Pesquisa

87% dos alunos que frequentam aulas presenciais se sentem mais animados

A constatação é de pesquisa sobre a perspectiva das famílias sobre o retorno das aulas presenciais. O levantamento mostra que 80% dos estudantes estão mais otimistas

Maryanna Aguiar*
postado em 22/10/2021 19:29 / atualizado em 22/10/2021 20:49
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Pesquisa realizada pelo Datafolha e encomendada por Itaú Social, pela Fundação Lemann e pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aponta os índices de desmotivação e dificuldades na rotina dos estudantes que tiveram as escolas reabertas. A pesquisa mostra que, segundo os pais e responsáveis, os estudantes que retomaram as aulas presenciais estão mais animados (87%), mais otimistas (80%) e mais interessados pelos estudos (85%).


Como afirma a estudante do 9º ano Yasmin Melo, 15, o retorno presencial das aulas a deixou mais animada: “Estudar a distância não foi uma experiência muito legal, mais por conta do coronavírus, tivemos que tomar as devidas providências e estudar de forma remota, mesmo que as aulas estavam ocorrendo de forma remota não se compara as aulas presenciais, são bem legais, estou até mais animada. Só temos que nos cuidar direitinho e tomar as medidas necessárias”, conta a adolescente, que retornou ao presencial em 13 de outubro em uma escola municipal da rede pública de Luziânia (GO).


A pesquisa é a sétima de uma série que vem acompanhando a percepção das famílias brasileiras a respeito dos desafios da pandemia na educação desde 2020. Outro dado positivo é a percepção dos pais e responsáveis em relação ao aumento da aprendizagem dos estudantes que tiveram a escola reaberta (56%) e aqueles que continuam nas atividades remotas (41%). Por outro lado, 39% acreditam que os estudantes se sentem despreparados em relação ao aprendizado, e que 19% estão com dificuldades no relacionamento com professores ou colegas.


A etapa qualitativa da pesquisa, realizada pela Rede Conhecimento Social, por meio de grupos de discussão com famílias de estudantes, confirmou esse estado de apreensão tanto com defasagem de determinados conteúdos quanto com o possível desinteresse dos estudantes.

.
. (foto: Reprodução)

Os participantes da pesquisa acreditam, ainda, que o apoio dos governos e das instituições de ensino é relevante neste momento e que é preciso definir com urgência o modelo que será adotado nas escolas, propor um cronograma e um planejamento de atividades.


“Os resultados demonstram o quão importante e urgente é a retomada das atividades presenciais nas escolas. Também apontam para a necessidade de um esforço conjunto da sociedade para recuperar a confiança e a autoestima dos estudantes, para que eles permaneçam na escola e possam recuperar mais rapidamente as defasagens no aprendizado geradas pela pandemia”, diz Daniel de Bonis, diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann.


Para a superintendente do Itaú Social, Angela Danemann, cada rede de ensino empreendeu importantes esforços para a continuidade do aprendizado durante esse longo período de afastamento do ambiente escolar.


“O professor foi o maior vínculo entre aluno e escola e se desdobrou para se adequar às novas tecnologias e propor atividades que estimulassem a atenção dos estudantes. Atenuar as marcas deixadas pela pandemia na educação exigirá um aprofundado ainda maior do debate sobre formato, currículo, habilidades prioritárias e investimentos para o retorno. Os alunos precisam ter a chance de recuperar a aprendizagem de forma efetiva e com equidade, considerando todas as perdas que os grupos mais vulneráveis passaram”, avalia.

.
. (foto: Reprodução)

Sobre a reabertura das escolas e recuperação de aprendizagem, segundo os responsáveis, as escolas de 65% dos estudantes reabriram, a maioria com rodízio entre os alunos, sendo que em maio de 2021, esse índice era de apenas 24%. Entre os que tiveram a escola reaberta, 72% voltaram às salas de aulas presenciais. A pesquisa mostra, ainda, uma grande diferença regional nesses dados: na Região Sul, os entrevistados afirmaram que as escolas de 90% dos estudantes estão reabertas, em contraste com apenas 40% no Nordeste.


A pandemia impactou o aprendizado de todos os estudantes, mas aqueles em processo de alfabetização do 1º, 2º e 3º anos foram especialmente os mais afetados. De acordo com a pesquisa Datafolha, 74% dos pais e responsáveis responderam que o que mais ajudaria na evolução do processo de aprendizagem na volta às aulas presenciais é a presença do professor, enquanto apenas 8% consideram a companhia de outras crianças. A dificuldade para ler e escrever é uma preocupação de 35% dos pais e responsáveis, 26% consideram não aprender o conteúdo adequado para a etapa de ensino e 21% temem que os estudantes não tenham base suficiente para passar para os próximos anos escolares.

  • .
    . Foto: Reprodução
  • .
    . Foto: Reprodução

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação