EDUCAÇÃO

Diretor de tecnologia do Inep pede demissão 2 meses antes do Enem

Daniel Miranda Rogério ocupou o cargo por cinco meses e deixa dados preocupantes de baixo índice de inscrições confirmadas

Talita de Souza
postado em 22/09/2021 23:21 / atualizado em 22/09/2021 23:21
 (crédito: Luís Fortes/MEC)
(crédito: Luís Fortes/MEC)

A dois meses da aplicação da prova, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital não tem mais um gestor à frente da área de tecnologia, uma das principais para esta versão do teste. Daniel Miranda Pontes Rogério, que ocupava o cargo de diretor de tecnologia do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), pediu demissão do cargo nesta quarta-feira (22/9).

O Inep informou que a decisão foi tomada por Daniel, motivada por questões "pessoais". Especialista em ciência da computação e em redes de computadores, Rogério deixou a direção do setor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais (DTDIE), cargo que ocupava desde 9 de abril deste ano.

Para o órgão, "a saída do diretor não compromete o desenvolvimento das ações do instituto" e que "a DTDIE possui equipe capacitada e especializada para dar continuidade ao desenvolvimento das ações da área". A aplicação do Enem Digital, assim como a versão tradicional impressa, ocorre em 21 e 28 de novembro. Um novo nome ainda não foi apontado pelo Inep.

Curta trajetória

Servidor público desde 2010, Daniel é analista em tecnologia da informação do Ministério da Economia e já ocupou cargos nos ministérios das Comunicações e da Educação. No Inep, ele começa a carreira ao substituir Camilo Mussi, exonerado em 8 de abril, após cinco anos no órgão.

Ao todo, Daniel ficou pouco mais de cinco meses no cargo e deixou a posição com dados preocupantes. O Enem 2021 registrou a confirmação de 3.109.762 inscritos, o menor número desde 2005. O índice mostra uma queda contínua da edição anterior, que atingiu abstenção de 55,3% dos candidatos confirmados.

Desde a posse do atual ministro da Educação, Milton Ribeiro, o Inep tem sofrido constantes mudanças. Em audiência na Câmara dos Deputados, em 31 de março deste ano, o ministro chegou a reclamar de uma “independência” que o órgão queria ter, além do que deveria. Segundo Ribeiro, o Inep estava “querendo ser protagonista das políticas públicas de Educação no Brasil”. “Não é assim que acontece. Não comigo”, disse na ocasião.

A fala foi dita um mês após a demissão de Alexandre Lopes e da nomeação de Danilo Dupas Ribeiro para a presidência do órgão. No mesmo mês, Ribeiro nomeou um coronel, o aviador Alexandre Gomes da Silva, para a Diretoria de Avaliação da Educação Básica, responsável pelo Enem.

 

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