Estudante do segundo ano de bioengenharia e negócios na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Victor Maia desenvolveu o aplicativo HexBR, após assistir a uma aula sobre problemas que impactam a assistência médica no mundo. Imediatamente, ele decidiu pesquisar sobre doenças crônicas, mais especificamente o custo que elas geram ao Estado.
“Pensei, artrite é aquilo que minha tia tinha nos joelhos. Como que isso custa 70 bilhões de dólares por ano para os Estados Unidos?”
Foi assim que o estudante passou a pesquisar e descobriu que a doença afeta mais de 2 milhões de brasileiros, a maioria mulheres, impactando, de forma desproporcional, pessoas de baixa renda e comunidades carentes.
No Brasil, devido aos custos com medicamentos e fisioterapia, além de consultas e suporte ineficiente do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 70% dos pacientes desistem de buscar ajuda médica durante o tratamento ou desistem assim que descobrem o diagnóstico.
Atualmente, o aplicativo HexBR está presente em 3 continentes e 8 países, incluindo o Brasil. Basta que o paciente se cadastre e descreva as características pessoais em relação a artrite e receberá uma lista de exercícios diários que aliviam dores e ajudam de forma complementar no tratamento.
A plataforma nasceu como forma de devolver à comunidade as experiências que uma educação de qualidade. Victor participou do processo seletivo para bolsistas da Fundação Estudar e conseguiu realizar o sonho da graduação no exterior. A mentoria que ele participou durante a preparação para estudar nos EUA é gratuita.
“Vindo de onde eu vim, queria fazer algo para ajudar. A HexBR surge disso. Contamos hoje com mais de 15 funcionários, 100% voluntários, de vários países, que se unem em torno da ideia de usar tecnologia para mudar a saúde no mundo”, afirma.
Segundo ele, mesmo sendo um aplicativo que pode até mesmo salvar vidas, o maior problema é a comunicação. "A artrite é uma doença negligenciada no Brasil, ao ponto de muitas pessoas não entenderem do que se trata. Além disso, há ainda os que, mesmo tendo os sintomas, não são diagnosticados por falta de acesso à informação", diz.
Victor enxerga o aplicativo como uma ferramenta muito potente, que une tecnologia aos métodos tradicionais da medicina para facilitar o acesso à informação e aos tratamentos, o que pode resultar em melhoria de qualidade de vida para muita gente.
“Sabe o que uma favela no Brasil e um banco de investimentos em Nova York têm em comum? O uso de telefones celulares. A tecnologia tem o poder de auxiliar sistemas de saúde a alcançar a todos, sem discriminação. São fatores que exigem a presença de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, mas também podem ser equacionados com o desenvolvimento de soluções digitais eficazes e humanizadas. Espero poder ajudar nesse processo”, afirma.
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende