Brics

Brasileiras brilham em competição internacional sobre empreendedorismo

Premiação dos Brics destacou boas práticas nas áreas de inovação que geram desenvolvimento social e econômico

Eu Estudante
postado em 24/06/2022 20:25 / atualizado em 25/06/2022 13:35
A médica infectologista maranhense Maria dos Remédios Branco foi premiada por suas ações de combate à pandemia de covid-19 -  (crédito:  LUCAS FONSECA EDY SOUZA/DIVULGAÇÃO)
A médica infectologista maranhense Maria dos Remédios Branco foi premiada por suas ações de combate à pandemia de covid-19 - (crédito: LUCAS FONSECA EDY SOUZA/DIVULGAÇÃO)

Quatro brasileiras foram premiadas no Brics Women's Innovation Competition Award, organizado pelo Conselho da China para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT) e Câmara de Comércio Internacional da China (CCOIC). Nesta edição, foram selecionados destaques de boas práticas nas áreas de inovação e empreendedorismo, promovendo conhecimento e gerando desenvolvimento social e econômico. A cerimônia ocorreu em Beijing, no dia 31 de maio último, num modelo híbrido, presencial e on-line. Quinze ganhadoras, três de cada país, receberam o Prêmio Mulan. Em cada país do grupo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi escolhido um projeto liderado por mulheres que se destacaram no combate à pandemia de covid-19. As vencedoras foram convidadas a visitar a China, onde poderão aprimorar seus estudos, por meio de intercâmbio e capacitação.

As brasileiras vencedoras do Prêmio Mulan foram Renata Tomazeli, CEO do Youfeel Health, de São Paulo, Marciele Delduque, fundadora da Rede Marianas Mulheres que Inspiram, de Belo Horizonte, e Monica Pinhanez, co-fundadora da Zeka Educação Digital, do Rio de Janeiro. Já o prêmio especial, em reconhecimento ao combate à pandemia de covid-19 foi dado a Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco, médica infectologista, doutora em Medicina Tropical e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

O trabalho desenvolvido por Maria dos Remédios, reconhecido pelo agrupamento de países de mercado emergente (Brics) foi iniciado no uge da pandemia, em março de 2020, quando ela criou um
website para informar à população sobre os cuidados corretos e as medidas preventivas contra a covid-19, assim como desmistificação de tratamentos comprovadamente ineficazes, como uso de cloroquina e ivermectina para combater a doença. “Os veículos de comunicação começaram a me chamar a todo instante para entrevistas, para falar sobre a pandemia. O assédio foi tanto que deu um estalo e resolvi criar meu próprio canal para dar acesso ao maior número possível de pessoas”, conta.

Segundo ela, com a ajuda da filha Maíra Ribeiro, que acabara de se formar em relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB), criou um canal no YouTube, onde passou a fazer lives com dicas sobre prevenção e tratamento da covid-19, além de entrevistas. Entrevistou celebridades como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o médico oncologista, cientista e escritor brasileiro Dráuzio Varella.

Além disso, ela orientou sobre o assunto várias escolas, comunidades locais e movimentos sociais, como o MST e as quebradeiras de coco, composto por um grupo de mulheres que atuam em trabalhos artesanais e garantem o sustento com o extrativismo do coco babaçu. “Tive que reinventar a pólvora. Foi um grande desafio. Ainda não havia vacina no país, mas foi e continua sendo um trabalho muito gratificante”, diz, lembrando que outros professores da UFMA também se envolveram nesse processo.

Para Maria dos Remédios, a premiação internacional foi muito gratificante, não só para ele como também para a universidade. “Me inscrevi com a absoluta certeza de que não iria gnhar. Não tinha a menor expectativa. Mas fiquei muito feliz com o reconhecimento. Até gora não consegui controlar toda essa repercussão”, afirma, lamentando apenas a queda da cobertura vacinal observada hoje.

A psicóloga Renata Tomazeli levou o prêmio Mulan pelo desenvolvimento da plataforma de diagnóstico sobre saúde mental
A psicóloga Renata Tomazeli levou o prêmio Mulan pelo desenvolvimento da plataforma de diagnóstico sobre saúde mental (foto: Anthony Garcia/Divulgação)

A psicóloga Renata Tomazeli, que levou o prêmio Mulan, passou a atuar na Youfeel Health depois de 10 anos trabalhando em grandes corporações e ter feito uma imersão no Vale do Silício, nos Estados Unidos. A plataforma apresenta diagnóstico sobre saúde mental dos funcionários para empresas e oferece soluções personalizadas para cada colaborador.

 “Ajudamos empresas que buscam cuidados de saúde mental precisos e personalizados para sua equipe. Nosso objetivo não é conectar as pessoas a qualquer cuidado, mas com o cuidado certo, no momento certo, seja ele terapia, medicação, exercício físico, meditação, mentoria ou outros. Além disso, fazemos a gestão da saúde mental e seus indicadores, o que é primordial para acompanhar as evoluções e melhorias nas empresas”, diz Tomazeli, pontuando que a inovação e a tecnologia são fundamentais para os avanços na área da saúde.

“Fiquei muito orgulhosa em estar entre as vencedoras representando o Brasil. Esse prêmio também traz uma grande responsabilidade, seja considerando os avanços que precisamos realizar na área da saúde ou como mulher empreendedora. Afinal, hoje, só 5% das startups são fundadas por mulheres no país. Quero inspirar outras mulheres e trabalhar para trazer mais equidade social.”

A CEO da Zeka Educação Digital, Monica Pinhanez, também recebeu o prêmio Brics Women InnovAtion Contest, 2022. A meta da empresa é garantir oportunidade para jovens e adultos de todo o país. Entre outras ações, empresa oferece preparação para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Em uma rede social, a empresa destacou que o prêmio foi a coroação do trabalho realizado desde 2019, e destacou que “a Zeka só foi possível por ter um grupo de mulheres guerreiras e sonhadoras incríveis, que trabalharam arduamente para o sucesso da empresa”.

A mineira Marciele Duque, fundadora da Rede Marianas Mulheres que Inspiram: mãe, avó , empreendedora
A mineira Marciele Duque, fundadora da Rede Marianas Mulheres que Inspiram: mãe, avó , empreendedora (foto: Arquivo pessoal)

Fundadora da Rede Marianas Mulheres que Inspiram, Marciele Delduque, foi mais uma brasileira contemplada na premiação. Sua organização foi criada em 2015 para amenizar os impactos do rompimento da Barragem do Fundão, no município de Mariana. Oferece cursos de capacitação em consultoria financeira, marketing digital, atendimento psicossocial e jurídico, além de cursos na área de inovação e tecnologia, entre outros segmentos. É a primeira aceleradora focada no desenvolvimento profissional de mulheres do estado de Minas Gerais.

Marciele destaca que a rede firma, a cada dia, o propósito de acolher, orientar, capacitar e treinar essas mulheres para o mercado de trabalho, além de fomentar seus negócios no município na e região, acolhendo cada vez mais. “Começamos com 17 mulheres. Depois de 4 anos de jornada somos mais de 1.500, e planejamos expandir nossas atividades e metodologia para o mundo, alcançando e empoderando mais mulheres”, afirma, revelando que pretende aproveitar cada segundo da oportunidade que está sendo oferecida com a premiação para agregar e trazer para o Brasil todo conhecimento possível, para dar continuidade ao trabalho de protagonismo e fortalecimento a cada vez mais mulheres”.

Ainda impactada, Marciele não contém a emoção ao falar sobre a consagração na China. “Fiquei muito emocionada , e grata a Deus por ter chegado até aqui através de uma trabalho e metodologia que são meu propósito de vida. Sei o quanto é tão significativo não só pra mim, mas para todas as mulheres da nossa rede, que tem confiado em nosso trabalho quanto mentoras, consultoras apoiadoras das suas jornadas empreendedoras.”

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