Conheça a mulher negra que lidera a estratégia de laboratório

Da roça para a gestão, Juliana Paranaguá se tornou responsável por uma equipe de seis pessoas e lida diretamente com todos os gestores da companhia

Ana Paula Lisboa
postado em 29/11/2020 14:27 / atualizado em 30/11/2020 18:06
"Sempre fui uma líder que veste a camisa, acredita no que faz e entrega não só o que me pedem, mas o que é necessário para ajudar a empresa a crescer" Juliana Paranaguá, supervisora de estratégia do Sabin - (crédito: Sabin/Divulgação)

Juliana Paranaguá, 43 anos, é supervisora da área de Estratégia Corporativa do Sabin Medicina Diagnóstica há um ano. É responsável por uma equipe de seis pessoas em Brasília, mas lida diretamente com todos os gestores regionais da companhia.

A pedagoga trabalha no Sabin desde 2012, mas a carreira envolvendo estratégia e qualidade é mais longa. O cargo atual é o primeiro de chefia registrado na carteira. No entanto, ela sempre exerceu a habilidade de liderança. “Foram 17 anos entregando como uma líder”, descreve

“Sempre fui uma líder que veste a camisa, acredita no que faz e entrega não só o que me pedem, mas o que é necessário para ajudar a empresa a crescer.” Outra lição é a simplicidade. “Eu vim de uma família humilde e sempre tive senso de respeito, de justiça com todos”, diz. “Tem gente que, pelo conhecimento adquirido, não quer executar determinadas tarefas e pensa: isso é muito pequeno para mim”, comenta.

“Mas ninguém tira o conhecimento do ser humano e aquele ‘pequeno’ pode nos dar muita lição que nos servirá lá na frente no momento de galgar cargos de liderança”, ensina. No mercado de trabalho, Juliana sempre se sentiu respeitada. “Graças a Deus, nunca passei por racismo.”



Da roça para a gestão

Juliana cresceu no vilarejo de Arraial da Pedra, no distrito de Santo Amaro (BA). Viveu na “roça” até os 9 anos, quando a mãe, uma professora, e o pai, um motorista autônomo de Kombi, a mandaram para Salvador. “A partir da 3ª série, fui morar e estudar num colégio interno”, conta.

“Eu entendo a importância disso, mas sofri muito. Ser criada na roça, no seio da sua família, com toda a liberdade e, de repente, se ver num colégio interno com muitas regras e horários foi difícil”, rememora. “Minha mãe queria dar uma realidade diferente para a gente, uma melhor educação”, explica.

Os dois irmãos de Juliana também foram estudar em Salvador e, hoje, moram em Brasília. Depois de concluir o colégio, Juliana voltou para Arraial da Pedra. “Não passei numa universidade pública e meus pais não tinham condições de bancar uma faculdade particular. Eu precisava trabalhar”, relata.

Juliana atuou num escritório de contabilidade até receber uma proposta para dar aula de matemática substituindo um amigo numa escola. Foi o primeiro contato com a área de didática, e ela se encantou. Depois que passou num concurso da prefeitura para a área administrativa, começou a faculdade de pedagogia em Candeias (BA), a cerca de 40km de distância. Na mesma época, teve o filho, hoje com 25 anos.

O primeiro contato com a área de gestão da qualidade começou quando Juliana passou no processo seletivo de uma fábrica de papel multinacional que se instalou na região. Juliana fez muitos cursos, sobre temas como auditoria interna e qualidade, que a ajudaram a se desenvolver.

Quando a fábrica encerrou as atividades na Bahia, ela voltou a trabalhar na prefeitura, pois tinha tirado licenças. Outra fábrica, de papelão, instalou-se na cidade, e Juliana foi chamada para implementar a área de qualidade da companhia. Depois desse desafio, o próximo foi se mudar para Brasília, a convite do irmão que tinha se transferido para a capital federal como concursado.

“A vida no Nordeste é mais sofrida, os salários são mais baixos. Então, ele me incentivou a vir”, explica. Cerca de um mês após a mudança, foi contratada pela Brasal, em 2010. Em 2012, ingressou no Sabin na área de qualidade. Depois, fez MBA na área de estratégia de negócios para resultados e migrou para a área de estratégia da companhia, criada em 2014.

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. (foto: Reprodução)

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