EDUCAÇÃO

Base Nacional Comum Curricular faz ponte com tecnologias, dizem educadores

Com implantação de novos currículos nas escolas, uso de diferentes ferramentas se torna cada vez mais importante, e muitas instituições já estão prontas para atender a essa demanda

Thays Martins
postado em 29/10/2022 06:00
Colégio Sesi aposta no uso de simuladores e games até mesmo em aulas de português -  (crédito: José Paulo Lacerda/Divulgação)
Colégio Sesi aposta no uso de simuladores e games até mesmo em aulas de português - (crédito: José Paulo Lacerda/Divulgação)

Alinhada com as práticas mais atuais adotadas no resto do mundo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não poderia deixar de ser, também, um impulso para o uso da tecnologia. Foi a necessidade de se fazer essa ponte, aliada à urgência do ensino remoto emergencial durante a pandemia, que levou muitas escolas a acelerarem a implantação das diretrizes.

"Hoje, não tem mais como falar de educação sem falar de tecnologia. Vimos que a sala de aula consegue se adaptar de forma rápida", avalia a professora Marcela Regina Camara, do Colégio La Salle. Ela reconhece ainda a importância que o acompanhamento dos docentes tem. "Estamos tendo formação constante aqui, para que todos tenham conhecimento do documento. A partir disso, elaboramos atividades pensadas nas competências da BNCC", explica. Na avaliação da professora, a Base traz grandes benefícios para a educação brasileira. "Ela realmente vem para acrescentar, priorizar os estudantes. Foi, para mim, o maior ganho da educação nos últimos tempos", destaca.

Itinerários

No Galois, esse processo ganhou um aliado. A escola resolveu oferecer aos estudantes oficinas relacionadas aos conteúdos previstos na Base. De acordo com a professora Liege Pinheiro, coordenadora do Apoio Acadêmico, este ano foram ofertadas oito práticas nas áreas de humanas e exatas, alinhadas aos itinerários formativos. "Fizemos uma parceria com a UnB para possibilitar que o aluno tenha uma vivência universitária ainda no ensino médio", explica a professora.

Participar das oficinas é optativo, mas os estudantes têm aprovado a iniciativa. Bernardo Aires, 16 anos, aproveitou a oportunidade para melhorar as habilidades comunicativas. "Eu ainda não tenho ideia do que vou ser como profissional, mas acho que a comunicação envolve todas as áreas. Foge um pouco das aulas formais. E a gente consegue entender como o profissional atua naquela área", explica.

Já Gabriel Vitor Monteiro, 17, está bem decidido: quer ser pesquisador. Por isso, optou por uma oficina de microscopia. "Tive a oportunidade de conversar com pessoas que trabalham na área. Faz muito tempo que tenho interesse pela área de ciência. E, na pandemia, ver os cientistas tentando conseguir formular uma vacina aumentou ainda mais meu interesse", destaca.

Potencial pedagógico

O colégio Sesi aposta na tecnologia para auxiliar tanto professores quanto alunos. Juliana Fonseca Duarte, especialista em desenvolvimento industrial no Departamento Nacional do Sesi, avalia que todas as tecnologias têm potencial pedagógico e devem ser vistas não como um fim em si mesmo, mas, sim, como meio para a criação de conhecimento (leia mais na página 42). "Um bom exemplo são as tecnologias de comunicação e informação, que viabilizam o desenvolvimento cognitivo em vários níveis. Ferramentas de edição de imagem, texto, som e vídeo têm um potencial incrível", destaca a mestre em educação.

Juliana cita, ainda, que os softwares para aprendizado de linguagem de programação podem ser usados nas aulas de língua portuguesa, assim como os simuladores e games. "Para além do virtual, há tecnologia física também acessível, como kits de robótica, material de automação, sucata", elenca.

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Em números

99,8% dos municípios alinharam os currículos à BNCC

100% dos estados estão com referenciais curriculares homologados

Fonte: Observatório Movimento pela Base

Avaliações ainda são impasse

Ainda é muito cedo para analisar os impactos das mudanças nos currículos. Porém, para medir esses resultados, os especialistas destacam a importância de adequar as avaliações brasileiras, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), às mudanças. Este processo já teve início, desde 2019 a avaliação passa por reformulação. "A parte que não teve muito avanço é adaptar o Saeb à BNCC. Nos editais dos livros didáticos também foram feitas algumas alterações pontuais, mas ainda está atrasado”, destaca Daniel de Bonis, da Fundação Lemann. "Ano passado, o Saeb e o Ideb tinham que ter sido atualizados para se adaptar à BNCC. Tem um trabalho em andamento. Sem dúvida ainda temos muito a avançar", concorda Patricia Mota Guedes, do Itaú Social.

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