Superação

Uma história de superação sem limites

Igor Diolindo, 17 anos, que tem tetraplegia espástica, sempre foi o melhor aluno da escola e, agora, realiza o grande sonho: ingressar no curso superior de ciência da tecnologia. Ele tem dificuldade em controlar os movimentos nos braços e pernas

EuEstudante
postado em 04/04/2023 20:09 / atualizado em 05/04/2023 12:39
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Ao nascer, os médicos disseram aos seus pais que ele nunca andaria, falaria com dificuldade e teria uma vida pouca produtiva. E tudo foi uma grande dificuldade para a família humilde de Planaltina. Filho de um pizzaialo e uma mãe que deixou de trabalhar fora para de dedicar em tempo integral o filho, cada conquista, cada dia a mais era comemorado como milagre.

Ele nunca aceitou a sua condição de dependente. Desde muito novo, criança ainda, mostrava-se independente. Aos 5 anos, o Correio fez a primeira grande matéria com o menino, que tinha um sonho: ter uma cadeira de rodas que o levasse à escola e um computador, até usado, que  ajudasse nas atividades.

A reportagem sensibilizou Brasilia. Igor ganhou tudo. Finalmente foi à escola, sem ser carregado pela mãe. E nunca mais parou de seguir. Sempre foi o melhor aluno da sala, em todos os anos. Até o último ano do ensino médio, que terminou ano passado.

Hoje, aos 17 anos, Igor Diolindo é bicampeão de bocha paralímpica no Distrito Federal e, desde o ultimo dia 30 de março, é o mais novo aluno de Ciência da Tecnologia da Faculdade Uninassau. Ele ganhou um computador handsfree, que o permite utilizar o equipamento apenas com movimentos da sua cabeça

A tecnologia, presente do Instituto Handsfree, irá auxiliá-lo na graduação em Tecnologia da Informação (TI), de forma on-line. O curso terá duração de dois anos e, segundo o atleta, não irá atrapalhá-lo nos treinamentos do esporte, que ocorrem pela manhã, no contraturno dos estudos.

Igor ainda quer estagiar e se pós- graduar em TI. Para ele, o novo computador será essencial no processo de aprendizado. “É uma forma de tornar o estudo mais acessível para mim”, afirma o estudante, que possui tetraplegia espástica e não controla completamente o movimento dos braços.

O atleta, que também tem grande chance de participar da Seleção Brasileira de Bocha Paralímpica, se diz animado para a trajetória acadêmica. “Depois de formado, quero trabalhar na minha área, em alguma empresar. Pretendo agregar valor e ajudar na empresa onde eu for trabalhar” diz.

Para Diolindo, os primeiros dias de aula foram uma experiência fantástica. “As aulas foram bem interativas e eu gostei do conteúdo. A única coisa que senti falta em relação ao ensino médio foi do contato real com o ambiente escolar, apesar de, às vezes, ser difícil realizar algumas atividades.” Por conta da deficiência, o jovem se sentia ocioso em algumas aulas no ensino médio, o que não acontece no modelo on-line, segundo ele.

“Nunca gostei de ficar parado, por isso entrei em diversos cursos até me deparar com a robótica, que me fez ficar apaixonado pela tecnologia”, revela. Para o jovem, a deficiência não é uma limitação para atingir seus objetivos e sonhos. Além do esporte, que pratica pela manhã no Centro Olímpico e Paralímpico de Planaltina-DF, Diolindo também ama assistir a jogos de futebol na TV e se diz “fanático” pelo Corinthians.

Para o atleta, que coleciona o título de campeão das paralimpíadas escolares, bicampeão de bocha no Distrito Federal e vice-campeão da copa de jovens, também convocado para treinar com a Seleção Brasileira Sub-17, ainda falta assistência às pessoas com deficiências nas redes de ensino. “Os professores deveriam ser melhor preparados para receber as pessoas nessas condições ou com qualquer outra deficiência” reflete ele, que estudou a vida inteira em escolas públicas.

Essa é uma história de sonhos, lutas diárias e uma vontade incessante de vencer. Ele nunca andou, tem grande dificulfade com os braços e mãos, mas aprendeu a voar. E tem voado cada dia mais alto.

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