Eu, Estudante

Pesquisa

Inteligência artificial faz parte da rotina nas salas de aula

Oito em cada 10 alunos já usaram ferramentas de Inteligência Artificial (IA), aponta pesquisa

Estudantes utilizam IA na vida escolar para tirar dúvidas, resolver tarefas e criar novas ideias. É o que revela a pesquisa Percepções sobre a Inteligência Artificial na Educação. Resultado de uma análise de professores, gestores e estudantes do ensino médio e fundamental, o levantamento apura  impacto da ferramenta na vida dos docentes e discentes de 142 escolas. 

Os avaliados reconhecem as vantagens e as possíveis consequências de uso inadequado da ferramenta. Ao todo, participaram 1947 estudantes, 240 professores e 156 gestores.  

Fala, estudantes

Realizado nos meses de novembro a dezembro de 2024 pelo Observatório Fundação Itaú, em parceria com o Instituto Equidade.Info, a apuração constata que  1.090 (56%) dos 1.947 discentes concordam que a Inteligência Artificial auxilia na resolução de atividades e pesquisas para os estudos. Em comparação, apenas 137 (7%) afirmam não ajudar em nada. Entre os avaliados, 1.090 afirmam que a IA inspira a criatividade.

Para o estudante Kauê Lima, 15 anos, ferramentas  como o ChatGPT são úteis em diversas ocasiões de sua rotina. O jovem, que frequenta o 9° ano escolar, declara usar o meio tanto para situações do dia a dia quanto para atividades escolares. “Não acho que seja prejudicial se for usado com boas intenções”, afirmou o discente.  Na análise, 90% dos alunos disseram utilizar Inteligência Artificial para pesquisar, buscar informações ou tirar dúvidas.

Entretanto, os dados apontam que 1.051 dos alunos observados( 54%) estão conscientes de que a IA pode representar um grande perigo, caso seja, utilizada sem regras ou leis. Na pesquisa, 1.460 afirmam que a tecnologia pode ser empregada na criação de notícias falsas (fake news). Na pesquisa, apenas 312 (16%) dos discentes relataram nunca terem usado ferramentas como Gemini, MidJourney ou DALL-E.

IA na rotina de docentes e gestores

Para o professor de matemática Wellington Cavalcante, que está nas salas de aula há 16 anos, a ferramenta é um ótimo apoio aos alunos. “Porém, o uso tem que ser assertivo e com propósito direcionado”, afirmou. De acordo com Cavalcante, a ferramenta ainda peca em áreas como matemática e física aplicada em cálculos, mas, de modo geral, agrega muito para o conhecimento dos estudantes.

Divulgação - Porcentagem de estudantes que utilizam a ferramenta

Em relação aos docentes, são poucos os que nunca utilizaram IA. Entre os 240 avaliados, 199 concordam que a ferramenta pode ser utilizada de forma pedagógica, e 202 (84%) reconhecem que pode ser usada como meio de apoio ao planejamento de aulas.

Enquanto isso 47% dos alunos afirmaram que usam a IA para ampliação de repertório sobre literatura, arte, música ou outros aspectos culturais. Uma porcentagem maior foi notada entre os professores; 71% respondeu que a utiliza para essa finalidade. A análise pontua também que 75% amplificam o conhecimento sobre as disciplinas na ferramenta.

Entre os três grupos analisados, os gestores são os que mais relatam nunca terem utilizado a Inteligência Artificial em seu trabalho: 44 dos avaliados (28%) afirmaram não fazer uso da tecnologia. Em comparação, entre os professores, esse índice é menor, com 21% nunca tendo utilizado IA em sua vida, enquanto, entre alunos, a porcentagem é ainda mais baixa, com apenas 16%.     

Novo mundo

Segundo Alan Valadares, coordenador do Observatório Fundação Itaú, os usos da Inteligência Artificial muitas vezes são para pesquisas rápidas, porém, apesar da vantagem, é necessário se atentar aos resultados. "A economia de tempo ao usar uma IA pode ser utilizada para se aprofundar nos temas em específico” afirmou. Para Valadares, a checagem de informações é essencial, já que a tecnologia, apesar de auxiliar na rapidez, pode cometer erros.

Letícia Vieira/ Fundação Itaú - Alan Valadares, coordenador do Observatório Fundação Itaú

De acordo com o coordenador, a pesquisa traz dados que apontam a importância do uso crítico e responsável, e o uso da ferramenta deve estar bem alinhado entre professores e alunos, para que não haja desgaste na comunicação. “O principal risco é de fazer o uso irresponsável, causando erros. Muitas vezes, o resultado que temos numa busca  não contenta todo o conhecimento sobre um determinado tema” confirmou. “A tecnologia tem transformado e ainda vai transformar muito a sociedade.”

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá