Mudou de carreira, de emprego, chegou a empreender, mas, mesmo assim, não sente que está no lugar certo? Talvez você não tenha encontrado o propósito para o qual você vive. Arnaldo Neto, autor do best-seller Vivendo de propósito, afirma que o propósito é a bússola para uma vida relevante, inclusive na área profissional.
“Há inúmeras definições de propósito, mas a mais assertiva, para mim, é quando falamos do girassol. Todo mundo sabe que ele gira na direção do Sol. Nem todos sabem que, quando há pouca luz solar, os girassóis giram um para o outro para compartilhar luz. O propósito é esse: direcionar nosso potencial para impactar outras pessoas e o mundo”, define.
Diferentemente do que se pode pensar, propósito não está ligado a uma carreira específica. “O trabalho é apenas o meio de exercer o propósito. Por exemplo, o meu objetivo é ajudar pessoas a encontrarem propósito, então eu poderia ser um psicólogo, um professor, um youtuber ou tudo junto”, exemplifica.
“Você pode mudar de emprego a vida inteira e continuará satisfeito se você estiver cumprindo o seu propósito”, complementa. Para encontrá-lo, é preciso olhar para dentro e observar o que você tem de habilidades e talentos que podem tocar outras pessoas de forma única.
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Nenhuma forma será tão eficaz quanto descobrir qual o maior desafio enfrentado por você. Para exemplificar, Arnaldo conta a história de Quíron, presente na mitologia grega, que pecou contra os deuses do Olimpo e foi punido com uma ferida na perna. Todo dia ele tentava se curar, mas, no outro dia, a ferida reaparecia.
“Um dia, um rapaz passou por ele com um ferimento idêntico. Quíron, que conhecia a ferida, o curou. Este moço trouxe mais pessoas e ele continuou a cura, tornando-se o maior curandeiro de onde morava. O que isso tem a ver com propósito? A sua dor representa o seu propósito. Você a teve para ajudar outros que ainda sofrem com ela”, explica.
O propósito é uma via de mão dupla: quando você o exerce, ajuda outros e você mesmo. “Quando você pensa no maior desafio pelo qual passou, vê como pode ajudar outras pessoas a saírem dele e começa a fazer isso, grande parte do sofrimento vai embora”, declara.
“Em contrapartida, ajuda outras pessoas a não sofrerem mais. Há muita gente aí fora esperando a sua ajuda, acredita? Exercer o propósito é ir ao encontro dele”, pontua. Uma vez que o propósito foi encontrado, há três formas de exercê-lo: mudar de caminho radicalmente, conciliá-lo com o lugar em que está agora ou ressignificar o local atual com o sentido do propósito.
“Qual é o melhor caminho? Eu não sei. Olhe para as suas possibilidades. No caso de mudar, o que implica deixar tudo o que foi feito até agora, você precisará ficar um tempo sem recursos financeiros, isso é possível para você? Já o caminho da conciliação leva tempo e o de ressignificar demanda coragem para inserir valor no que você faz”, lista.
Por fim, Arnaldo afirma que é possível descobrir propósitos diferentes antes de encontrar o propósito feito para você. “De toda forma, caminhar com propósitos é algo de valor. Se, lá na frente, você perceber que o propósito encontrado não é O propósito, no singular e com letra maiúscula, já vai ter impactado muitas pessoas”, reflete.
Arnaldo, administrador de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) com MBA em marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), conclama: “Olhe para a sua dor e comece com qualquer contribuição para ajudar pessoas que sentem o mesmo que você sente ou já sentiu. De um jeito ou de outro, comece!”.
Leia!
Vivendo de propósito: Descubra seu propósito em 10 passos simples e tome as decisões que vão mudar a sua vida
Autor: Arnaldo Neto
Editora: Mastermind
212 páginas
R$ 41,90 / R$ 9,81 versão para Kindle
Meta do ano: exercer a vocação
Fernanda Soares, 24 anos, sempre gostou de cozinhar e, no fim deste ano, após o tempo de reflexão que o isolamento social impôs, resolveu ceder à paixão que carrega desde a infância e viu o resultado: um bocado de coragem para mudar.
Em novembro, a mineira e estudante de jornalismo da Universidade de Brasília (UnB) decidiu trancar a graduação, iniciada em 2017, para ir atrás do sonho de ser chef de cozinha. “Durante a pandemia, vi que era impossível terminar o curso de jornalismo, porque não consigo me ver exercendo a profissão. O que eu quero é gastronomia para a vida toda”, conta.
