Para desmistificar a disciplina de estatística e mostrar aos alunos que a matéria tem aplicação no cotidiano, o professor e coordenador pedagógico Felipe Manoel Cabral aplicou uma atividade inspirada no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Professor de matemática do Instituto de Educação Paulo Tarso, em Nova Iguaçu (RJ), ele apresentou a proposta aos alunos do 9º ano do ensino fundamental, e a iniciativa fez sucesso. O resultado foi a elaboração do Minicenso Escolar: Estatística e Sociedade.
De acordo com Felipe, a escola utiliza o sistema de ensino PH, ou seja, prioriza trazer os conteúdos voltados para a realidade do aluno, sempre desenvolvendo habilidades de pensamento crítico e reflexão. Nesse sentido, foi proposto aos estudantes pesquisarem mais sobre o Censo, a importância, o impacto na vida das pessoas e qual é o objetivo do levantamento.
Os temas escolhidos pelos estudantes no "minicenso" para análise foram religião, cor e raça, pessoas por domicílio, idade, índice de massa corporal (IMC), e área do conhecimento. "Aqui, eu fiz algumas interferências para ir direcionando os estudantes, mas a escolha dos temas foi uma ideia construída por eles. A partir da vivência, eles vinham com a temática e a explicação de como iam apresentar depois, com os dados coletados, o impacto social que teria", explica Felipe.
A atividade começou com uma roda de conversa para que os alunos compartilhassem o que tinham encontrado da pesquisa já feita e também com o objetivo de estimular a participação ativa de todos. Depois disso, houve uma divisão de grupos, por temas, nos quais se organizaram em bancadas para que os dados fossem coletados na comunidade escolar.
"Percebo que a atividade foi muito positiva nesse sentido também, porque é uma das turmas mais organizadas e autônomas que tenho na escola, e a que mais possui senso crítico, voltado para o social", completa o professor.
O próximo passo foi a organização das informações coletadas. Os alunos utilizaram o software Excel para organizar os dados dos 115 entrevistados. "Nessa etapa, houve bastante a minha interferência, mas de modo a ajudá-los a manusearem o Excel e a conferir se estava tudo certinho. A parte de plotar o gráfico eles já tinham aprendido", afirma Felipe. Por fim, houve a apresentação dos resultados e da contextualização.
Protagonismo
A atividade garantiu aos jovens a possibilidade de discutir e de refletir sobre os temas propostos, propor ideias, contextualizar questões importantes em aspectos sociais, o que tornou o projeto, além de ser multidisciplinar, em um fator de motivação ao protagonismo dos alunos em sala de aula, favorecendo a autonomia e formando cidadãos conscientes e engajados.
"Eu, particularmente, como professor, saí muito mais satisfeito e realizado com essa atividade. Eles me surpreenderam muito, porque realmente vi o engajamento, e acredito que foi uma forma de eles poderem se expressar quando se viam impactados por fazerem parte dos grupos que identificam como minorias", conclui Felipe.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer