Superação

UnB alcança excelência na maioria dos cursos de pós-graduação

A despeito de cortes orçamentários jamais vistos na educação, a principal universidade de Brasília tem maioria dos cursos de pós-graduação bem avaliados

Jáder Rezende*
postado em 13/09/2022 17:12 / atualizado em 13/09/2022 17:32
A reitora da UnB, Márcia Abrahão:
A reitora da UnB, Márcia Abrahão: "Sabemos que ainda temos espaço para avançar mais" - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Em meio a cortes históricos no orçamento para educação e pesquisa promovidos pelo Governo Federal neste ano, a Universidade de Brasília (UnB) passou a ter a maioria dos cursos de pós-graduação com excelência nacional e internacional. De acordo com a avaliação preliminar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), de 38% do quadriênio 2013-2016, passou para 53% a porcentagem dos seus 91 programas (79 acadêmicos e 12 profissionais). A escala de notas varia de 1 a 7 e os conceitos 6 e 7 expressam excelência em nível internacional. O conceito 5 significa excelência nacional.

O maior crescimento foi nos programas com nota 5, que tiveram a sua quantidade dobrada, de 17 para 34. Na avaliação anterior (2013-2016), a UnB tinha a maioria dos cursos com nota 4. A avaliação refere-se ao quadriênio 2017-2020 e ainda cabe recurso até o resultado final, quando a UnB espera melhorar ainda mais a nota de alguns programas.

Dos cinco cursos do Instituto de Ciências Humanas (ICH), três melhoraram as notas: história 4 (2013-2016) passou para 5 (2017-2020); filosofia 4 (2013-2016) passou para 5 (2017-2020); e metafísica 4 (2013-2016) passou para 5 (2017-2020). Dois cursos mantiveram a nota da avaliação passada: políticas sociais (6) e geografia (5), mas a UnB vai apresentar recurso para subir a nota.

O Instituto de Ciência Política também alcançou nota 7, menção máxima da avaliação da Capes. Agora, são quatro PPGs com nota 7, dez com nota 6 e 34 programas com nota 5, totalizando 48 programas. A Capes avaliou 29 programas da universidade com nota 4 e 12 programas com nota 3. Ainda não foram contabilizados os 10 programas que atuam em rede com outras instituições. Mantiveram nota 7 os cursos de desenvolvimento sustentável, matemática e antropologia.

No Instituto de Artes (Ida), todos os cursos subiram na avaliação. O curso de artes cênicas, que entre 2013 e 2016 tinha nota 4, passou para 5 (2017-2020); o de artes visuais, 4 entre 2013 e 2016, também passou para 5 (2017-2020); o de design 3 (2013-2016) passou para 4 (2017-2020); e o de música 3 (2013-2016) passou para 4 (2017-2020).

A diretora do Instituto de Artes, Fátima Aparecida dos Santos, atribui o sucesso obtido na avaliação ao esforço conjunto entre mestres, decanos e, sobretudo, à direção da UnB, que adotou práticas essenciais traduzidas na melhoria dos cursos oferecidos. Ela lembra que, no início de sua gestão, em 2019, convocou o colegiado de coordenadores de pós-graduação e foi instituído um fórum de discussões e troca de experiências, com reuniões mensais para avaliar as estratégias de todos os programas, sempre na perspectiva do que era preciso melhorar.

Além disso, ela aponta como fator fundamental nessas ações a inserção social, que impactaram e contribuíram de forma bastante positiva na melhoria de vida de toda a sociedade. “Todos os nossos programas têm uma linha envolvida com a educação, não só acadêmica, mas também com o ensino médio. Desenvolvemos um trabalho de fôlego com todos os coordenadores, que vestiram camisa de super-herói, sem contar as práticas essenciais adotadas pela UnB. Foi uma grande superação para quem está nesse processo, vendo um cenário externo tão desmotivador. Mas nossa maior motivação é o compromisso com a sociedade”, afirma.

Empenho

De acordo com a reitora Márcia Abrahão, desde o início de sua gestão, em 2020, sua equipe vem se empenhando para apoiar os programas de pós-graduação, respeitando as suas especificidades e graus de maturidade. “Decidimos, logo no início da gestão, criar um decanato específico para a pós-graduação, o Decanato de Pós-Graduação, que trabalha em parceria com o também recém-criado Decanato de Pesquisa e Inovação”, disse.

“Trabalhamos sempre com as unidades acadêmicas e os órgãos colegiados. Sabemos que ainda temos espaço para avançar mais, e continuaremos dando todo o apoio aos programas, mas podemos dizer com segurança que o resultado, fruto da qualidade e do esforço coletivo de toda a Universidade durante décadas, é mais uma demonstração de que a UnB se posiciona de maneira inequívoca entre as instituições brasileiras de ensino superior com destaque na pesquisa avançada e formação de mestres e doutores de alto nível.”

Investimento

Entre 2017 e 2020, a UnB destinou quase R$ 11 milhões em editais para a Pesquisa e Pós-Graduação. “Priorizamos a nossa missão, que é fazer ensino, pesquisa e extensão de excelência com compromisso social, mesmo em um cenário de drástica redução do orçamento da UnB”, afirma Márcia Abrahão, destacando o trabalho de todos os que participaram direta ou indiretamente desse processo, sobretudo as equipes do Decanato de Pós-Graduação e os coordenadores de pós-graduação, que, segundo ela, foram incansáveis para que a UnB pudesse alcançar esse resultado hoje. “Sinto muito orgulho de toda a nossa comunidade”, festeja.

O decano de Pós-Graduação, Lúcio Rennó, também comemora a mudança significativa dos programas que migraram de nota 4 para nota 5. Segundo ele, a normatização e desburocratização dos processos de andamento de demandas na pós-graduação e no Decanato de Pesquisa e Inovação contribuíram para essa melhora. “Já estamos atentos e trabalhando coletivamente para garantirmos a excelência no novo processo de avaliação (2021-2024) que está em curso”, disse.

Política contínua

O vice-reitor Enrique Huelva destaca, nesse processo, a política contínua de incentivo à publicação, de participação em congressos e seminários nacionais e internacionais e de intercâmbio entre pesquisados brasileiros e estrangeiros e editais específicos para professores visitantes. “Empreendemos esforços na revisão dos relatórios e no preenchimento da plataforma Sucupira para auxiliar as unidades”, afirma.

A decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, é mais uma a destacar o conjunto de políticas institucionais adotadas no período. Ela aponta os editais de publicação em periódicos com bons fatores de impacto, além de considerar como medidas fundamentais os editais de apoio a estudantes de pós-graduação. Para ela, a inovação deverá ter muito peso na próxima avaliação. “Não podemos esquecer que a pandemia afetou fortemente a pós-graduação e a pesquisa e que os nossos pós-graduandos estão, há bastante tempo, com os valores das bolsas da Capes e CNPq congelados.”

Para o diretor-substituto do Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DAI/DPO), Delano Moody, os avanços alcançados nos cursos de pós-graduação da UnB refletem um trabalho em conjunto de diversos atores e espaços da instituição, além de contribuir significativamente para pesquisas futuras. “Os dados disponibilizados e analisados pela Diretoria de Avaliação e Informações Gerenciais possibilitam a elaboração de editais de incentivo direcionados à pesquisa e à pós-graduação”,


*Com assessoria de comunicação da UnB

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