Nascido e criado em área de assentamento do Movimento Sem Terra (MST) em Porto Seguro (BA), Gustavo dos Santos Costa, 18 anos, foi aprovado em Biomedicina. Ele vai ingressar na Faculdade Unesulbahia por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni) em Biomedicina. Filho de produtores rurais, o jovem sempre estudou em escola pública do assentamento Luís Inácio Lula da Silva, na Zona Rural de Santa Cruz Cabrália. Gustavo conta que, durante a pandemia, os alunos ficaram sem auxílio das escolas e que, na maior parte, estudava por conta própria. Agora, ele também pretende ajudar outros jovens a seguirem com os estudos.
O Movimento Sem Terra tem acampamentos espalhados em 24 estados brasileiros, formando o número de 350 mil famílias de trabalhadores rurais que lutam por terras. E tem 14 setores de organizações, onde as famílias podem atuar. Gustavo sempre esteve envolvido com as atividades do MST. Ele teve, inclusive, a oportunidade de fazer o curso de comunicação em tecnologia da Informação da Escola Nacional Florestan Ferandes, em São Paulo, pelo projeto de formação do MST.
O estudante conta que desde pequeno participava de reuniões e contríbuia nas tarefas de organização, palestras e pretende continuar na causa pelos estudantes, principalmente da Juventude Sem Terra. “Tive uma ideia, dias atrás, que é tentar formar grupos para ajudar a quem quer estudar, se preparar e ir em busca de seus objetivos. Desde antes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), minha turma [na escola] fazia isso. Como os professores eram bastante sobrecarregados, em questão de demandas da própria escola, a gente mesmo montava nosso grupo de estudantes e fazia reuniões no WhatsApp para poder lançar temas de redações”, comenta.
O MST vem passando por um momento de fragilidade social, sendo bombardeado em redes sociais por fake news e falta de apoio governamental. Para Gustavo, um dos desafios é, atualmente, a defesa da educação, “principalmente das escolas do campo devido aos retrocessos e às investidas do Governo Federal, principalmente neste momento de pandemia da Covid-19 e de criminalização dos movimentos dos sem terra", disse.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá