Prova

Entenda como funciona o cálculo da nota da prova do Enem

Além do grau de dificuldade, a coerência nas respostas do candidato é aferida na nota final, mesmo em itens objetivos

Augusto Fernandes
postado em 10/01/2021 06:00 / atualizado em 10/01/2021 11:53
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

As 180 questões do Enem têm graus de dificuldade diferentes, mas se enganam os candidatos que pensam que as mais difíceis têm valor maior. Para atingir uma boa nota na prova, o mais importante não é ser assertivo nas perguntas mais complexas e, sim, manter regularidade em toda a avaliação e evitar “chutar” as respostas.

Essa recomendação é essencial por conta do método utilizado pelo exame para definir o desempenho de cada candidato, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Além de contabilizar quantas questões um aluno acertou, os corretores analisam a coerência dos estudantes. Dessa forma, pode acontecer de duas pessoas acertarem o mesmo número de itens e terem notas diferentes.

Por exemplo: quem acerta as perguntas mais difíceis, mas erra as consideradas fáceis, provavelmente chutou as questões. Assim, terá uma nota inferior à de um candidato que acertar o mesmo número de questões mais fáceis, mas errar as mais complexas.

Uma boa estratégia para o estudante, portanto, é responder as questões mais simples primeiro. Como elas não demandarão muito esforço, ele conseguirá interpretar com mais facilidade o que a pergunta pede e poderá escolher a opção correta sem chutar. Isso poupará tempo para que ele resolva os itens mais complicados do exame, que exigem mais atenção e concentração.

Professor de matemática do Colégio Sigma, Paulo Luiz Ramos destaca que um candidato que optar por fazer as questões mais difíceis antes das mais fáceis pode acabar se complicando. “Em uma prova com o tempo tão apertado como o Enem, é preferível resolver as perguntas fáceis e médias antes, e deixar o que é difícil para o final. O tempo precisa ser otimizado”, afirma.

O professor sugere que, na primeira leitura da prova, o aluno identifique quais perguntas são mais simples e quais não são. Além disso, ele reforça que o controle do relógio é crucial para os candidatos. “O Enem busca coerência e analisa a proficiência dos estudantes. Então, não há nenhuma vantagem em fazer o que é mais difícil primeiro. Isso vai atrapalhar o foco do estudante e deixá-lo cansado. Assim, perguntas fáceis podem se tornar médias, e questões médias podem se tornar difíceis, comprometendo o desempenho do aluno.”

Os conselhos do professor serão seguidos por Ivan Felipe Dutra, 18 anos. “O meu objetivo é gastar, no máximo, três minutos por pergunta. Quero focar em acertar todas as questões fáceis e medianas, para que a minha nota suba bastante, e tentar garantir o máximo de questões difíceis que eu conseguir”, diz o estudante.

É a terceira vez que o jovem fará o Enem. Ele diz que a experiência das duas oportunidades anteriores, como treineiro, mostrou a importância de não responder as perguntas ao acaso. Agora, quando o exame definirá o seu futuro universitário, isso será ainda mais importante. “O meu sonho é fazer medicina e, caso queira usar a nota do Enem, tenho que errar o mínimo possível. Portanto, chutar não é uma opção.”

Oportunidades


Para usar a nota do Enem como forma de ingresso ao ensino superior, os candidatos têm várias opções. Para universidades públicas federais e estaduais e institutos federais, o principal processo de admissão é o Sistema de Seleção Unificado (Sisu). As inscrições são abertas duas vezes ao ano e, para participar, os candidatos devem ter feito a edição mais recente do exame e não ter zerado a redação.

Além do Sisu, os candidatos podem escolher o Programa Universidade para Todos (Prouni), que vale para instituições privadas. O sistema concede bolsas de 50% ou 100% do valor da mensalidade. Podem se inscrever estudantes que não tenham diploma de curso superior e que obtiveram, no mínimo, 450 pontos de média no Enem mais recente e mais de zero na redação.

Outra possibilidade é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), uma ação do Ministério da Educação que financia cursos superiores não gratuitos. Os financiamentos são concedidos para estudantes com renda familiar per capita de até três salários mínimos, e pode se candidatar quem fez alguma prova do Enem a partir de 2010. Os critérios de nota são os mesmos exigidos para o Prouni.

De forma mais restrita, algumas universidades fazem seus próprios processos com a nota do Enem. É o caso da Universidade de Brasília (UnB), que tem o Sistema Informatizado de Seleção para os Cursos de Graduação da UnB (SisUnB). Por ano, 25% das novas vagas para a instituição são reservadas ao processo.

Guilherme Caceres, 18, está atento a cada um dos métodos para utilizar a nota do Enem. Ele também pretende cursar medicina e já definiu em qual universidade quer estudar. “Quero usar a minha nota para entrar na Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs). A minha vontade sempre foi estudar medicina e estou completamente focado em fazer uma boa prova e conseguir a nota que me permita realizar esse sonho”, afirma.

Para aumentar as chances, Guilherme sabe que não pode responder as perguntas aleatoriamente, nem às pressas. Por isso, fará de tudo para não chutar as questões. “Vou priorizar os itens de matemática e ciências da natureza, que têm um maior peso para o curso de medicina, e responder primeiro as menos complicadas. Tenho que ser bastante atencioso, pois qualquer deslize pode diminuir a minha nota”, diz.

 
Calendários

Em 2021, o primeiro processo de seleção do Sisu, que seria em janeiro, como de costume, acontecerá em abril. O Ministério da Educação, contudo, ainda não detalhou o calendário e também não definiu quando será aberto o edital para o segundo semestre. Assim como o Sisu, Prouni e Fies também terão dois processos seletivos. A primeira inscrição de ambos os sistemas será este mês. No caso do Prouni, os candidatos terão de usar o Enem de 2019, visto que as notas do Enem de 2020 só serão reveladas em março.

ProUni 1º/2021
Inscrição: 12 a 15 de janeiro
Resultado da 1ª chamada: 19 de janeiro
Comprovação de informações dos pré-selecionados: 19 a 27 de janeiro
Resultado da 2ª chamada: 1º de fevereiro
Comprovação de informações dos pré-selecionados: 1º a 9 de fevereiro
Inscrição na lista de espera: 18 e 19 de fevereiro
Resultado da lista de espera: 22 de fevereiro
Comprovação da documentação por parte dos candidatos pré-selecionados por meio da lista de espera: 22 a 25 de fevereiro

Fies 1º/2021
Inscrição: 26 a 29 de janeiro
Resultado: 2 de fevereiro
Complementação da inscrição — pré-selecionados em chamada única: 3 a 5 de fevereiro
Convocação por meio de lista de espera: 3 de fevereiro até 18 de março

Fonte: MEC

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