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Estudante universitário cria esqueleto mecânico para pessoas com deficiência

Resultado de trabalho acadêmico, projeto pode auxiliar na locomoção e na qualidade de vida de pacientes com dificuldade de locomoção

O brasiliense Matheus Soares Nascimento, 22 anos, inventou um aparelho de baixo custo e de fácil reprodução para ajudar pessoas com deficiência nos membros inferiores. O exoesqueleto mecânico, ou estrutura de sustentação externa, foi desenvolvido pelo estudante para um Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de engenharia elétrica do Centro Universitário de Brasília (CEUB).

Segundo Matheus, equipamentos dessa natureza já existem no mercado, mas são muito caros. Ele conta que o projeto foi idealizado há quatro anos para auxiliar sua avó em tarefas simples do dia a dia, que sofreu um acidente vascular cerebral e perdeu metade dos movimentos do corpo. Além disso, a invenção pode minimizar patologias secundárias, como pressão alta. “Infelizmente minha avó faleceu, mas a ideia de poder ajudar pessoas em situações parecidas ficou na minha cabeça”, disse.

Quando teve a oportunidade de fazer o trabalho de conclusão, Matheus pensou em desenvolver um exoesqueleto. Ele conta que sua principal dificuldade no desenvolvimento do aparelho foi ter que aprender conteúdos fora de sua área de atuação, como engenharia mecânica, fisioterapia e medicina. O projeto levou oito meses para ser concluído e foi apresentado neste ano. Outra dificuldade, afirma ele, foi encontrar mão de obra qualificada para realizar os ajustes necessários.

Matheus explica que o dispositivo comanda o movimento dos motores presentes nas articulações do quadril e joelho, por meio de um controle PID digital independente para cada articulação. “O exoesqueleto contém um mini computador que detecta a posição do usuário, acompanhando seus movimentos. Para conseguir se movimentar, o exoesqueleto precisa do auxílio de um dispositivo de auxílio de marcha”, relata.

O universitário destaca que, apesar do avanço científico e das políticas públicas de inclusão, os deficientes físicos ainda enfrentam muitos obstáculos. Ele espera que o exoesqueleto contribua para sanar parte dessas dificuldades e proporcionar melhor qualidade de vida para pessoas com deficiência.

Matheus diz que pretende seguir na engenharia mecânica, em busca de novos feitos. “Minha perspectiva para o futuro é poder trabalhar nessa área e mudar a vida das pessoas, sempre com foco em baixos custos”, ressaltou.

Doutor em Ciências Mecânicas e professor do CEUB, Tiago Leite, 30 anos, leciona engenharia elétrica e computação, matéria auxiliou Matheus na criação do projeto. O professor conta que, em suas aulas, sempre busca promover a aplicação prática da disciplina.

Segundo ele, o resultado do trabalho de Matheus é ainda preliminar, já que os movimentos reproduzidos não são característicos do ser humano. “É inegável que o que já foi feito mostra nossa capacidade de produzir algo novo”, destaca o docente. Matheus afirma que está desenvolvendo novas versões de forma independente e que seu intuito é lançar um protótipo que seja mais efetivo e confortável até o fim do ano.

 

*Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende