As citações coringa ganharam destaque na Cartilha do participante para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, No documento, é exposta a recomendação de que os candidatos devem ter cautela com o uso do chamado repertório de bolso — citações, frases de efeito e referências prontas, muitas vezes decoradas, que não se conectam de forma efetiva ao tema proposto.
Disponível no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a cartilha reforça que a estratégia pode descredibilizar a argumentação e comprometer a autoria do texto, reduzindo a pontuação do participante na competência que avalia o uso produtivo do repertório na redação do Enem.
No material, é possível conferir informações a respeito da matriz de referência da prova, além de apresentar amostras comentadas de redações que receberam nota alta. As provas ocorrerão nos dias 9 e 16 de novembro.
O que são repertórios coringas
Segundo o coordenador de linguagens do Colégio e Pré- Vestibular Bernoulli, Marcus Barcelos, os repertórios de bolso, ou coringas, são aqueles pré-construídos/fabricados e colocados de uma ‘forçada’ no texto. “Muitas vezes o aluno nem sequer tem conhecimento aprofundado da ideia que ele está trazendo na redação, ele simplesmente replica um punhado de frases decoradas”, explicou.
De acordo com Barcelos, esses repertórios são aqueles que supostamente cabem em qualquer tema, mas na prática, dependendo do que foi pedido, acabam sendo aplicados de maneira errada. O coordenador cita que o exemplo clássico é tentar mencionar Thomas More, filósofo renascentista inglês e a obra Utopia.
Barcelos relembra que o material é essencial para orientar os alunos nesse momento final para que ele tenha mais segurança com a prova. Nesta edição, a cartilha orienta para que os alunos sejam mais autorais e responsáveis pela argumentação do texto, evitando frases prontas.
Impacto
Para a estudante Joana Salles, 19, que está fazendo o exame pela segunda vez, as mudanças foram um pouco frustrantes. Como a cartilha foi publicada ‘próxima’ da data do Enem, Joana acredita que a medida “colocou mais um peso encima da redação”, parte mais tensa para quem realiza o exame.
Entretanto, afirma que por preferir usar livros, filmes e a constituição, nunca se prendeu aos repertórios prontos. “Para mim, usar a ideia de alguém sempre foi o último recurso, já que sempre fico preocupada se estou articulando as ideias bem e se estou sendo clara. Normalmente vou para livros e filmes porque acho mais fácil de articular”, afirmou.
Joana Salles afirma que a medida pode prejudicar os estudantes, já que a estratégia de ter um repertório que cabe em diversos eixos causava mais segurança aos participantes. “Pode ter engatado muita gente já que citação é uma coisa que se você não tiver, não importa o quão bem você disserte, sua nota não vai ser boa.”
Estagiária sob a supervisão de Ana Sá
