Aluno da rede pública do Piauí é aprovado em 1º lugar em medicina na UFPI

Francisco Rafael: estudava doze horas por dia e só usava o celular à noite, antes de dormir - (crédito: Arquivo pessoal)

Estudante de escola pública e natural do interior do Piauí, Francisco Rafael Gomes Lima, 18 anos, foi aprovado no 1º lugar por cotas no curso de medicina da Universidade Federal do Piauí (UFPI) – Câmpus Ministro Petrônio Portella, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O jovem piauiense é o primeiro da família a ingressar em uma universidade pública.

Quando soube do resultado, Francisco afirma que extravasou de alegria. “Foi uma alegria muito grande aqui em casa, todo mundo estava na torcida. As minhas notas foram boas e mesmo confiante, ainda estava um pouco incerto”, conta. Francisco é natural de Castelo do Piauí, município do interior do estado. O jovem conta que a principal motivação da escolha do curso é conseguir dar melhores condições à mãe, Márcia Gomes Silva. “Venho de uma família muito humilde, de mãe solo. Sempre sonhei em dar uma condição de vida melhor para ela”, ressalta.

Para conquistar o 1º lugar, Francisco levou uma rotina de estudos intensa. O piauiense fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como treineiro duas vezes e diz ter focado na rotina a partir do segundo ano do ensino médio. “Durante a pandemia, estudava doze horas por dia, de domingo a domingo. Fazia simulados, provas antigas, colava post-it em todo lugar. Só pegava o celular antes de dormir, às 22h, para responder a minha família”, lembra. O jovem saiu de 500 pontos na redação para 960 na última edição do exame.

Hoje, Francisco mora com os avós — Francisco Vieira da Silva, vendedor de roupa em camelô e Eva Paulino Gomes Silva, dona de casa — e reforça que eles sempre o apoiavam a seguir com os estudos. “Eles que me ajudavam a imprimir meu material e me motivavam, sempre tive eles como inspiração. Atribuo esse resultado primeiro à minha família e à minha namorada, à minha escola e também, claro, ao meu esforço”, destaca.

Considerado aluno prodígio pelos professores, o piauense sempre teve afinidade por matemática e por ciências da natureza. O estudante acumula algumas medalhas, que ostenta com orgulho, entre elas uma medalha de ouro na Olimpíada Nacional de Ciências; duas medalhas de bronze na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP); uma medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Química e uma medalha de bronze no Torneio de Educação Financeira.

Antes de escolher medicina, Francisco também tinha como opção a engenharia. “Acabei optando pela medicina porque queria ter mais contato com as pessoas”, pondera. O rapaz conta que pretende seguir na área de pediatria ou na de gastroenterologia. “Tenho muito interesse pelos processos químicos e físicos que acontecem no estômago”, frisa. Como o câmpus da UFPI fica localizado a três horas de distância de onde mora atualmente, Francisco diz que irá se mudar para Teresina para ficar mais próximo da universidade.