Recém-lançada no Brasil, a plataforma Centro Anne Frank Educação oferece conteúdo educativo para debater temas como discriminação, valores culturais e igualdade de direitos. Baseada na história da jovem judia alemã vítima da perseguição nazista durante a Segunda Guerra mundial, a plataforma foi lançada em junho deste ano, em parceria com o Instituto Plataforma Brasil (IPB). O site fornece conteúdo on-line e gratuito, desde aulas temáticas à experimentação de realidade virtual, passando por oficinas e exposições.
O projeto conta com o apoio do Consulado Geral do Reino dos Países Baixos em São Paulo e prevê alcançar, nos próximos três anos, cerca de mil educadores, 50 mil alunos e várias estruturas educativas locais. Segundo o presidente do Instituto Plataforma Brasil, Joëlke Offringa, por meio de parcerias já existentes e a inclusão de secretarias municipais e estaduais de educação no processo, a meta é envolver cerca de mil de educadores. "Calculamos que cada educador envolvido promoverá atividades para, no mínimo, 50 alunos”, diz. Até o momento, mais de 200 pessoas se inscreveram para o evento on-line de lançamento da plataforma, em junho, e desde então a plataforma recebeu mais de 900 visitantes.
Voluntária do projeto, Adriana Terra explica que os cursos vão garantir a eficiência das atividades, trazendo o apoio de educadores que já tiveram experiência com o material. “O Centro Anne Frank Educação é a realização de um sonho, pois alcançaremos todos os lugares e pessoas do Brasil com material de qualidade oferecido pelo Instituto Plataforma Brasil e pela Anne Frank House.”
Relembrar, refletir e reagir
Os materiais da plataforma digital se baseiam no tripé dos três R: Relembrar, Refletir e Reagir, a partir da história de vida de Anne Frank. Em relembrar, a ideia é promover para todos — sejam professores ou alunos — uma compreensão aprofundada sobre o tema do Holocausto e o genocídio de milhões de pessoas.
Em refletir, parte-se do conhecimento adquirido na fase anterior para pensar sobre o processo que levou à barbárie do Holocausto e quais funções as pessoas assumiram naquele contexto. O conteúdo disponível na plataforma propõe colocar o participante na missão de refletir sobre o que deveria ser feito para evitar o fato.
No terceiro pilar, reagir, o jovem é visto como agente de mudança. Offringa ressalta o dever do jovem como ajudante, ao “assumir esse papel de alguém que estica a mão para quem mais precisa”. “O objetivo principal da Casa Anne Frank, e também o nosso, é transformar um número cada vez maior de jovens em ajudantes que trabalham para as questões mais urgentes de hoje e em prol das pessoas mais vulneráveis”, afirma a presidente do instituto.
Função social
Os conteúdos estão divididos nas categorias presenciais e on-line, de acordo com o tipo de atividades que oferecem. A plataforma defende a importância de promover debates sobre a democracia, diversidade e dignidade para todos, combatendo a discriminação, o racismo, a exclusão social e a violência, para que as crueldades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial nunca se repitam.
A presidente destaca o papel social do projeto. “Os jovens são encorajados a assumir responsabilidade pelo contexto social em que vivem. O IPB acredita que, com o suporte e direcionamento de outros jovens e especialistas, esse público tem potencial para criar movimentos de mudança de curto e médio prazo”, afirma.
Segundo ela, é fundamental compreender o passado e o passo a passo dos eventos que ocorreram para impedir que que violações contra os direitos humanos voltem a ocorrer. “O que ocorreu no passado nos mostra, claramente, a necessidade de investir, todos os dias, na construção de valores importantes para uma sociedade que valoriza a diversidade e as boas relações”, diz Offringa.