EUA

Estudantes enfrentam dificuldades para retomarem os estudos nos EUA

Com a entrada de brasileiros no país norte-americano proibida desde maio, em virtude da covid-19, alunos temem perder bolsas de estudos e oportunidades

Vitória Silva*
postado em 07/08/2020 20:06 / atualizado em 07/08/2020 21:26
Brasileiros que estudam no exterior estão enfrentando dificuldades para voltar aos Estados Unidos -  (crédito: Alexis Brown/Unsplash)
Brasileiros que estudam no exterior estão enfrentando dificuldades para voltar aos Estados Unidos - (crédito: Alexis Brown/Unsplash)

Como medida preventiva ao novo coronavírus, os Estados Unidos bloqueou o acesso de brasileiros ao país. O decreto foi assinado pelo presidente Donald Trump em 24 de maio e passou a valer em 29 de maio. Com isso, o futuro de muitos estudantes brasileiros está em risco.


Aluno de relações internacionais na Universidade de Wisconsin André Luiz Guedes, 20 anos, é um dos que está tentando voltar aos Estados Unidos e retomar os estudos. “Minhas aulas começam daqui a duas semanas e não tenho nada em mãos: passagens, planos sequer uma previsão de quando vou poder ir para minha faculdade”, relata.


O estudante, além da bolsa de estudos, também têm uma bolsa esportiva desde 2018. Ele pratica tênis na universidade onde estuda e teme que os benefícios sejam cancelados devido ao bloqueio de fronteiras. “Muito investimento por parte dos meus pais foi feito para eu conseguir estudar em uma universidade norte-americana. Tive que fazer muito esforço também para chegar lá e agora estou com risco de perder tudo”, lamenta.


André foi chamado para um novo emprego em junho deste ano, mas  não conseguiu voltar aos Estados Unidos e acabou perdendo a oportunidade. Ele não é o único numa situação como esta. André estima que mais de 200 estudantes também estão à espera da liberação do acesso de estrangeiros.

“Recentemente, eu me juntei a um grupo de alunos brasileiros que estudam nos Estados Unidos. Esse grupo tem mais de 200 estudantes e nos unimos para sensibilizar as autoridades americanas. Estamos tentando todos os dias o máximo que podemos, tentando encontrar uma solução e tentando mostrar que o nosso futuro está em jogo”, explica.

 

André Luiz Guedes, estudante de relações internacionais na Universidade de Winsconsin nos Estados Unidos
(foto: Arquivo pessoal)

André teme não conseguir voltar para ter aulas na universidade estadunidense da qual é aluno

A liberação da entrada de brasileiros nos Estados Unidos ainda não foi anunciada pelo governo de Donald Trump e também não há previsão para que isso ocorra. Em nota, a Assessoria de Imprensa do Ministério das Relações Exteriores afirmou que “acompanha atentamente a situação, mas assinala que a autorização de ingresso em território de país estrangeiro é prerrogativa soberana das autoridades imigratórias do respectivo país”.


Sonho de longa data


André Luiz Guedes se dedicou ao tênis desde 2011 e, em 2013, decidiu tentar uma bolsa de estudos esportiva nos Estados Unidos. “Em 2017, conclui o ensino médio e me dediquei ao aperfeiçoamento no tênis. Consegui bons resultados nos torneios que participei. Porém, além de treinar, eu tive que estudar inglês, pois não sabia falar absolutamente nada.”

Após dois anos de estudo da língua, André prestou o teste de aptidão escolar, conhecido como SAT, para ingressar em uma universidade americana. “Em junho de 2018, tive uma grande oportunidade para estudar e jogar em uma faculdade estadunidense, a Universidade Jacksonville, no Texas, que me proporcionou uma bolsa acadêmica e esportiva. Com quatro semestres em Jacksonville, eu decidi me transferir para uma faculdade que me ofereceu melhores condições acadêmicas e esportivas, que é a Universidade de Wisconsin”, conta.


No fim de março de 2020, as atividades acadêmicas presenciais foram suspensas em função da pandemia do novo coronavírus. Devido à preocupação dos pais, André aproveitou as aulas a distância e decidiu retornar ao Brasil em 1º de abril, com a volta prevista para junho. No entanto, com a proibição da entrada de brasileiros nos Estados Unidos em 29 de maio, o estudante não pôde voltar.

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