Crise

Andifes prevê colapso nas universidades federais até outubro

Cortes promovidos pela União totalizam R$ 612 milhões, comprometendo pesquisas científicas e assistência estudantil

Jáder Rezende
postado em 29/06/2022 21:34
Presidente da Andifes, reitor Marcus Vinícius David (UFJF), alerta para a bancarrota das universidades federais -  (crédito: Divulgação/Andifes)
Presidente da Andifes, reitor Marcus Vinícius David (UFJF), alerta para a bancarrota das universidades federais - (crédito: Divulgação/Andifes)

Durante o lançamento, nesta terça-feira (29), do painel Atuação das Universidades Públicas e da Ciência na Defesa da Vida Durante a Pandemia da Covid-19, o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitor Marcus David, alertou que as universidades públicas federais podem entrar em colapso até outubro.

Segundo ele, os cortes promovidos pelo Governo federal, que já somavam R$ 312 milhões no início de junho e agora dobraram, totalizando R$ 621 milhões - o equivalente a 7,2% de todo o orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual de 2022 -, afetarão toda a cadeia de pesquisas e atingirão em cheio os programas de assistência estudantil.

“A situação das universidades é muito dolorosa. A crise é severa. Quase a totalidade das instituições projetam déficit histórico para este ano”, disse David, observando que, ainda assim, “prevalece a disposição de não fechar nenhuma unidade, de evitar a vitória dos que desejam que isso aconteça”. David observa ainda que vem trabalhando em todas as frentes na tentativa de reverter esse quadro.

Ações contra a covid

Além de David, participaram da apresentação desta quarta-feira o presidente a coordenadora do SoU_Ciência, Soraya Smaili, e o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador integrante da equipe técnica do centro de estudos, Pedro Arantes.

De acordo com o presidente da Andifes, as pesquisas realizadas pelo SoU_Ciência têm sido fundamentais para mostrar à sociedade o trabalho ativo das universidades públicas, mesmo com tantos cortes de verbas nos últimos anos. “Só tenho a agradecer à equipe do centro SoU_Ciência por buscar dar visibilidade ao trabalho das nossas universidades que, muitas vezes, só é conhecido internamente”, comentou.

Soraya Smaili, coordenadora do SoU_Ciência, destacou quer o objetivo dos pesquisadores do centro não é apenas divulgar as ações das universidades. “É importante que todos conheçam nossas pesquisas, nosso trabalho, mas a sociedade também precisa saber como utilizamos os recursos destinados às universidades e a importância do que estamos fazendo para o presente e o futuro deste país”, comentou.

Integrante da equipe técnica do painel, o professor Pedro Arantes ressaltou que os dados das pesquisas apresentadas hoje pelo SoU_Ciência mostram como universidades públicas, institutos de pesquisa e tecnológicos, pesquisadores(as), estudantes, técnicos(as)-TAE, professores(as) e cientistas brasileiros(as) trabalharam (e ainda trabalham) na defesa da vida, bem como no enfrentamento da pandemia da Covid-19”.

Linha de frente

“O painel apresenta ações e pesquisas na área da saúde e no atendimento da população numa perspectiva ampliada de garantia do direito à vida, englobando ações na linha de frente em saúde e pesquisas relacionadas à prevenção, tratamento e controle da pandemia, ações nas áreas de direitos humanos, combate à fome, redução de vulnerabilidades sociais e apoio à educação básica, além de informações acerca da produção bibliográfica no tema e estudos de casos sobre atuações regionais, centros e temas emergentes e contribuições mais notáveis”, explicou.

Arantes destacou, ainda, que os dados foram organizados em cinco eixos de atuação (organização para atuar no contexto pandemia; atenção à saúde; extensão de solidariedade; pesquisa, tecnologia e inovação; e ações em comunicação), e foram subdivididos em subcategorias de ações realizadas pelas universidades federais no enfrentamento à pandemia.

“Este painel apresenta a descrição sucinta de mais de 1.000 ações desenvolvidas pelas universidades públicas nesta pandemia. São mais de 500 municípios que tiveram ações desenvolvidas pelas universidades federais. Tenho certeza que mostrará à população a importância de nossas universidades não apenas no contexto desta pandemia, mas também para a restruturação deste país”, ressaltou.

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