A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem peso considerável na nota final do estudante. Portanto, um bom desempenho é essencial para alavancar as chances de ingressar no ensino superior. Ler e escrever com frequência são as principais estratégias de preparação com o objetivo de chegar à nota mil.
Para a aluna Ana Luiza Barbosa, 17 anos, lidar com as dificuldades na escrita requer bastante treino. "Eu sou mais ligada em ler do que escrever, mas acaba que os dois estão ligados diretamente. Se você lê muito, escreve bem", observa Ana.
Segundo a professora da rede Sigma em Brasília Bianca Carneiro, não é prudente tentar adivinhar o tema da redação, pois o estudante deve ficar atento aos eixos temáticos que se referem aos problemas sociais brasileiros, tais como educação, meio ambiente e tecnologia. "Um olhar atento aos inúmeros problemas noticiados diariamente faz com que o estudante seja capaz de redigir sobre quaisquer temas, pois haverá repertório sociocultural", explica a professora do Sigma.
A aluna Ana Luiza afirma que gosta de focar em temas relacionados ao meio ambiente e às questões sociais de maneira geral. "Uma dica que a professora passou foi sobre o cigarro eletrônico, que é um problema que tem afetado bastante os adolescentes e jovens, e o Enem é feito para essa população. É um tema muito bom, porque é social e de saúde pública", lembra a estudante.
Os avaliadores esperam que o aluno saiba argumentar e apresentar conhecimento de mundo de forma coerente e coesa. "É necessário praticar. Escrever sobre os diferentes eixos gera segurança, pois, assim, é possível se preparar para os diversos assuntos que podem ser abordados. Exercitar com frequência é o melhor caminho", ressalta a professora Angela Miranda, também do Sigma.
5 competências
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) cobra cinco competências na redação do Enem: domínio da escrita formal da língua portuguesa; compreender o tema e não fugir do que é proposto; selecionar, organizar e interpretar fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e respeito aos direitos humanos.
Cada competência vale de 0 a 200 pontos. Na primeira, é avaliado se o texto do estudante está adequado às regras de ortografia, regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, pontuação, paralelismo, emprego de pronomes e crase. Já na segunda, os avaliadores analisam se as ideias do candidato são fundamentadas e relacionadas com o tema proposto. Nesse item, a fuga do tema ou texto fora da estrutura dissertativa-argumentativa acarretam nota zero na redação.
A terceira competência serve para avaliar a coerência e a plausibilidade entre as ideias apresentadas no texto. Para conseguir nota máxima nesse item, é necessário "apresentar informações, fatos e opiniões relacionadas ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista", de acordo com as orientações do Ministério da Educação.
Na quarta, os avaliadores observam se o estudante soube aplicar corretamente as preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais, a fim de articular bem as partes do texto. Os parágrafos devem ser construídos de forma que garanta uma sequência coerente na redação e interdependência entre as ideias.
Por fim, a última competência exige que o estudante elabore uma proposta de intervenção sobre o tema proposto e que respeite os direitos humanos. "Propor uma intervenção para o problema apresentado pelo tema significa sugerir uma iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. A elaboração de uma proposta de intervenção na prova de redação do Enem representa uma ocasião para que o candidato demonstre o preparo para o exercício da cidadania", detalha o MEC.
Orientações
As professoras Bianca Carneiro e Angela Miranda destacam a importância de o aluno ter repertório sociocultural para argumentar e que apresente uma proposta de intervenção que seja viável. "A argumentação deve sempre ser construída com o objetivo de sustentar a tese. Para isso, é imprescindível um bom repertório sociocultural. As ideias devem estar articuladas de modo que culminem numa proposta de intervenção viável, que contemple ação, agente, meio, finalidade e detalhamento", orientam as educadoras do colégio Sigma.
Uma das formas de enriquecer a redação é o uso de citação. Quando o estudante apresenta a fala de algum autor de forma literal, é chamado de citação direta e deve vir acompanhada de aspas. Já quando há paráfrase da ideia de alguém, é classificado como citação indireta. "A citação só deve ser usada quando há um autor adequado cuja fala acrescentará dados à ideia defendida. É fundamental que a citação seja utilizada em um contexto correto, em que fique claro para o avaliador o motivo do uso", alerta a professora Angela Miranda.
