Morreu, nesta sexta-feira (24/2), a professora Vânia Leila Nogueira, aos 60 anos. Ela não resistiu aos ferimentos causados por um atropelamento em Campos dos Jordão (SP), após cinco dias de internação em estado grave. Generosa e acolhedora, deixa o legado de uma vida dedicada à educação pública, à família e com forte conexão espiritual e respeito ao meio ambiente.
Vânia Leila se formou na Universidade de Brasília (UnB) e era professora aposentada da rede pública de ensino do Distrito Federal. Nos últimos anos, atuou como palestrante, consultora e pesquisadora da educação básica.
Os focos da carreira foram a educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental e educação profissional e tecnológica. Também se debruçou sobre a formação de professores e dava aulas no ensino superior. A vivência espiritual a levou a se tornar ainda professora de Ikebana, como voluntária na Fundação Mokiti Okada (FMO).
"A gente custa a acreditar que isso tudo esteja acontecendo porque, além de tudo, ela era apaixonada pela vida. Há um mês atrás eu estava na defesa do TCC dela, no curso de Letras/Espanhol do câmpus IFB de Ceilândia. Ela se aposentou e continuou se reinventando", relata a prima e também professora Gina Vieira Ponte.
Dona de sorriso contagiante – e digno do clichê –, Vânia Leila transmitia serenidade e segurança no olhar. Em entrevista ao Correio em 2016, ela comentou sobre as mudanças e a importância da então embrionária Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Além do interesse pelos temas mais urgentes da educação brasileira, demonstrou estar atenta à necessidade de se contemplar as realidades mais diversas. “O que se quer é uma garantia de direitos, de que do Amazonas até o Rio de Grande do Sul todos tenham os mesmos direitos. Mas, para um país continental como o Brasil, esse é um grande desafio”, disse a então professora da Escola Classe 64 de Ceilândia.
Gina destaca ainda o papel fundamental que Vânia desempenhou dentro da família, dando exemplo a mais de uma geração. "Difícil encontrar uma palavra que alcance a grandiosidade da Vânia, porque ela é uma mulher extraordinária. É a primeira da segunda geração (da família), e ela abriu um caminho que parecia impossível para todas nós. Foi a primeira a fazer magistério, a fazer curso superior, a fazer mestrado. Ela foi desbravando um caminho que tornou o nosso caminhar muito mais fácil. A Vânia aonde ela passava ela levava amor, beleza, leveza", relembra a prima, emocionada.
"A vida dela foi toda dedicada à educação pública. Ela é uma referência para as primeiras e para as gerações mais novas. Como ela é a nossa prima mais velha, é uma referência para todos nós e para os novos que estão chegando, porque faz questão de participar de todos os rituais das vidas de todo mundo. Tanto dos meus, que sou mais velha e mais próxima dela, quanto dos que estão chegando", completa Gina, que reforça ainda o quanto a relação com a mãe, dona Lindaura, era valorizada por Vânia.
Homenagens
Nas redes sociais, amigos e familiares manifestaram pesar e admiração. “Quero externar aqui meu respeito à Vânia pelo o que ela foi nessa vida, ajudou na formação de centenas de professores, sempre aguerrida, solidária, forte e prestativa conosco. Tive a honra de ser sua aluna e depois trabalhamos juntas. Um dia brinquei com ela que eu tinha que trabalhar direito, pois minha professora de Didática Geral estava lá, e ela sorriu demais”, escreveu Juliana Barbosa.
“Vânia é símbolo de alegria, de luta pela vida e de força feminina! Obrigada por ter nos ensinado tanto! Vá em paz Professora Vânia Leila! Sempre nos lembraremos de você com esse sorriso e com flores!”, bradou Kátia Gomes.
O velório ocorrerá no domingo (26/2), das 16h às 18h, na capela 01 do cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. Vânia deixa três filhos – Allan, Alex e Arthur –, o neto Bernardo e a nora Sheila, além dos pais, de primos e tios e de vários amigos que guardarão a lembrança de seu olhar generoso.