Não é a primeira vez que Fernanda muda de curso. Logo após o ensino médio, em 2015, começou a estudar arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, em 2017, após a mudança da família para Brasília, ingressou em jornalismo na UnB.
Por esse motivo, lutou contra o desejo de mudança, mas percebeu que não conseguiria resistir por mais tempo. “Minha família me apoiou bastante, apesar de ser um choque até para mim desistir de um curso que está quase no fim em uma universidade excelente. Demorei para aceitar, mas é isso que quero para a vida”, declara.
Agora, Fernanda planeja os próximos passos, em 2021. “O primeiro é efetivar o trancamento do curso, depois, começar a estudar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), pois quero me graduar em gastronomia pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e fazer cursos livres que ensinam técnicas e pratos”, elenca.
Ela também pretende conquistar uma vaga em cozinhas de restaurantes de Brasília, para colocar em prática o que já sabe e o que vai aprender. No futuro, quer se tornar chef do próprio restaurante, mas ainda não sabe em qual ramo da gastronomia quer se especializar.
O combustível para deixar para trás o que construiu e conquistar o objetivo é a paixão pela profissão que almeja. “Tenho memórias afetivas muito fortes com a minha família em volta da mesa, a casa cheia e todos reunidos. Eu quero levar esse sentimento para todos, crescer na criação de pratos e exercer o que eu amo”, diz.
Cinco dicas para conseguir emprego em 2021
Se o objetivo é garantir uma recolocação no mercado de trabalho, o profissional deve adotar um planejamento para realizar uma busca efetiva de vagas. Para Wilma Dal Col, diretora de RH da consultoria de gestão de pessoas da ManpowerGroup Brasil, há cinco passos essenciais para garantir uma vaga. Confira:
Descubra os setores que estão contratando e veja se dá match com o que busca
“Quais setores estão contratando? Eles conversam com meus anseios profissionais? Essas são perguntas que devem ser feitas pelo candidato. É preciso monitorar o mercado, entender o mundo do trabalho, ficar antenado e ver as tendências”, aconselha Wilma. Em seguida, o candidato deve escolher a partir do que o faz mais feliz e do que encaixa com a carreira que busca. “Muita gente não pode escolher, porque precisa pagar as contas, por exemplo, mas tente sempre escolher o que você consegue trabalhar e que pode ensinar habilidades que podem abrir outras portas”, sugere.
Planeje-se antes de se candidatar
A busca efetiva não é feita apenas por se aplicar em vagas. “Não é sair por aí pedindo emprego e se cadastrando em vários sites. É preciso pesquisar as empresas com postos abertos, verificar se pode contribuir com a missão delas e, só se fizer sentido, se candidatar”, diz.
Prepare-se para a entrevista
“Mostrar conhecimento não só sobre a empresa, mas sobre o segmento em que ela atua mostra ao entrevistador que o candidato é informado e deseja contribuir efetivamente. Não vá a uma entrevista sem fazer uma pesquisa profunda”, alerta Wilma. Se a entrevista for feita por videochamada, como é a tendência durante o isolamento social, é importante também deixar tudo pronto para não ocorrer problemas na conexão.
“Certifique-se de que está com uma boa rede de internet. Se estiver vacilando, já tenha um plano B, que é falar para o entrevistador sobre a inconsistência na conexão e pedir para ele ligar no seu celular caso a chamada caia. Isso mostrará a ele que você se planeja e está comprometido em dar o melhor, mesmo a distância. É isso que ele quer ver”, afirma.
Invista em habilidades socioemocionais
“A pandemia acelerou um processo de conscientização que o setor de recursos humanos previa há anos: todo profissional precisa ter competências emocionais, assim como as técnicas”, explica Wilma. Habilidades de trabalhar em equipe, flexibilidade de pensamento, no sentido de entender que precisa aprender sempre, e empatia para entender outras culturas são algumas delas.
Seja confiante
Quando você busca um emprego, não está indo pedir um meio de sobreviver, por mais que você necessite dele. Você também pode acrescentar à empresa valores, é uma troca. “Procurar emprego é entender que você vai oferecer suas habilidades e competências para contribuir, da melhor forma, com o crescimento da empresa e conseguir uma boa remuneração por isso. É uma pista de mão dupla. Entenda que você tem valor para o mercado de trabalho”, indica Wilma.
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa