Racismo

Professor diz que índigenas e negros são "culturalmente atrasados"

Em gravação, o professor Henrique Soares, da Unifesp defende o "racismo científico" em uma aula, na tentativa de explicar a "noção da raça pura"

Gabriel Bezerra*
postado em 07/07/2021 21:04
 (crédito:  Amaro Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Amaro Júnior/CB/D.A Press)

Foi divulgado nas redes sociais uma gravação feita por estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que estavam descontentes com as declarações racistas do professor de medicina Henrique Soares. No áudio, o docente afirma que os colonizadores do Brasil encontraram negros e povos indígenas “culturalmente atrasados”, na tentativa de explicar a noção de uma “raça pura”.


Segundo Henrique, as “raças puras” existem somente na Itália, no Cáucaso (região do leste europeu), na Austrália, e na China. Já o Brasil, de acordo com ele, era composto pelo o que “tinha de pior na Península Ibérica, bandido, assassino, miserável”. O docente também atacou os povos indígenas, declarando que a comunidade era socialmente inferior: “Índio atrasado. Aqui não tinha inca, não tinha os índios do México. Não tinha asteca. Nossos índios eram culturalmente atrasados.”

Confira a gravação do trecho da aula do professor na íntegra:

O vídeo capturado do aplicativo de mensagens WhatsApp mostra uma gravação de áudio de uma aula de Medicina Legal da Escola Paulista de Medina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) onde o professor Henrique Soares faz diversas citações racistas a fim de explicar a teoria da "raça pura"


Na continuação da captura feita pelos estudantes da universidade, é possível ouvir o professor de medicina dizendo que os povos africanos permitiram ser escravizados durante o período do Brasil Colônia. “Ainda ‘importamos’ pretos que também eram atrasados, ou seja, que se permitiam escravizar”, diz o professor na gravação.


No fim do áudio, Henrique Soares diz que o Brasil “é o país mais miscigenado possível”. Os alunos que divulgaram as gravações decidiram não se identificar, e disseram nas redes sociais que o professor tinha reincidência de falas racistas, machistas e LGBTfóbicas em sala de aula.


Em nota, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) declarou ter recebido denúncias, por meio de sua ouvidoria e também divulgadas nas redes sociais, sobre a existência de fala de conteúdo racista e preconceituoso, envolvendo o professor e informou que os mecanismos institucionais de averiguação foram imediatamente acionados.


A Unifesp afirmou também que uma reunião foi feita no dia 18 de junho pela Câmara de Juízo de Admissibilidade (CJA) da instituição, com o intuito de discutir o caso e iniciar o processo de solicitação e coleta de documentos, além das manifestações dos envolvidos.


Por fim, a universidade salientou que não compactua com qualquer forma de discriminação ou preconceito de gênero, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, e que casos como os que aconteceram com o professor de medicina devem ser devidamente apurados.


Confira a nota completa da Unifesp neste link: bit.ly/notaunifesp.

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