Coronavírus

Pesquisa da FGV avalia resposta da educação pública à pandemia

O Distrito Federal, de acordo com o levantamento, obteve o segundo melhor desempenho na educação, atrás da Paraíba. Em último lugar, ficou a Bahia

Eu Estudante
postado em 19/03/2021 16:40 / atualizado em 19/03/2021 16:42
 (crédito: Dênio Simões/Agência Brasília)
(crédito: Dênio Simões/Agência Brasília)

Uma pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) classificou a resposta da educação pública à pandemia de covid-19 nas unidades da Federação. Segundo o levantamento, o Distrito Federal teve a segunda melhor resposta à crise de saúde pública, com uma nota de 5,9 de um total de 10, atrás apenas da Paraíba, que obteve nota 6.

A pesquisa mostrou que houve atrasos significativos na adoção de programas apropriados tanto pelos estados e pelo Distrito Federal quanto pelas capitais. Os planos foram desenhados com atenção insuficiente para a questão da garantia de acesso a tecnologias que permitam o aprendizado e a supervisão de alunos de forma remota.

A média da pontuação da educação nas unidades da Federação foi de 2,38, numa escala que varia de 0 a 10. Ficaram acima da média, em ordem crescente de nota, Acre, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal e Paraíba.

Abaixo da média estão, em ordem crescente, Bahia, Rondônia, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Pará, Amapá, Roraima, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Sergipe, Alagoas e Santa Catarina.

Governadores optaram por ensino virtual, mas não disponibilizaram internet e material impresso em larga escala

De acordo com a pesquisa, até julho, 90% das unidades da Federação usaram a internet para oferecer as aulas da rede pública. No entanto, até abril, três meses antes, apenas cerca de 50% a 60% dos governos disponibilizaram as aulas pela internet, o que evidencia a demora de adaptação à nova realidade.

Mesmo que boa parte das localidades tenha decidido pela transmissão via internet, apenas cerca de 15% distribuíram dispositivos e menos de 10% subsidiaram o acesso à internet. Em 50% dos casos, houve a opção de distribuição de apostilas específicas para o estudo em casa. Em relação às capitais, apenas 20% se esforçaram em compartilhar materiais impressos.

A supervisão dos alunos ficou por conta dos docentes. A pesquisa mostrou que os estados e o DF delegaram a função aos professores em 50% dos casos, e às secretarias de educação, em 20% das vezes.

Melhores notas foram de governos que cobriram mais níveis de educação

Unidades da Federação que se esforçaram para criar planos de educação para todos os segmentos em sua programação obtiveram pontuações maiores pela pesquisa. Isso ocorreu porque esses governos não têm responsabilidade na gerência do ensino infantil.

Já as capitais federais não devem oferecer ensino médio, com exceção da Educação de Jovens e Adultos (EJA), uma vez que a responsabilidade é do governo estadual. Todos os estados, com exceção da Bahia, introduziram planos para o ensino médio.

De acordo com a pesquisa, esse resultado é esperado, não apenas por ser o ensino médio de responsabilidade exclusiva dos estados, mas pela proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorreu em janeiro, além do falto de a falta de um plano para o ensino médio poderia ter apresentado implicações eleitorais nas eleições municipais.

Demora para apresentação de programa de educação

Enquanto o Amapá apresentou um programa de educação um dia após o fechamento das escolas, Tocantins, Rio Grande do Sul e Espírito Santo demoraram mais de 100 dias para apresentar um plano. Como resultado, estudantes que moram nesses estados ficaram sem educação pública por mais de três meses.

O Distrito Federal ficou cerca de 30 dias sem plano de educação para ensino a distância. Em relação a volta às aulas, as atividades foram suspensas em 12 de março do ano passado e retomadas, de forma remota, em 13 de julho. Um total de 93 dias parados.

Classificação usou quatro parâmetros

Para classificar cada unidade da Federação, a pesquisa utilizou quatro componentes:

  1. Os meios de transmissão utilizados para oferecer aulas a distância;
  2. Os materiais, dispositivos e tecnologias disponibilizados para fornecer a alunos e professores acesso às aulas e aos conteúdos, como celulares, tablets, apostilas ou quaisquer formas de subsídio à internet;
  3. A supervisão dos alunos, julgando como os colégios garantiram a frequência de estudantes nas aulas e a execução de atividades propostas por professores; 
  4. Os níveis educacionais cobertos, como infantil, fundamental e médio ou a EJA, no caso das capitais.

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