Educação Superior

Seis teses desenvolvidas na UnB levam o Prêmio Capes 2021

Duas pesquisadoras receberam o título de melhor tese. Além delas, mais quatro trabalhos levaram menções honrosas

Mia Andrade*
postado em 20/09/2021 21:19 / atualizado em 20/09/2021 23:44
 (crédito: Secom/UnB)
(crédito: Secom/UnB)

Duas mulheres estudantes da Universidade de Brasília (UnB) receberam o prêmio de melhor tese no Prêmio Capes 2021. A premiação avalia trabalhos defendidos em 2020 em 49 áreas reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Além delas, quatro outros trabalhos desenvolvidos na UnB receberam menções honrosas.

Os critérios para a seleção foram originalidade do trabalho; relevância para o desenvolvimento científico; metodologia utilizada; qualidade da redação; estrutura do texto e quantidade de publicações. Em cada uma das 49 áreas foi escolhida uma pesquisa para o prêmio principal e até duas menções honrosas. 

Além de certificado e medalha, as estudantes premiadas receberão bolsa de até um ano para estágios pós-doutoral em uma instituição nacional. Os orientadores também recebem certificado e um prêmio de R$ 3 mil reais para a participação em eventos acadêmico-científicos no Brasil.

Alunas premiadas são das áreas de educação física e saúde

A tese “Desenvolvimento e caracterização de carreadores lipídicos nanoestruturados para o tratamento tópico da hidradenite supurativa”, escrita pela aluna do programa de pós-graduação em ciências da saúde Maíra Nunes, foi uma das premiadas. A estudante conta que não esperava a honraria devido a quantidade de trabalhos de qualidade que são enviados anualmente. "É uma grande satisfação. Isso nos mostra o quanto a pesquisa científica é importante e deve ser valorizada. Meu trabalho pode servir como impulso para novos desenvolvimentos nesta área e também como incentivo para os demais estudantes”, conta com orgulho.

A pesquisa foi orientada pelo professor Guilherme Gelfuso, docente do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências da Saúde (FS/UnB). Ele conta que a aluna topou o desafio de escrever em uma linha de pesquisa que buscasse a formulação de uso dermatológico para o tratamento de doenças de pele de difícil manejo. "Ela se interessou pela hidradenite supurativa, que é uma doença inflamatória dos folículos pilossebáceos da pele. Uma doença que não há cura efetiva. Não há hoje no mercado, por exemplo, creme ou pomada para tratar ou minimizar os efeitos da doença. O que nós desenvolvemos com a pesquisa foi justamente o protótipo de uma formulação contendo nanopartículas que carregam dois fármacos antibiótico”, explica o orientador.

Maíra conta que os resultados foram animadores. "Os nanocarreadores reduziram a taxa de liberação dos fármacos em comparação ao controle e aumentaram a sua retenção tanto no estrato córneo quanto nos folículos pilosos, que é o alvo de ação. Esse aumento ocorreu mesmo quando a pele foi submetida a uma condição hiper sebácea para mimetizar a fisiologia da doença”.

Os resultados da tese foram publicados em periódicos internacionais, como Colloids and Surfaces, Biointerfaces, Biomedical Chromatography, Journal of Drug Delivery Science and Technology e Therapeutic Delivery.

A segunda tese vencedora veio do programa de pós-graduação em educação física da UnB. O trabalho “Diferenças entre os sexos no controle neural da pressão arterial durante o exercício isométrico” foi escrito pela estudante Milena Samora, e orientado pelo docente Lauro Vianna.

A tese de doutorado foi composta por três estudos, publicados no Journal of Applied Physiology, no European Journal of Applied Physiology e no Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical. O estudo procura fundamentar a diferença sexual como fator decisório no tratamento de doenças cardiovasculares e na prescrição de exercício físico.

Segundo Milena Samora, outros estudos demonstraram que homens e mulheres regulam a pressão arterial de forma diferente em repouso. A autora conta que uma das possíveis explicações para esse fenômeno é a diferença na sensibilidade dos receptores 2-adrenérgicos presentes nos vasos sanguíneos periféricos. "Nós testamos se essas diferenças entre os sexos na regulação da pressão arterial também poderiam ser observadas durante o exercício isométrico", diz. 

Além do Prêmio Capes, Milena recebeu prêmios em eventos nacionais e internacionais. Ela diz que a bolsa concedida pela Capes é uma das responsáveis pelo sucesso, pois a permite se dedicar integralmente aos estudos. "Receber esse prêmio me trouxe a reflexão de que todo meu esforço, dedicação e renúncias ao longo desses quatro anos valeram a pena. Já me considerava uma pessoa muito realizada por tudo que conquistei durante o doutorado, mas esse prêmio reconhece o trabalho árduo, entusiasmo e paixão ao longo desses anos”, diz. 

Vianna também destaca a importância de se investir cada vez mais nos pesquisadores brasileiros. "O apoio as pesquisas deve ser melhorado porque é fundamental para a sobrevivência da pós-graduação brasileira", afirma. 

Premiação

Entre os 49 escolhidos na primeira etapa, três serão agraciados com o grande prêmio nas categorias Ciências da Vida, Humanidades e Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinares. Os autores receberão uma bolsa para estágio pós-doutoral em uma instituição internacional por até 12 meses, além do certificado e troféu. Os orientadores ganharão uma premiação de R$9 mil para participar de congressos no exterior.

O evento presencial de entrega de prêmio será realizado no dia 9 de dezembro, casa haja condições sanitárias adequadas.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Pedro Grigori. 

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