Imunização

Vacina: ministro da Saúde estuda por professores na lista de prioridade

Pazuello afirmou à Frente Nacional de Prefeitos que a inclusão deve ser feita até março. Com a reabertura de escolas, grupos educacionais enviam carta aberta pedindo priorização

Isabela Oliveira*
postado em 19/02/2021 19:14 / atualizado em 19/02/2021 20:17
 (crédito: Tony Winston/MS)
(crédito: Tony Winston/MS)

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou, durante reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que estuda inserir os professores no próximo grupo prioritário da vacinação. Segundo a FNP, Pazuello fará a adaptação no Plano Nacional de Imunização (PNI) e deve fazer a inclusão dos docentes na lista prioritária até março.


Em ofício enviado ao Ministério da Saúde, na última sexta-feira (12/2), a frente afirmou que “a vacinação trará mais segurança às aulas presenciais, mesmo que em sistema híbrido”.


Em 4 de fevereiro, diversos grupos educacionais enviaram carta aberta ao governo federal solicitando a priorização dos docentes na vacinação e a ampliação da quantidade de vacinas. Segundo o presidente da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec), Paulo Fossatti, a carta se justifica pela exposição dos professores com os alunos e a possibilidade de contágio, inclusive durante o deslocamento entre casa e escola.

 

Paulo Fossati, presidente da Anec: carta de entidades da educação expõe a necessidade de priorizar professores e ampliar a quantidade de imunizantes
Paulo Fossati, presidente da Anec: carta de entidades da educação expõe a necessidade de priorizar professores e ampliar a quantidade de imunizantes (foto: Divulgação/Anec)


“Estamos na linha de frente o tempo todo e trabalhamos em ambientes fechados, por mais que busquemos espaços ao ar livre. Se educação é prioridade, a prioridade também é imunizar todos os educadores”, defende Fossatti, também reitor da Universidade La Salle (RS).


Ele celebra que a carta aberta tenha chegado aos prefeitos, que pressionaram Pazuello para que os educadores fossem incluídos no PNI. O que resta agora é cobrar para que, de fato, a promessa do ministro seja cumprida e haja a inclusão.

Além da Anec, assinam a carta outras entidades, como o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), a Associação Brasileira das Instituições Educacionais Evangélicas (Abiee), a Associação Brasileira das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Abruc) e a Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem).


Proposta: aumentar percentual de vacinados


A proposta dos grupos educacionais é manter um diálogo com o governo para evitar a falta de vacinas e imunizar um maior percentual da população. Foram vacinadas 5.614.633 pessoas, o que representa 2,65% da população brasileira.


O presidente da Anec também ressalta que várias nações provam que é possível reduzir os efeitos da pandemia, como mortes e número de internados. “Israel e tantos outros países, por exemplo, mostraram que quando temos altos índices de imunização, temos a diminuição do número de internados e mortes”, argumenta.


Bons exemplos no exterior


O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal órgão de saúde pública dos Estados Unidos, disse, na última sexta-feira (12/2), que o ensino presencial pode ser retomado com medidas de biossegurança. A vacinação dos professores, segundo o CDC, é importante para a retomada do ensino presencial no país, mas não um pré-requisito.


Ao todo, 28 estados e a capital Washington D.C., começaram a vacinar o grupo prioritário, que inclui trabalhadores essenciais (policiais, bombeiros, agricultores, carteiros, condutores de ônibus, trabalhadores de supermercados e do setor educacional) e idosos acima dos 75 anos.

Alfredo Freitas, diretor de educação e tecnologia da Ambra University, acredita que a indefinição de como serão as aulas pode atrasar a definição do ano letivo
Alfredo Freitas, diretor de educação e tecnologia da Ambra University, acredita que a indefinição de como serão as aulas pode atrasar a definição do ano letivo (foto: Divulgação/OneVox)


Alfredo Freitas, diretor de educação e tecnologia da Ambra University, acredita que o principal diferencial dos Estados Unidos hoje e que deveria ser levado como aprendizado para o Brasil é a flexibilização nas decisões políticas. “Não devemos esperar que o governador ou presidente tenha essas respostas para a retomada das aulas. Deve-se delegar para que as cidades deleguem às escolas e, assim, os diretores definam o que faz sentido”, pontua. “Uma cidade no Amazonas tem realidade diferente de uma em São Paulo”, compara.


Ele também pondera que a indefinição de como serão as aulas pode gerar insegurança para as famílias e atrasar a definição do ano letivo. “O ensino no Brasil está indefinido na maioria dos estados. Temos retorno presencial em parte, mas em outros está instável. E a indefinição gera instabilidade e dificuldade em estabelecer um programa de como vai ser o curso do ano”, afirma o mestre em ciências, automação e sistemas pela Universidade de Brasília (UnB).


Insegurança física e mental

Enquanto professores não são vacinados, a sensação que fica, segundo Paulo Fossatti, é de insegurança. Depois de um ano de educação remota, as pessoas querem voltar ao contato físico, as famílias voltam a trabalhar e não têm onde deixar os filhos nas escolas. Muitas instituições, para respeitar o número máximo permitido de alunos em sala, adotaram o ensino híbrido.


Além disso, a maior insegurança fica para a rede pública. "Estamos com grande número de escolas públicas que, por maior esforço, não têm as melhores condições, os alunos não têm acesso à internet e sabemos que tem um contingente de escolas não têm água encanada. Como garantir segurança sem imunização?”, questiona o presidente da Anec.


Casos de covid-19 confirmados


No estado de São Paulo, são 741 casos do novo coronavírus confirmados em escolas, entre alunos e professores. Entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro, o Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a covid-19 (Simed) registrou nas escolas das redes estadual, municipal e particular, 2.208 notificações relacionadas ao coronavírus. Destas, 168 são casos suspeitos, 741 casos confirmados e 334 descartados. Entre os confirmados, 456 casos foram na rede estadual, 14 nas redes municipais e 271 na particular.

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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