Vaquinha

Alunos da UnB promovem vaquinha para competir no México

A inciativa reverterá o dinheiro arrecadado para viabilizar a participação da Equipe Robótica Aérea (Edra) na 12ª Conferência e Competição Internacional de Micro Veículos Aéreos (Imav)

João Carlos Magalhães*
postado em 12/02/2021 19:03 / atualizado em 12/02/2021 19:23
 (crédito: Foto: Arquivo Pessoal)
(crédito: Foto: Arquivo Pessoal)

Alunos da Equipe de Robótica Aérea (Edra) da Universidade de Brasília (UnB) precisam de R$ 47.000 para disputar o 12º International Micro Air Vehicle Conference and Competition (12ª Conferência e Competição Internacional de Micro Veículos Aéreos - Imav), que ocorrerá entre 15 e 19 de novembro deste ano na cidade de Puebla, no México.

Os estudantes participaram do evento em 2019 e pretendiam comparecer no ano passado, mas a pandemia adiou os planos e o Imav foi remarcado para 2021. A equipe monta drones a partir do zero e precisa do dinheiro para pagar os equipamentos, as inscrições (no valor de 300 dólares) e as passagens.

Para arrecadar o dinheiro, os alunos promoveram uma vaquinha virtual de R$15 mil, dinheiro necessário para custear apenas os equipamentos e as reposições de peças para os veículos aéreos. Em 2019, quando a Edra participou da edição do Imav em Madrid, na Espanha, apenas quatro alunos representaram a faculdade por conta do preço da viagem.

Para ir ao México o cálculo gira em torno de R$ 8 mil por estudante. Se a equipe conseguir mandar quatro estudantes, como em 2019, e arrecadar o dinheiro da vaquinha para os materiais, deve gastar R$ 47 mil. Para enviar todos os participantes, os gastos aumentam muito mais.

Embora o grupo conte com 24 estudantes, número pode crescer. A Edra tem processo seletivo marcado para março, nem todos devem viajar para o México por conta dos gatos com a viagem.

O líder de financeiro da equipe, Rennan de Oliveira, 19 anos, explica que é inviável angariar recursos para as peças dos drones e para a viagem de todos. “Essa vaquinha é destinada para a compra de componentes e reposições. O que sobrar do dinheiro, a gente vai tentar ajudar na inscrição dos alunos que vão”, explica.

 

Rennan de Oliveira é o líder de financeiro da equipe
Rennan de Oliveira é o líder de financeiro da equipe (foto: Arquivo Pessoal )

Rennan afirma que é quase impossível para a equipe levar todos os integrantes “Infelizmente ir com os 24 participantes é um cenário hipotético”, lamenta.

Os alunos participantes do grupo fazem parte dos cursos de engenharia aeroespacial, elétrica e de software da UnB e estudam no câmpus do Gama.

A ideia dos alunos era conseguir o dinheiro aos poucos, mas a pandemia atrapalhou o grupo. “A gente queria arrecadar dinheiro por meio de promoção de festa junina, com a venda de cachorro quente e com outros projetos, mas, com a pandemia, não deu para colocar as ideias em prática”, diz Rennan.

Pandemia cancelou evento e deu mais tempo para alunos

Em 2019, quando o grupo foi a Madrid representando a UnB, os alunos participaram do Imav pela primeira vez. Na ocasião, o drone da equipe brasiliense teve problemas técnicos e não foi longe na competição.

Mas com a pandemia, a Edra teve mais tempo para pensar e planejar o veículo aéreo. Rennan encara a remarcação de datas com bons olhos. “Com a remarcação de 2020 para o fim deste ano, a gente estudou bem o projeto e está confiante para o Imav”, afirma.

Em contrapartida, Rennan lembra que todos tiveram esse tempo “A gente pôde pensar bastante no nosso drone, mas todos tiveram esse período. De qualquer forma estamos confiantes”.

Ele afirma que o objetivo da equipe, acima de ganhar prêmios na competição virtual, é representar bem a universidade. “O evento é grande. Tem equipe da europa, da américa do norte e tem os asiáticos. Acima de tudo a gente quer dar orgulho para nossa universidade”, conta.

