Quero sair do emprego. E agora?

Correio Braziliense
postado em 17/10/2020 00:26

Pedir desligamento de uma empresa onde você trabalha há meses ou anos não é fácil. Se não agir bem, o profissional pode destruir a reputação construída. Quando a decisão é motivada por descontentamento com o serviço, é importante refletir se a insatisfação é passageira ou se, de fato, é hora de encerrar o ciclo. “Tomar uma atitude precipitada pode prejudicar o futuro da carreira”, alerta Flávia Alencastro.

Em tempos de crise sanitária, a pressão do isolamento social ou, em alguns casos, o aumento do peso do trabalho remoto ou presencial pode interferir na decisão. “A pandemia foi vivenciada em diferentes intensidades por cada um. Presenciei pessoas pedindo desligamento por isso”, conta Lúcia Santos, da Adecco.

Se, depois de fazer uma autoavaliação, você optar por pedir desligamento, é importante tomar cuidados para não “se queimar”. Lembre-se de que outros recrutadores podem pedir recomendação para a empresa da qual você está se desligando. Em primeiro lugar, é importante comunicar a demissão com antecedência.

Legalmente, o funcionário precisa cumprir aviso prévio de 30 dias antes de sair. No entanto, de acordo com Flávio Pestana, CEO da Odgers Berndtson, esse tempo, na maioria das vezes, é “ruim” para todas as partes envolvidas. “A organização não quer ficar trabalhando 30 dias com uma pessoa que deseja ir embora; o funcionário que vai embora também não quer ficar lá sabendo que já arrumou outro emprego; o novo empregador, por sua vez, não quer esperar 30 dias para o novo profissional começar.”

Por isso, de acordo com o CEO, o ideal é que empregador e empregado negociem o melhor prazo. “É importante que o profissional se mostre disposto a ajudar nessa transição e estabeleça um tempo adequado para a saída, de forma que a empresa não se prejudique”, aconselha. “O profissional precisa ter ciência de qual é a importância dele na organização, em quais tarefas está envolvido e tomar cuidado para que a empresa não tenha um processo de descontinuidade em relação a algum projeto importante porque o funcionário resolveu que precisa sair no dia seguinte”, acrescenta.

"Tive que escolher entre dois empregos"

 (crédito: Arquivo pessoal)
crédito: Arquivo pessoal


O arquiteto Bruno Tobias, 25 anos, foi aprovado em dois processos seletivos para trainee, paralelamente. Para fazer a escolha, ele levou em consideração a cultura organizacional e os valores de cada empresa e escolheu a que mais tinha a ver com seu perfil. “Assim que eu soube que havia passado na seleção de outra companhia, comecei a pensar em como tomar essa decisão e como seria dar a notícia negativa a um dos recrutadores”, relembra. Como durante o processo de recrutamento o contato foi feito por e-mail, ele decidiu formalizar a negativa da mesma forma.

“Em se tratando de comunicação profissional, não vejo método melhor do que utilizar o e-mail”, justifica. Ele pondera, no entanto, que poderia ter ligado para o recrutador. “Um bate-papo por telefone seria uma boa opção, até mesmo para que eu pudesse trocar feedback com ele.” Bruno conta que se preocupou em dar a notícia o quanto antes, pois reconhece que o tempo do headhunter é valioso. “Sei como é trabalhoso o processo de admissão e queria conceder minha vaga para outro participante o mais rápido possível. Por isso, avisei três semanas antes do início do trabalho”, afirma.

Na opinião dele, a honestidade é fundamental nesses processos. “Eu avisei que estava participando de outras seleções em paralelo e que havia passado em uma empresa que tinha mais a ver comigo”, relata. “Infelizmente, a empresa e o candidato estão sujeitos a negativas. O ideal, nesses casos, é que haja empatia e transparência de ambas as partes

 

 

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