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EDUCAÇÃO

Professora de filosofia é intimada pela polícia por ensinar 'conteúdos esquerdistas'

O fato ocorreu no Colégio Estadual Thales de Azevedo, em Salvador, após uma aluna registrar ocorrência. Entre os assuntos abordados, estariam questões de gênero, racismo, assédio e machismo

Uma aluna do Colégio Estadual Thales de Azevedo, localizado em Salvador, registrou um boletim de ocorrência contra uma professora de filosofia, alegando que ela ensinava “conteúdos esquerdistas”. Entre os assuntos abordados estão questões de gênero, racismo, machismo, diversidade e assédio. A denúncia foi feita na última terça-feira, 16, na Delegacia de Repressão a Crimes contra Crianças e Adolescentes e a professora foi intimada para prestar esclarecimentos.

A Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB) divulgou que toda a comunidade escolar foi tomada de surpresa e que a docente necessitou ser hospitalizada após a intimação. Ainda segundo a Associação, o departamento jurídico foi acionado, a fim de atender ao apelo de professores que relataram atitudes “inamistosas e de perseguição” por parte da aluna.

A Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC) informou que, após reunião com a docente na manhã desta sexta-feira(19) acionou a Procuradoria Geral do Estado, que prestará toda a assistência jurídica à professora e a acompanhará na oitiva. Além disso, a SEC destacou que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) assegura o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, além de garantir o livre exercício da docência. E afirmou que os conteúdos ministrados pela professora em sala de aula estão em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

De acordo com a Polícia Civil, a mãe da estudante declarou que a aluna sofreu constrangimento na escola devido sua opinião política. Além do mais, disse que a estudante foi hostilizada e impedida de participar das atividades em grupo, tudo sob o consentimento da professora.

Em nota, o Colégio Estadual Thales de Azevedo manifestou repúdio contra a intimação e afirmou que todo o corpo docente foi afrontado. Além do mais, reiterou que a intimação interfere na autonomia da instituição em colocar em prática seu projeto de formação humana, crítica, livre, socialmente ativa e responsável.