Alunos de ciências da computação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) desenvolveram um aplicativo capaz de manter o distanciamento social por meio de alertas de aglomerações. A ferramenta detecta a distância o número de pessoas presentes em cada espaço por meio dos sinais de wi-fi, GPS ou bluetooth emitidos pelos celulares.
A proposta do app Keep Distance é avisar quando há pessoas próximas, com lógica de rastreamento similar a de smartphones para detectar qual rede sem fio é mais forte. Para isso, basta ter o aplicativo instalado. O app fará com que o usuário seja avisado da quantidade de presentes no local sem a necessidade de ele entrar no ambiente: sala de aula, transporte público, restaurante, cinema, teatro ou qualquer estabelecimento comercial.
A iniciativa é dos estudantes Jéfferson Costa, Márcus Vinícius, Uthant Vicentin, Victor Moitinho e Wan Rochatem que se juntaram para aprimorar a ideia em um programa de inovação da Samsung. Eles têm como orientador Ewerton Andrade, de 33 anos, professor do Departamento de Ciências da Computação da universidade.
Para Victor Moitinho, 21 anos, o principal desafio foi converter os cálculos de computação em alertas de aglomeração. A medição do distanciamento, fazer a captação das frequências e transformar em algo legível ao utilizador do aplicativo são bases da proposta e desafios que os estudantes enfrentam diariamente.
Falta de adesão ao distanciamento
Durante debate em uma aula do programa de mestrado da Unir, surgiu a ideia de fazer uma ferramenta que pudesse auxiliar na indicação de aglomerações. Em Rondônia, há relatos de pessoas sendo hostilizadas por exigirem o distanciamento social.
O estudante do 7º semestre Victor Moitinho procurou o professor Ewerton Andrade para ser orientado em seu trabalho de conclusão de curso e o professor propôs a ideia da plataforma. Eles começaram a trabalhar desde o início da pandemia e, assim, surgiu o Samsung Ocean. Logo, o estudante convidou outros colegas para participar da iniciativa e compor a equipe da Keep Distance, que tornou-se uma startup.
Os alunos acreditam que o aplicativo vai auxiliar na retomada gradual das instituições de ensino e outras empresas para manter o distanciamento social, como mais uma medida de segurança além de máscaras e álcool gel. “Infelizmente, isso não vai ser a solução para a Covid-19, mas nós acreditamos que vai contribuir com a diminuição e a manutenção dessa medida tão importante que é o distanciamento social”, reforça o professor Ewerton.
Incentivo ao empreendedorismo
A ideia dos estudantes saiu do papel e foi aprimorada ao se inscreveram no programa Samsung Ocean. A iniciativa da Samsung oferece capacitação tecnológica à comunidade e fomenta a criação de empresas de base tecnológica (startups) na Amazônia Ocidental.
Entre os 13 projetos finalista desta edição, além de Rondônia, Acre e Roraima também têm um representante cada, sendo os outros 10 do Amazonas. As equipes são de três a seis integrantes e recebem todo o suporte de modo on-line.
Segundo Ewerton, a oportunidade de participar do programa possibilita que os estudantes tenham uma competência que falta nos currículos. “A gente tem uma carga muito grande de teoria, de como a computação funciona, mas como transformar isso em um negócio a gente não dá tanta atenção nos currículos da graduação”, afirma o professor.
Para Vitor Moitinho, as expectativas foram mais que superadas e acredita que programa supriu a questão do empreendedorismo. “Toda a carga de experiência que o programa tem a oferecer é algo que faltava para gente. Acredito que vou sair desse programa muito mais maduro em relação a comércio, a empresa, startup, ideias e inovação”, conta o estudante.
Rondônia no mapa da inovação
A equipe da Keep Distance pretende finalizar e lançar o aplicativo ainda em dezembro, após o fim das mentorias do programa da Samsung. O objetivo é corrigir as falhas encontradas e também que a solução a longo prazo seja aprimorada para o surgimento de novos dispositivos para quem não tem smartphones.
“Acredito que o próprio processo de amadurecimento (do app), conversa, feedback de outras pessoas, vai nos dando ideia de como melhorar, como seria mais interessante, qual tecnologia de fato seria bom utilizar”, explica o professor. “O grande diferencial nosso é que seja escalável: uma solução que possa se transformar em outras coisas.”
O primeiro passo será testar na própria universidade se o aplicativo vai auxiliar a diminuir os casos de Covid-19 e se está tendo um bom retorno. Para o futuro, a ideia é produzir dispositivos baratos para facilitar a identificação do número de presentes em cada local, dando a possibilidade até de utilizar painéis na entrada de um ambiente, indicando a quantidade de pessoas.
Para saber atualizações sobre o projeto, acesse o site do professor Ewerton Andrade.