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Duas professoras da rede pública do Distrito Federal foram premiadas por projeto que busca incluir temáticas de diversidade nas escolas. Aldenora Conceição de Macedo, 39 anos, e Jaqueline Aparecida Barbosa, 35, ambas professoras afastadas para doutorado da Secretaria de Educação do DF, cuidam do projeto “Juntes: relações saudáveis na adolescência”. O nome, uma variação sem gênero do termo juntos, ressalta a valorização da inclusão presente no projeto.
Idealizadora do projeto, Aldenora ressalta que o edital Igualdade de Gênero na educação básica premiou as dez propostas mais engajadoras e criativas, entre outras 272, com um leitor digital e um curso oferecido pela Ação Educativa em cerimônia realizada nesta terça-feira (23/3). A iniciativa é uma realização da Ação Educativa e Gênero e Educação e ocorre com o apoio da Fundação Malala.
“O que se espera ao final do projeto é que essas e esses estudantes possam compreender a diversidade como intrínseca à sociedade e como as questões de gênero perpassam as relações de poder e impulsiona violências”, ressalta a doutoranda da Universidade de Brasília (UnB).
Ela também projeta o aprendizado de aspectos da diversidade étnica e cultural, identificação do machismo como uma problemática social que atinge também meninos e homens, além de identificar os relacionamentos abusivos e os tipos de violência contra meninas e mulheres.
Falta discussão sobre o tema
A professora destaca que a necessidade de tratar dos temas é uma realidade notada no dia a dia da escola. O projeto é um trabalho interdisciplinar constituído em atividades diversificadas com uso de explanação, rodas de conversa, tempestade de ideias, audição de música e apresentação de vídeos.
O que incentivou a professora a inscrever a proposta na competição, além do repertório de atuação na temática na Secretaria de Educação, foi a possibilidade de integrar um banco de aulas nacional, com planos de aulas, sequências didáticas e projetos interdisciplinares, para ajudar outros docentes. “Era isso que eu almejava, que o trabalho ficasse disponível para ser multiplicado e pudesse ser compartilhado”, afirma.
De 2018 até 2020, Aldenora atuou como gerente de educação em direitos humanos e diversidade na Subsecretaria de Educação Básica da SEEDF. Sendo responsável pela implementação e construção de políticas públicas e propostas junto a todas as escolas da rede, impactando nas 14 regionais de ensino da Capital Federal.
Jaqueline Aparecida, cooperou com a implementação da proposta. Professora da rede pública desde 2011, ela percebe uma ausência e o silenciamento das pessoas que querem discutir esses assuntos. “São assuntos pungentes, como atos de racismo, de desrespeito com relação ao gênero”, exemplifica. “Mas o que também acontece com muita frequência é um silenciamento. É como se essas questões não acontecessem e como se elas fossem secundárias. Isso influencia diretamente na qualidade do trabalho pedagógico desenvolvido”.
“Eu acho que nós sofremos muitas derrotas nos últimos anos para trabalhar com esses temas. Isso é fato”, ressalta e exemplifica com propostas como o Escola Sem Partido. “A gente enfrentou muita resistência, mas a gente vê também que as pessoas fazem uma confusão muito grande do que é esse trabalho por gênero e diversidade. Esse trabalho quer o respeito para todas as pessoas”. A professora destaca que a proposta engloba um modelo híbrido, presencial e, com pequenas adaptações pelos professores, o ensino à distância.
Responsáveis por escolas já podem colocar em prática o projeto. Para conferir o projeto, acesse este link.
Confira a transmissão da cerimônia de premiação:
*Estagiário sob a supervisão da editora Ana Sá