A exoneração da coordenadora-geral de Avaliações dos Cursos de Graduação e Instituições de Ensino Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) causou revolta entre os funcionários do órgão. De acordo com o jornal O Globo, até o momento, quatro pessoas já teriam colocado o cargo à disposição por não concordarem com a saída de Sueli Macedo Silveira, pedagoga que liderava a área desde 2016.
A exoneração, a pedido do ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira (28/4). Sueli Silveira trabalhava no setor de avaliação desde 2008. Em seu lugar, assume a médica veterinária Helena Cristina Carneiro Cavalcanti de Albuquerque, que trabalhava na Diretoria de Programas e Bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Helena já foi coordenadora-geral de Programas Internacionais da fundação.
Após a divulgação da troca, sete ex-ministros da Educação divulgaram uma carta na qual afirmam que o Inep “está em perigo” desde 2019. "(O instituto) Vem sendo gravemente enfraquecido e isso coloca em risco políticas públicas cruciais para gestores educacionais, professores, alunos, familiares, além de governantes de todos os níveis", diz o texto.
Os ex-ministros também criticam as diversas mudanças no comando da instituição. Segundo eles, as cinco trocas dos últimos dois anos não foram preenchidas por pessoas técnicas e preparadas para as funções. Em fevereiro, Milton Ribeiro exonerou o então presidente do Inep, Alexandre Lopes, por divergir quanto à nomeação para comandar a Diretoria de Avaliação da Educação Básica (Daeb), responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em seu lugar, assumiu a presidência da autarquia o economista Danilo Dumas.
O ministro tem promovido constantes mudanças em órgãos da Educação, assim como no Inep, alinhado ao presidente Jair Bolsonaro. Neste mês, servidores do Inep publicaram carta em que afirmam que o instituto sofre pressão ideológica, diante das novas indicações desde o início do governo. Os servidores também criticam a contratação de pessoas que não faziam parte do Inep para avaliar a educação infantil.
*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro