Antes que os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 fossem divulgados na última semana, técnicos e especialistas em educação já nos alertavam: “cuidados na análise”, “sem pânico” — todos os resultados estão sob influência de um período totalmente excepcional”, causado pela crise sanitária da pandemia da covid-19, que gerou o afastamento das aulas presenciais.
Porém, não são só os dados divulgados destes índices qualitativos que deixaram nós, estudantes e os movimentos educacionais, em alerta: afinal, sou daquelas que reitera e defende que não somos geração perdida por conta da pandemia; somos uma geração que tem urgência de uma guinada no projeto de país e de educação.
No mesmo dia da divulgação dos dados, corria também a notícia que a verba destinada à merenda escolar seguia sem reajuste desde 2017, mesmo com a alta de preço dos alimentos deste último ano — que chega a mais de 25% — e que levava até ao corte de arroz e feijão, ovos divididos e alunos com mão carimbada para não repetir a refeição.
Previsto no orçamento, o governo Bolsonaro vetou o reajuste da alimentação escolar em 2022 e também para 2023, sob a incoerente desculpa "de não estourar o teto de gastos”, enquanto faz manobras com o orçamento secreto e propostas eleitoreiras.
Os anos da primeira infância são de extrema importância para o aprendizado. Por isso, os cuidados, acolhimento e a alimentação são essenciais e, mais uma vez, Bolsonaro demonstra que educação não passa como lista de prioridades para Bolsonaro.
Dessa forma, os dados de impactos na aprendizagem na pandemia não têm relação apenas com as aulas à distância, mas um total descaso para uma retomada de qualidade, da negligência com a área durante a crise sanitária, lembrando que o Ministério da Educação (MEC) não utilizou, em 2020, verbas para educação básica para adaptação às condições de ensino — e devolveu R$ 1 bi aos cofres públicos.
Por isso, apesar dos dados dessas avaliações indicarem perdas de aprendizagem no ensino fundamental e médio, com um projeto de educação, com prioridade para redução das desigualdades e, acima de tudo, um projeto de nação, que devolva perspectivas. É possível estar em um ciclo virtuoso de desenvolvimento e redução de desigualdades.
*Jade Beatriz é estudante de cursinho pré-vestibular e presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)