Adequação

Extensão passa a ser obrigatória no currículo da graduação em 2023

UnB anuncia ajuste da diretriz de todos os cursos até agosto. Medida vale para instituições públicas e privadas de todo o país

EuEstudante
postado em 08/07/2022 16:39
Márcia Abrahão:
Márcia Abrahão: "A extensão representa a universidade além dos muros, é nosso maior ponto de interação com a comunidade" - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Visando cumprir a Constituição Federal, que define o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a Universidade de Brasília (UnB) quer ajustar, até agosto deste ano, a diretriz que vale para instituições de todo o país. Em janeiro de 2023, essas atividades deverão compor, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular dos cursos de graduação. A determinação vale para as instituições públicas e privadas.

De acordo com a UnB, os colegiados dos diferentes institutos e faculdades estão se organizando para cumprir a meta. Na Engenharia Mecatrônica, por exemplo, o currículo já está adequado e pode valer para o próximo semestre.

“A extensão representa a universidade além dos muros, é nosso maior ponto de interação com a comunidade”, destaca a reitora da UnB, Márcia Abrahão, frisando que a proposta da extensão é melhorar a realidade social por meio de ações concretas da comunidade acadêmica. “Na UnB, é um pilar essencial para colocar em prática o aprendizado dos alunos e despertá-los para as necessidades do país”, afirma.

Qualificação

A partir de 2023, as avaliações do MEC passam a considerar o currículo com a extensão obrigatória. O decano de Extensão em exercício, Alexandre Pilati, observa que a mudança de concepção de formação acadêmica e de entendimento da extensão é fundamental para qualificar a formação do estudante. “Não existe extensão sem pesquisa e sem ensino. São complementares”, afirma. “A extensão implica em participação da comunidade externa, protagonismo do estudante e tende a ter a dimensão de pesquisa. Ou seja, será um salto de qualidade na trajetória acadêmica dos discentes", complementa.

Atualmente, todos os cursos da Universidade têm atividades de extensão. A UnB afirma que, para cumprir a Resolução 07/2018 do Conselho Nacional de Educação (CNE), os decanatos de Ensino de Graduação (DEG) e de Extensão (DEX) têm trabalhado em conjunto. De acordo com a instituição, a meta é que os cursos encaminhem os projetos para análise até o próximo mês. Depois, até o início de 2023, o objetivo é que todos os cursos da UnB já estejam preparados para iniciar o primeiro semestre letivo do ano com as reformas implantadas.

Mecatrônica

No novo currículo da Engenharia Mecatrônica da UnB, por exemplo, foram criados componentes do tipo disciplina, com carga horária total convertida em extensão, e do tipo atividade, em que os alunos precisam participar como protagonistas de ações de extensão de toda a universidade, como projetos, cursos, eventos ou prestação de serviço, além de pedir o aproveitamento de acordo com a carga horária.

Além disso, o Trabalho de Conclusão de Curso terá uma parte da carga horária dedicada à extensão. A ideia é que os alunos apresentem à comunidade externa, em eventos presenciais ou por meio da internet, os principais resultados alcançados nos TCCs e também a importância desses trabalhos para a pesquisa e o desenvolvimento regional, nacional e mundial.

Segundo o coordenador do curso de Engenharia Mecatrônica da UnB, Henrique Cezar Ferreira, a adequação da matriz curricular vai ao encontro das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, que pedem que o aluno tenha uma formação mais abrangente, holística, com um olhar voltado para o todo. “O ensino de engenharia não tinha essa visão da sociedade, era mais voltado para o desenvolvimento econômico e tecnológico. Creio que a curricularização da extensão ajude a formar profissionais capazes de lidar com a parte técnica, mas também social”, afirma.


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