandono permanente. É preciso ir em busca de todas as crianças e todos os adolescentes, sem deixar nenhuma ou nenhum para trás.

O Unicef, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), conta com a estratégia de Busca Ativa Escolar, adaptada ao contexto da pandemia, e convida municípios a aderir à iniciativa e implementá-la como uma importante medida para enfrentar a exclusão escolar, um dos efeitos secundários da pandemia.

Fora da escola não pode. E na escola sem aprender também não. Cada criança, cada adolescente tem direito de aprender. O Unicef está ao lado de cada município para garantir que esse direito seja efetivado, e reafirma a urgência de priorizar a educação de meninas e meninos nestes tempos difíceis.

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