Eu, Estudante

Opinião

Sem universidade não há futuro e ela se constrói com o orçamento

Além de necessário para garantir a formação de milhares de estudantes atualmente, garantir o orçamento para universidades é necessário para projetar o futuro do país

A Lei Orçamentária de 2024 para as universidades federais já era considerada muito aquém do necessário pela Associação de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), e o corte de R$ 4 bi anunciados para educação, saúde e outras áreas só agrava uma situação já precária e atinge desde despesas básicas, como água, luz, limpeza e vigilância, até a garantia de bolsas e auxílios aos estudantes de todo o país.

Mesmo retomando o diálogo com o governo, as respostas são insuficientes às demandas e melhorias das situações de sufocamento nas universidades federais e a qualidade no ensino superior privado. Superar desafios exige uma universidade a “pleno pulmões”, para a produção de ciência, tecnologia e inovação.
Para acompanhar os debates atuais como por exemplo, a transição energética e tendo as universidades no centro da formulação de respostas à crise climática, sem um orçamento adequado nas instituições,nos manteremos atolados nessa crise e sem possibilidade de encontrar saídas.

Quando colocamos em debate a necessidade de uma uma reforma universitária, tratamos, obviamente, também das necessidade em infraestrutura, com mais laboratórios, insumos e mão de obra, mas, essencialmente de uma mudança quanto ao lugar estratégico que as instituições de ensino têm para o impulsionamento do desenvolvimento social e tecnológico do país.

O investimento nas universidades não é apenas uma medida de curto prazo, mas sim um compromisso com o futuro e o desenvolvimento sustentável do país. As instituições de ensino superior desempenham um papel crucial na formação de profissionais altamente qualificados, capazes de impulsionar a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. São nas universidades que se desenvolvem soluções para os desafios contemporâneos, seja na área da saúde, da energia, do meio ambiente ou da economia.

Além disso, as universidades são centros de produção de conhecimento e disseminação de cultura, contribuindo para a construção de uma sociedade mais crítica, inclusiva e democrática. É desse ponto que a UNE tem organizado sua caravana, com objetivo de amplificar a riqueza que existe nas universidade e abrir caminhos para uma reforma universitária, que coloque as instituições de ensino no centro do desenvolvimento social, cultural e científico.

A UNE deu início a mais uma Caravana que percorre universidades de todo o país. Esse é um de seus projetos mais tradicionais que ocorrem desde a fundação da entidade, em 1937, e em diferentes momentos da história. Em 2024 é a sétima vez que acontece e dessa vez percorrerá ao todo dez estados.
Estamos mapeando projetos, fomentando e divulgando a produção artística e científica dos estudantes, debatendo as universidades, caminhos para o fortalecimento das instituições de ensino e também conjuntura, a Caravana da UNE de 2024, que já passou pelo Rio Grande do Sul, e chega a São Paulo nesta semana, tem um dos seus principais motes, debater saídas para recompor o orçamento e garantir mais investimentos nas Universidades Federais.

Ouvir diferentes estudantes, em diferentes regiões, nos permite ter um retrato aprofundado da realidade estudantil brasileira. A Caravana nos dá a sustentação para um plano estratégico para enfrentar os desafios atuais, maior investimento e autonomia financeira para as universidades, retomada de obras, combate à evasão e de uma política efetiva de assistência estudantil, com a transformação o PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil) em lei, além do cumprimento da destinação de 10% do PIB para a educação e a valorização de docentes e técnicos, conforme determina o PNE em vigência.

Em meio à Caravana, temos um importante desafio de construir a universidade dos nossos sonhos, e nelas não cabem austeridade e cortes. Para as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), já operando com recursos insuficientes, essa redução no orçamento é um golpe devastador.

Por Manuella Mirella, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes)