O conceito de educação mudou com o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Atividades antes só encontradas em programas de EAD, hoje fazem parte da rotina de estudos em diversas escolas, em especial nos países desenvolvidos.
As metodologias ativas e o ensino híbrido estão, cada vez mais, aproximando a EAD do ensino presencial. É possível ter acesso à educação de qualidade, quando e onde quiser. Basta ter acesso a um computador ou smartphone conectado à internet. As melhores escolas e universidades do mundo já aderiram a novos modelos - e isso ajudou bastante a acabar com o preconceito em relação a este tipo de modalidade.
A facilidade de estudar no próprio ritmo tem sido um dos fatores do sucesso da EAD. Aliado a isso, existe uma grande variedade de cursos disponíveis, em diversos idiomas, com certificação e preços adequados às necessidades de cada aluno.
Um dos fatores que apontam para um futuro promissor da EAD é a possibilidade de personalização do aprendizado, algo extremamente complexo na educação presencial. As tecnologias atuais, como a Inteligência Artificial, permitem que a aprendizagem adaptativa seja aplicada com sucesso.
Em linha com essa tendência está o fato de que as gerações mais novas já nasceram num mundo com acesso às TICs e em especial à internet. São os "nativos digitais", já habituados com uso de novas interfaces digitais. E a educação deve se beneficiar dessa característica, oferecendo meios para que os alunos se sintam confortáveis e motivados para o aprendizado.
De maneira geral, os jovens estão mais adaptados ao uso de tecnologias para resolver os seus problemas. É comum hoje encontrar, especialmente, adolescentes utilizando o Youtube para aprender algo de forma autônoma. Porém, ainda precisamos adaptar as escolas para trabalhar com esse tipo de ensino.
Nesse universo, existem muitos casos de sucesso, mas também são várias situações de fracassos. Muitas delas por tentarem replicar na educação a distância exatamente o modelo presencial. É preciso entender que são diferentes, que demandam adequação de metodologia, inclusive o papel do professor e do aluno sofrem mudanças a serem consideradas. Não há um modelo "certo", depende de diversos fatores como: tecnologias disponíveis, faixa etária dos alunos, formação dos professores, custos etc.
Os bons exemplos na EAD podem ser observados em vários níveis. No ensino superior se destacam a Open University (Reino Unido), a UNED (Espanha), ou os programas do MIT OpenCourseWare. Para o ensino básico várias escolas conseguiram ter sucesso nesse momento de pandemia. Temos ainda as plataformas de aprendizagem como a Indiana BYJU's, que é a edtech mais valorizada do mundo, e na China a plataforma da Tencent está sendo usada por milhões de alunos.
Mas a tecnologia por si só não consegue gerar resultados educacionais. Ela não é finalidade. Novos métodos de ensino inovadores estão se beneficiando dessas tecnologias com entregas promissoras. Podemos citar como exemplos dessa união o uso de dispositivos móveis para entregar conteúdos, acompanhar o uso dos alunos e facilitar a comunicação; e os jogos educacionais, que estimulam o engajamento e o aprendizado de forma lúdica.
Com a pandemia e o fechamento das escolas, instituições de ensino e governos tiveram que encontrar formas de acesso à educação para evitar um agravamento dos problemas. O caminho mais rápido e já testado foi o uso das tecnologias, em especial aquelas usadas na EAD.
Um dos melhores exemplos de sucesso foram as parcerias dos governos de São Paulo, do Sergipe e do Amazonas com a startup Explicaê, disponibilizando a plataforma 100% digital aos alunos do Ensino Médio da rede pública.
Por conta da pandemia, as mudanças na EAD foram rápidas, não planejadas, sem treinamento de professores, conteúdos não adequados, infraestrutura de comunicação insuficiente etc., resultando numa experiência ruim do usuário. Certamente grande parte desses problemas não iria acontecer se tivéssemos tempo e planejamento adequado. Mas, acredito que temos a oportunidade de aproveitar os pontos positivos e os modelos de sucesso para criar um modelo de educação híbrida. Esse movimento é irreversível, a educação não voltará a ser como antes, a partir de agora as tecnologias educacionais, metodologias ativas e a EAD estarão presentes no nosso dia a dia.
*Mário Andrade é COO e Co-Fundador da EXP For School e CEO na TECNED - Tecnologias Educacionais. É mestre em informática pela Universidade Federal de Campina Grande e especialista em Informática Médica pela Universidade Tiradentes. Participou como gestor de projetos de Educação à Distância e Educação Corporativa em empresas como Grupo Energisa, Banese, Estácio e Sebrae. Trabalhou por mais de 15 anos como professor universitário na graduação e pós-graduação e desenvolveu projetos de Biometria e Inteligência Artificial. Também é consultor para o Sebrae para a área de Educação.