Para acompanhar o projeto os alunos não estão sozinhos. Os professores de engenharia aeroespacial, software e elétrica da UnB, Ronne Toledo, Thiago Felippe Kurudez Cordeiro e William Silva Reis os acompanham.

Ronne, professor da universidade, orientador do grupo e especialista em engenharia de sistemas, diz que a equipe é importante para colocar em prática o que os estudantes aprendem. “Na universidade nós não queremos apenas desenvolver o lado acadêmico. Uma iniciativa como essa é importante para desenvolver habilidades como liderança e trabalho em equipe.”

Na Edra, os alunos têm um espaço para aperfeiçoar práticas e enfrentar um ambiente mais parecido com o profissional, que eles vão encontrar no futuro’, comemora.

O professor explica qual o papel do professor à frente dos estudantes “como orientador a gente faz estudos dirigidos com os alunos e acompanha o desenvolvimento deles pensando na evolução do drone”, explica.

 

Ronne Toledo é o professor orientador do projeto
Ronne Toledo é o professor orientador do projeto (foto: Arquivo Pessoal )

Para o professor, a Edra é importante para colocar em prática o que os estudantes aprendem. “Na universidade nós não queremos apenas desenvolver o lado acadêmico. Um projeto como esse é importante para desenvolver habilidades como liderança e trabalho em equipe.”

O professor Ronne ressalta ainda que uma das incumbências do orientador é estar atento às formas de auxílio a projetos que a UnB oferece. “A gente fica atento aos editais e como ajudar as equipes”.

A capitã da equipe, Sophia Petrea Nogueira, 19, lembra das dificuldades para pensar no drone. Ela sabe que todos tiveram mais tempo para planejar as máquinas, mas afirma que a pandemia também atrapalhou as equipes. “Por um lado a remarcação nos deu mais tempo, mas por outro, os encontros presenciais, fundamentais na montagem do projeto, foram impedidos”, contrapõe.

“Para construir nossos drones a gente precisa de equipamento caros como baterias, motor, hélices, câmeras e outras peças”, diz. Mas Sophia, assim como o colega Renan, está confiante. “Em Madrid a gente aprendeu muita coisa. E nós estamos nos dedicando muito. Tenho certeza que vamos bem”, fala.

Sophia Petrea Nogueira, capitã da equipe, acredita que a Edra vai conseguir arrecadar o dinheiro que precisa
Sophia Petrea Nogueira, capitã da equipe, acredita que a Edra vai conseguir arrecadar o dinheiro que precisa (foto: Arquivo Pessoal )

A UnB tem projetos que ajudam equipes universitárias. Em nota, a universidade afirma que “As equipes de competição, a exemplo da Edra, contam com a infraestrutura da Universidade à sua disposição. A depender da unidade acadêmica à qual estão vinculadas, dispõem de salas e laboratórios, além de apoio dos docentes para as atividades”.

A universidade ainda tem editais específicos para equipes da Faculdade UnB Gama (FGA). “No caso das equipes ligadas à FGA, há ainda a disponibilização, por parte da direção, de até 15 mil (por equipe) para pagar os custos das viagens de competição”, como lembrou o professor Ronne.


Sobre o Imav

O International Micro Air Vehicle Conference and Competition, além de uma competição, é uma conferência que reúne admiradores e montadores de drones. O evento não é exclusivo para estudantes e reúne startups e equipes independentes do mundo todo que competem e trocam experiências sobre montagem de veículos aéreos.

No âmbito da competição há duas categorias, a Indoor (dentro de um hangar) e a Outdoor (ao ar livre), onde a equipe brasiliense vai disputar. Os drones fazem atividades propostas pelos organizadores e, com isso, o Imav premia as equipes em diversas categorias como melhor desempenho em ambientes dinâmicos, melhor desempenho de busca e resgate e melhor design, na categoria Indoor.

Na categoria Outdoor as premiações vão para melhor desempenho de levantamento de peso, melhor mapeamento de cena, melhor performance de entrega, melhor solução de asa fixa / asa inclinada / rotor inclinado e melhor design.

Mais informações sobre o Imav, clique aqui.

Como ajudar a Edra
O link para contribuir com a vaquinha da Edra está disponível clicando aqui.

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