PROTESTO

Diretório estudantil da UnB convoca estudantes para manifestação contra cortes

Manifestação ocorrerá nesta quinta-feira (8/12), com concentração em frente ao MEC, às 16h. Com os cortes, UnB afirma que o cenário é "insustentável"

Diogo Albuquerque*
postado em 06/12/2022 15:56 / atualizado em 06/12/2022 15:57
"A situação financeira da UnB, que já era dramática desde o início de 2022, torna-se agora insustentável", diz nota - (crédito: UnB/Reprodução)

O desmonte promovido na educação pelo governo Bolsonaro é o mote da manifestação que será realizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB), na próxima quinta-feira (8/12), a partir das 16h.

A convocatória foi motivada pelo mais recente corte de R$ 17 milhões, que irá afetar em cheio as despesas da instituição no mês de dezembro, como água, luz, auxílios e restaurante universitário. A concentração do ato será em frente o Ministério da Educação (MEC), nas Esplanada dos Ministérios.

Nesta segunda-feira (5/12), a UnB divulgou um comunicado sobre os cortes de verbas e declarou que não conseguirá arcar com as despesas básicas do mês de dezembro.

“Não há recursos para pagar auxílio estudantil, contratos do Restaurante Universitário, da segurança, de manutenção, de limpeza e todas as demais despesas previstas para o mês, incluindo projetos de pesquisadores. A situação financeira, que já era dramática, torna-se, agora, insustentável”, diz a nota. No Twitter, a reitora Márcia Abrahão afirmou que a universidade opera com saldo negativo.

A coordenadora geral do DCE, Monna Rodrigues, 21 anos, disse que a escolha do horário para a manifestação partiu excepcionalmente da atual gestão por ser uma situação de extrema urgência. Segundo ela, o DCE avalia a possibilidade de disponibilizar ônibus para auxiliar na locomoção dos estudantes até o local da concentração.

Além disso, afirma Monna, o diretório irá se reunir com reitoria nesta quarta-feira (7) para conversar com a reitoria sobre a dimensão e o impacto do bloqueio orçamentário para os estudantes, e discutir sobre a liberação dos estudantes das atividades acadêmicas para participar do ato.

A UnB repudia a continuidade do corte de verbas e destacou, na nota, que os mais atingidos serão os estudantes vulneráveis socioeconomicamente e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas. No entanto, a universidade garante que as aulas prosseguirão normalmente.

Nota

Leia na íntegra o posicionamento:

“Com os últimos cortes efetuados pelo governo federal, a Universidade de Brasília (UnB) encontra-se sem dinheiro para realizar pagamentos em dezembro. Não há recursos para pagar auxílio estudantil, contratos do Restaurante Universitário, da segurança, de manutenção, de limpeza e todas as demais despesas previstas para o mês, incluindo projetos de pesquisadores.

Conforme amplamente noticiado pela imprensa, o governo federal retirou mais de R$ 17 milhões da UnB na última quinta-feira, 1º de dezembro. Os decanatos de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional e de Administração encaminharam informações detalhadas para todas as unidades acadêmicas e administrativas da UnB (Memorando-Circular 006/2022/DPO/DAF; 9054340). Informam que “a Universidade está impossibilitada de efetuar pagamentos das despesas já liquidadas e de realizar novos empenhos.”

A situação financeira da UnB e das demais universidades federais já era dramática desde o início de 2022, piorou com o corte de 7,2% feito pelo governo federal no mês de junho (R$ 18 milhões só na UnB) e, agora, torna-se insustentável.

A UnB repudia veementemente essa situação e a herança calamitosa na Educação, Ciência e Tecnologia que o governo federal parece ter decidido deixar para o seu sucessor, em janeiro de 2023. A medida desconsidera, mais uma vez, que os principais atingidos pelos ataques às instituições públicas são as parcelas mais vulneráveis da sociedade brasileira. No caso das universidades, os mais afetados são os estudantes vulneráveis socioeconomicamente e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas.

Continuaremos atuando em defesa de nossa universidade, com o apoio da comunidade e em parceria com os reitores das universidades e dos institutos federais, com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), buscando o diálogo com o governo federal e com o Congresso Nacional para a reversão desta inadmissível situação.

É imprescindível que possamos honrar os nossos compromissos em 2022 para iniciar 2023 com esperança de que a Educação, a Ciência e a Tecnologia voltem a ser consideradas prioritárias para o desenvolvimento do país e para a melhoria da vida das brasileiras e dos brasileiros.

A UnB continuará atuante como sempre, necessária como nunca.”

*Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende

 

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